Gloria Groove lançou seu EP “Alegoria” nesta terça (12/11) sabendo que vai ser difícil emplacar qualquer uma das músicas nas rádios. Em entrevista ao POPline, a cantora disse que as estações têm muita resistência para tocar música feita por drag queen. “A luta das drag queens para entrar nas rádios ainda é real”, comentou ao ser questionada sobre o assunto, “as rádios são o lugar mais inóspito para divulgar nosso trabalho. É um meio que parece que está cercado por dinossauros da cultura, que simplesmente não querem entender que as drag queens representam o futuro do que a gente está falando, entendeu?”.
A drag queen lembra que, quando lançou “Coisa Boa” de olho no Carnaval, enfrentou muitas barreiras nas rádios. “Eu ouvi que a música era rápida demais: ‘não tem como diminuir o ritmo?’. De um funk 150bpm! É um dos motivos mais absurdos possíveis para denotar que ‘aqui, drag não entra’. A gente tem essa perspectiva da rádio porque realmente é um lugar em que a gente bate, bate, bate e para ter algum tipo de atenção só mesmo em alguma situação muito específica”, declarou. Não importava que o single era um sucesso na Internet (o clipe acumula 46 milhões de acessos).
Recentemente, o produtor Rodrigo Gorky, parceiro de Pabllo Vittar, desabafou sobre o assunto no Twitter. “Como eu gostaria que Pabllo não sofresse preconceito pelas rádios e como eu gostaria que os fãs entendessem isso de uma vez por todas, que não adiante nem com jabá”, escreveu. Desde o início do ano, o POPline mostra como a drag queen é boicotada por estações de rádio. Não importa que os ouvintes liguem e mandem mensagens pedindo suas músicas. Simplesmente não tocam. Um caso recente aconteceu em setembro, quando o locutor Emerson Antunes, da Panorama 100.1 FM, de Itapejara D’Oeste, no Paraná, disse no ar que “Pabllo Vittar não vai rolar não, hein. Pabllo Vittar não adianta pedir, porque eu não vou tocar. Nada contra o cantor, em hipótese alguma, mas a questão é que ela vozinha dele não fechou”.
Gloria Groove já está na vanguarda. Ela reconhece que, ainda com o boicote e a discriminação, ela desfruta de uma posição de privilégio no mundo da música por ser “m homem gay de peruca”. Travestis enfrentam barreiras de entrada ainda mais rígidas. Por conta disso, ela convidou a cantora Monna Brutal para a música “Magenta Ca$h” – uma maneira de usar sua popularidade para abrir o caminho também para artistas trans.