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Você pagaria pra assistir um show online? (Pós-pandemia)

Sergio Jr. é integrante do grupo Sorriso Maroto, Músico, Compositor e Produtor Musical, com 22 anos de atuação no mercado fonográfico. Bacharel em Direito, Criador e Diretor Artístico da "Artesanal Digital" (Editora/Selo/Produtora).
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A Pandemia do novo coronavírus, e o isolamento social como medida adotada para reduzir a curva de contágio e dar tempo pra que os sistemas de saúde pudessem se preparar pra atender a demanda causada pelo vírus, provocou uma série de mudanças de hábitos em todo o mundo. Uma das primeiras ações executadas foram o adiamento, ou cancelamento de diversos eventos, musicais ou não, mas que reuniriam grande quantidade de pessoas no mesmo local.

As lives realizadas pelos artistas, via de regra, se tornaram mais constantes e presentes na vidas das pessoas. E trouxeram consigo uma serie de novidades, certezas e dúvidas.

Fato é que o mundo da musica e do show business não será mais o mesmo, pós pandemia. Muito tem se discutido no Brasil à respeito. Muito se fala sobre a continuidade das lives ou não, sobre pagar ou não, sobre a experiência de vivê-las.

Pois bem, vamos analisar as lives sob 4 (quatro) aspectos distintos:

Live sob a ótica negocial: Os artistas e seus escritórios puderam fazer negociações diretas com patrocinadores e incentivadores financeiros pra investir nesse novo formato de “show” (uma pratica que não era muito comum na música);

Live sob a ótica social: Através das lives está ocorrendo um movimento nacional de doações das mais diversas formas pra pessoas físicas e entidades. Ações com uma importância imensurável pra vida de milhares de pessoas no país e até fora dele;

Live sob a ótica dos direitos autorais: Quando me refiro à direitos autorais, não me refiro apenas ao direito do compositor, mas todos os direitos ligados àquela transmissão.Tudo é muito novo e foi muito rápido. Acaba sendo um “negócio novo”. E muito há de se ajustar quanto a isso. Como exemplo, podemos trazer pontos que precisam ser resolvidos, como: direitos dos autores; direito dos detentores dos fonogramas; direito sobre o novo fonograma gerado naquela live; direitos de execução publica.

A saber, temos: Como fica a remuneração autoral de uma live “patrocinada”? Faz-se a conta a partir da receita bruta dos anúncios? Ou faz-se o cálculo sobre o anunciante exibido na hora em que a obra que está sendo executada? Faz-se o calculo com valor fixo, padrão pra todos? Como faremos pra não sermos injustos com os detentores de direitos e não ser uma carga a quem está trabalhando pra que aquela “live” aconteça?

Live sob a ótica de comportamento: Sem prejuízo dos demais tópicos, eu vou me ater a esse. Aqui a gente foca no coração da questão. As lives realizadas têm sido um afago! Um alívio ao coração das pessoas. Todas as artes, sejam música, cinema, séries, lives religiosas e/ou de sarais e poesias, exercem função de saúde publica nesse momento. Aqui no Brasil, a popularidade das lives tem dividido opiniões sobre a cobrança ou não das mesmas.

*Me permita trazer um ponto ao assunto: Existe a plataforma “Stageit”. Ela é uma plataforma de exibição e venda de ingressos pra shows online. Aqui no Brasil ja existem algumas dezenas surgindo nesse sentido.

Voltando à questão do show online. Durante o isolamento social, em que as pessoas não tem como sair de casa e estão proibidas as aglomerações, ele tem sido a única opção pra assistir a um show.

Mas, vamos pensar no futuro? Vamos imaginar que a pandemia acabou! Chegou a cura! O Mundo voltou ao normal!!! (Tudo que desejamos, não é mesmo?!)

Minha pergunta é: nesse cenário, pós pandemia, você gostaria de assistir a shows online ou lives? Você pagaria pra assistir a um show online ou a uma “live”?

Enquanto você pensa na resposta, eu trazer alguns dados pra facilitar ou dificultar a sua resposta, rs. À saber:

Assistir a um show ao vivo é completamente diferente de assistir um show online;

  1. A) Estar num evento, numa casa de shows, cantando junto e vibrando na mesma energia que o artista e as pessoas que estão lá, são experiências maravilhosas! É o que nos faz querer “ïr à um show”;
  1. B) Assistir a um show online ou uma “live” têm outros ingredientes diferentes.

