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A evolução de Luísa Sonza como artista pop: “sou todas as Luísas que eu quiser ser”


(Foto: Ernna Costa)

Luísa Gerloff Sonza, menina do interior do Rio Grande do Sul que começou a cantar em uma banda aos sete anos.

Luísa Sonza, cantora pop com 13 milhões de seguidores no Instagram que acaba de lançar seu primeiro álbum, “Pandora”.

O caminho que separa a primeira da segunda frase desta matéria durou 13 anos – a maior parte dos quais longe da grande mídia. Luísa Sonza realmente contabiliza 13 anos de carreira, um atestado de sua batalha, mas só começou a chamar a atenção há poucos anos, com covers no Youtube. Virou a “rainha dos covers” fazendo releituras de todo tipo de música – sertaneja, funk, pop, romântica – o que chamou a atenção de empresários e ela conseguiu um contrato com a Universal Music em 2017. Dois anos se passaram e “Pandora” está entre nós, com oito faixas que comprovam essa versatilidade.

– A capa do álbum, feito por Kim, um artista de Recife, mostra que eu não sou uma coisa só. – pontua a cantora, durante coletiva de imprensa realizada em São Paulo, na quinta (13/6) – Isso se estende e remete muito ao tipo de música que tem no álbum, bem diverso. Tem todos os bpms possíveis. Aqui tem a Luísa anjinha, mas também a Luísa diabinha, a Luísa dos covers, mas também a Luísa de “Boa Menina”, uma Luísa surpresa, a Luísa de “Devagarinho”… São várias Luísas. Isso é sobre mim, sobre a Luísa que se encontrou e entendeu que era várias Luísas, mas também sobre todo mundo. Todos nós somos mais de uma coisa.

(Foto: Leonardo Torres)

O autoconhecimento aproximou Luísa dos amantes de música pop. Os primeiros singles dela com a gravadora, “Good Vibes” e “Olhos Castanhos”, foram baladas românticas que pouco ultrapassaram o nicho do público que ela já tinha no Youtube. A guinada veio em 2018, quando entraram as coreografias e os singles dançantes “Rebolar” (certificada como ouro), “Devagarinho” (diamante) e “Boa Menina” (ouro). Luísa passou a trabalhar com a mesma galera que Anitta, Lexa e Pabllo Vittar, por exemplo.

No mesmo período, posicionamentos políticos de Luísa conquistaram admiradores, sobretudo entre LGBTs – um público alvo importante para qualquer cantora pop. Ciente disso, o primeiro single de “Pandora” é justamente uma parceria da cantora com a drag queen Pabllo Vittar.

– Ter Pabllo no álbum é essencial. – pontua Luísa – A gente vive coisas parecidas, mesmo a gente achando que não. É a mesma fonte de opressão. Obviamente me identifico e admiro ela. Tem alguém que seja mais liberta do que ela? Não tem. Ela é ela em todos os momentos. Ela não tem medo de ser ela. Eu tive medo de ser eu mesma muitas vezes. Eu me inspirei nela para me libertar também.

A coragem para se expor marcou a evolução pública de Luísa Sonza, cada vez mais empoderada e interessante no palco. Ela não gosta de pensar que “mudou” de estilo.

– Eu só comecei a ter coragem de cada vez mostrar um pouco mais de mim. Não é que não sou mais aquela pessoa [dos covers de “Good Vibes”]. Claro, eu evoluí como artista. Busquei isso, óbvio. Continuo buscando. Isso aqui não é o final. É o começo, o primeiro álbum. Eu não acredito que seja outra pessoa agora. Eu simplesmente mostrei mais facetas com relação a mim.

Preparando a turnê de “Pandora”, que estreia em 17 de julho no Audio Club, em São Paulo, ela adianta que os fãs podem criar expectativas altas. Serão 30 dias exclusivamente dedicados aos ensaios. Ela quer entregar um show de uma verdadeira cantora pop, com tudo que tem direito. Terá músicas dançantes mas também seu lado romântico e dramático.

– No Brasil, a gente tem essa ideia de que cantora pop faz música para pista. Eu sempre tive isso na cabeça: por que tem que ser só música para pista? Beyoncé faz um monte de música lenta, por que a gente não vai fazer? A Rihanna faz, por que a gente não vai fazer? Isso é mais uma coisa que coloco para sair fora da caixa. Por que não posso fazer uma música lenta em algum momento e depois uma música para pista, farofa? É isso que quero ajudar a criar: a diversidade de não ter medo de fazer várias coisas ao mesmo tempo, de se arriscar, de ser você mesma. Eu sou todas as Luísas que eu quiser ser.