Uma clássica história de amor ambientada na Nova York dos anos 1950. É assim que podemos resumir “Amor, Sublime Amor“, filme que estreou nos cinemas brasileiros na última quinta-feira (09). Adaptação do icônico musical da Broadway, o longa possui cenas grandiosas, coreografias elaboradas e paisagens de tirar o fôlego. Saber como tudo foi feito pode parecer complicado, mas quando o diretor Steven Spielberg revela os bastidores da produção, tudo fica mais fácil!
Durante uma coletiva de imprensa virtual, o cineasta abordou diversos assuntos, começando pelo falecimento do compositor Stephen Sondheim, responsável por todas as letras do musical. “Stephen estava muito envolvido. Ele teve ideias, e Tony [Kushner] teve um diálogo aberto com Stephen durante o processo de ir de um rascunho para o outro“, revelou Spielberg.
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“Mas onde Stephen ficou muito, muito envolvido, que foi o melhor lugar para o envolvimento dele, foi quando fizemos todos as pré-gravações com todos os artistas vocais“, pontuou o cineasta. “E Stephen ficou lá por três semanas, cinco dias por semana, todos os dias sentado ao meu lado no estúdio de gravação“, acrescentou.
Em entrevistas anteriores, Steven Spielberg revelou que sabia de cor todas as letras do musical quando era criança, já que a obra debutou nos palcos em 1957 (quando ele tinha 10 anos de idade). Ao ser questionado se havia, em algum momento durantes as filmagens, se juntado ao elenco para cantar de dançar, ele disse: “Eu pulei da cadeira e cantei e dancei com o elenco, cantando desafinado e dançando como se tivesse três pés esquerdos, durante os ensaios.”
“Fizemos quatro meses e meio de ensaios intensivos, tanto na cidade, no Lincoln Center, quanto no Brooklyn, em um lugar chamado Dumbo. E foi então que consegui realmente pular da cadeira e, você sabe, Rita [Moreno] também estava lá. E Rita estava dançando com o elenco. Nós fomos tão influenciados e compelidos a nos levantarmos porque era tanta vida no ar, no ar da música e da dança; e esse coreógrafo genial, Justin Peck, adquirindo um tipo de estilo de dança musculoso, com todos os dançarinos e dançarinas. Mas quando fiz o filme, não. Eu estava apenas atento“, relembrou o diretor.
“America” e o dia mais quente de Nova York
Um dos números musicais mais icônicos de todo o filme é, sem sombra de dúvidas, o de “America“. Gravada nas ruas de Nova York, e não dentro de um set à portas fechadas, a cena é vibrante e dinâmica. Porém, apesar do resultado lindo na telona, gravar a sequência não foi tarefa fácil, já que NY enfrentava uma onda de calor fortíssima!
“Só podíamos fechar as ruas do Harlem no sábado e no domingo. Então, nós decolamos quinta e sexta, trabalhamos sábado e domingo. No sábado, o índice de calor era de 38º. A temperatura real era de cerca de 35º. E eles estavam fazendo América, estavam fazendo a parte da dança, a parte não vocal, apenas a dança. E demorou muito para filmar. Houve muita cobertura, muitas tomadas“, explicou.
“As crianças trabalhavam tanto que suavam pelas fantasias. Através da magia da tecnologia digital, fomos capazes de tirar o suor. Você nunca vê suor debaixo dos braços de ninguém“, contou Spielberg.
O cineasta continuou dizendo que a previsão do tempo para o domingo era de calor superior ao de sábado, e que para evitar que o elenco sofresse sob o sol quente, decidiu cancelar as filmagens e arcar com os custos com dinheiro do próprio bolso! “Não vamos cobrar da Disney Fox Company por isso, porque vou cancelar um dia de filmagem, porque não vou deixar meus dançarinos passarem por isso de novo“, argumentou.
Posteriormente, o diretor remarcou a diária e, felizmente, o clima estava mais fresco quando as filmagens da cena foram finalizadas.
Tela verde e muito CGI? Aqui não!
Além do suor dos atores e dançarinos, que foi removido digitalmente, Steven disse que pouca computação gráfica foi utilizada na pós-produção de “Amor, Sublime Amor“. “A única coisa que fizemos no computador foi ter uma extensão definida da cena de abertura. Na verdade, construímos cinco blocos das ruínas do lado oeste. Mas no fundo distante, adicionamos tudo isso ao Rio Hudson.”
“A única outra coisa que fizemos neste filme digitalmente, foi tirar aparelhos de ar condicionado. E retiramos barras de segurança nas janelas, porque hoje, Nova York tem barras de segurança acima do segundo andar, e tivemos que remover algumas delas. Todo o resto é autêntico para o período.“, confessou.
Spielberg aproveitou a arquitetura da cidade que, segundo ele, continua muito parecida com a de décadas anteriores em determinadas regiões e bairros. Aliás, ele considera Nova York um personagem a parte!
Sensação de trabalho feito
Mesmo ciente de que poderiam haver comparações com a primeira adaptação cinematográfica do musical, que chegou aos cinemas em 1961, Steven Spielberg não se intimidou e trabalhou arduamente para que cada cena do remake ficasse perfeita. “Cada cena tem um papel essencial a desempenhar, basicamente desenrolando a história“, pontuou.
De fato, cada elemento na tela está ali por alguma razão, contribuindo para uma trama que, além do romance, fala de identidade, raça, preconceito, sonhos, oportunidades e vida. Uma obra que deve perdurar por anos a fio.