O cantor Zé Ibarra lançou ontem (25) nas principais plataformas digitais, através do selo Coala Records, o projeto musical “Marquês, 256.“. Prólogo do primeiro álbum solo em estúdio do artista, previsto para o início de 2024, o trabalho é feito de material fonográfico e visual de versões mais orgânicas de canções que marcaram sua vida pessoal e carreira. Gravado nas escadarias do Edifício Marquês de São Vicente, nº 256, bairro da Gávea, no Rio de Janeiro; e que também foi cenário para suas lives durante a pandemia, o projeto tem oito faixas disponíveis nos tocadores de áudio, e ainda se desdobra em um material audiovisual no YouTube.
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“O prédio virou um objeto fantástico na minha vida. Sabe aquele lugar em que você conhece cada milímetro e é apaixonado por cada milímetro? Sei cada portinha, cada escada, cada planta. Até hoje, quando me apaixono por uma canção e quero cantá-la, é para lá que volto, para ouvir o som que reverbera naqueles corredores. É quase como extensão do meu corpo, faz parte de mim. Parece engraçado dizer algo assim, mas na verdade é uma sorte que dei. Talvez se não tivesse tido contato com uma acústica maravilhosa desde pequeno, não teria entendido que música é das coisas mais sensíveis e milagrosas que há”, explica Zé Ibarra.
Na escolha das faixas para o projeto, o cantor revistou histórias de encontros e inspirações musicais – veio daí, por exemplo, a inclusão de “San Vicente”, composição de Milton Nascimento e Fernando Brant. “Essa sempre foi a minha predileta do Clube da Esquina, desde quando descobri o álbum, aos 11 anos. Tem uma solenidade na melodia, uma beleza no arranjo que sempre, toda vez que ouço, me emocionam”, diz Zé. Depois de ter saído em turnê com Milton e de ter apresentado a ele um áudio com a música gravada despretensiosamente nas escadarias do prédio, ele a vê como uma “instituição” que se constrói dentro de si. “Não podia deixar de colocar ela no disco. E ela agora vai sair de um áudio na escada para ser entregue ao mundo”, analisa.
Entre as regravações, estão: “Vou-me embora”, canção de Paulo Diniz em parceria com Roberto José; “Dó a dó”, uma composição de amor, no piano, de Dora Morelenbaum e Tom Veloso; “Hello”, em que a letra de Sophia Chablau se apoia na metalinguagem para brincar com palavras em inglês e em português; “Olho d’água”, de Waly Salomão e Caetano Veloso, registrada por Maria Bethânia e “Vai atrás da vida que ela te espera”, de Guilherme Lamounier e gravada por Zé Ibarra anteriormente. O projeto ainda inclui a inédita “Como eu queria voltar”, escrita pelo artista ao lado de Tom Veloso e Lucas Nunes, e “Itamonte”, mais uma autoral do cantor.
A profundidade do projeto também está na estética do conteúdo audiovisual. Criado pela produtora Cosmo, o vídeo de pouco mais de 20 minutos alinhava as músicas passando pelos detalhes do prédio, mostrando Zé convidando o público a assistir a um cenário cotidiano e, ao mesmo tempo, recriado com a interferência da arte. “O prédio é vivo e direto. Muitas vezes, quando começava a tocar, os moradores do prédio abriam suas portas ou até mesmo subiam uns degraus para acompanhar o som. Só aí já tem um quê de ‘chega mais’, que amo, ainda mais nesse mundo de espaços tão delimitados. Então, no vídeo, quis olhar para a câmera quase como um convite, do tipo: ‘Venha aqui’, ‘Chega mais perto’”, diz o cantor.