Margarida Bonetti, foragida do FBI e conhecida como “A Mulher da Casa Abandonada”, se tornou um dos assuntos mais comentados do momento no Brasil. Investigada pelo jornalista Chico Felitti em podcast da Folha de S. Paulo, ela vive em uma mansão decadente em Higienópolis, bairro nobre de São Paulo. Todo mundo sabe onde ela está (a casa virou até ponto turístico na semana passada), mas ninguém pode prende-la.
Ela e o marido Renê Bonetti foram acusados de explorar por 20 anos, agredir e negar auxílio médico a uma empregada doméstica que levaram do Brasil para os Estados Unidos. A vítima vivia em situação análoga à escravidão: seu passaporte ficou retido com os patrões e ela nunca recebeu sequer um salário.
Logo que a denúncia foi feita, Margarida fugiu para o Brasil e nunca mais voltou aos Estados Unidos. O marido, Renê, que já havia se naturalizado norte-americano, teve que enfrentar o processo judicial. Ele foi condenado à prisão e teve que pagar indenização, mas hoje em dia vive normalmente como se nada tivesse acontecido. Tudo isso está no podcast.
(Foto: Spotify)
Por que “A Mulher da Casa Abandonada” não pode ser presa?
Margarida Bonetti, no entanto, nunca se naturalizou norte-americana. Ela manteve seus documentos de brasileira. Quando a vítima fez a denúncia, Margarida fingiu que precisava voltar ao Brasil para um enterro e foi morar com a mãe (a mesma que havia “dado a empregada de presente” quando Margarida se mudou para os Estados Unidos)… na mansão de Higienópolis. Está lá até hoje.
O FBI não pode prender Margarida no Brasil, porque só as autoridades brasileiras têm jurisdição para executar a lei penal no país. Caso o FBI a prendesse, estaria violando a soberania brasileira. Como ela não se tornou norte-americana, não pode ser extradita para responder pelo crime nos Estados Unidos. No Brasil, ela não foi denunciada e não+ é investigada.