Por exemplo: 

  • O show pode ser intimista e com possibilidades de interação entre o artista e seu público;
  • Podem ser oferecidas experiências de bastidores, no pré e pós-show;
  • Pode ser oferecida a compra de ingressos pra assistir online a um show que o artista esteja fazendo ao vivo em outro estado, ou cidade, ou país.

Além de todas essas experiências proporcionadas pelo artista que vai lhe oferecer esse “produto”, existe a sua experiência pra consumí-lo. Sim!  A sua forma de assistir a esse show é o grande barato. Você pode ver em casa, ou do jeito que quiser:

  • Talvez, possa ir assistir com amigos;
  • Possa fazer um churrasco;
  • “Open house”;
  • Possa presentear alguém com um ingresso pra assistir àquele show online, por que não?!
  • Possa marcar com a pessoa amada e curtir a dois num lugar especial…

Nesse período de quarentena, aposto que você ja ouviu ou disse as frases:

“Hoje tem live de quem?”
“Vamos fazer pipoca pra assistir?”
“Essa live merece uma cerveja e um petisco!”
“Tomara que fulano toque só os sucessos!”
“Essa live não perco por nada!”

E durante a live, a gente canta, ri, posta trechos, avisa aos outros e curte os memes…

Temos que ter em mente que pagar ingresso pra assistir a um show ao vivo e comprar um ingresso pra assistir a show online, são duas experiências distintas e as duas têm seu valor.

E quanto vai se cobrar ou pagar por isso? Ao meu ver, deve ser pesado da mesma forma que pesamos se alugamos esse ou àquele filme, ou pagamos àquele jogo, ou evento, ou àquela luta  no pay per view, por exemplo.

Antes de jogar pedra na possibilidade de cobrança de ingresso pra assistir um show online ou uma live, leve em consideração, que além de toda a experiência que eu elenquei anteriormente, ainda há um custo elevadíssimo pra se fazer uma live de qualidade.

Fazer uma transmissão ao vivo de médio porte, pra ser exibida é algo caro, Senhoras e Senhores.

Precisa-se de um excelente broadcast*, com pelo menos 3 câmeras, mesa de corte, sistema de áudio e de monitoração, mandadas pro ar, internet dedicada, e no mínimo mais uma em stand-by, pra que não haja queda da transmissão. Recomenda-se que tenha um gerador de energia, pra não estarmos sujeitos à oscilações ou de queda de energia durante a transmissão. Iluminacão, cenografia, pagamento de músicos, roadies, carregadoes, contra-regras, unidades de transmissão de áudio/vídeo, etc.

*Broadcast é um termo que vem do inglês e significa transmitir.

É o processo pelo qual se transmite ou difunde determinada informação para muitos receptores ao mesmo tempo. É formado por duas palavras distintas: broad, que significa largo ou em larga escala, e cast, que significa enviar, projetar, transmitir.

broadcast é responsável pela transmissão de qualquer tipo de mídia. Pode ser via ondas de rádio, satélite, cabos, fibras ópticas, linhas telefônicas etc. Na internet, fazer broadcast é fazer essa transmissão — geralmente, de vídeos e músicas.

Detalhes técnicos, pra levar o melhor entretenimento e a melhor experiência ao seu telespectador e/ou internauta e/ou fã, e a quem mais assistir.

O restante é curtir! A mágica está na sinergia única entre artista e publico, seja ele qual for e esteja onde estiver!

Por hora, temos as lives de forma gratuita ao telespectador. Por isso que quero deixar aqui registrado o agradecimento à todas as empresas que tem patrocinado as lives e tem feito doações nesse momento; deixo meu agradecimento aos artistas (de todas as artes) que tem feito o seu melhor pra levar conforto e entretenimento e arte e reflexão e amor as pessoas e parabenizar ao povo brasileiro que doa, que se engaja, que se solidariza e torna possível que essa corrente de amor se fortaleça. Vamos vencer juntos, mesmo que pra isso tenhamos que estar separados.

Voltando a pergunta que fiz lá em cima: E aí? Você pagaria pra assistir a show online? Compliquei ou ajudei? Não precisa me responder agora. É pra refletir mesmo. Pra gente ver as coisas sob diferentes óticas…

Em uma coisa, eu sei que a gente concorda: o mundo não mais será o mesmo pós pandemia. Esperamos que ele seja melhor. E se olharmos com bons olhos, já está diferente.

Fique bem! Dias melhores virão!

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Sergio Jr. é integrante do grupo Sorriso Maroto, Músico, Compositor e Produtor Musical, com 22 anos de atuação no mercado fonográfico. Bacharel em Direito, Criador e Diretor Artístico da “Artesanal Digital” (Editora/Selo/Produtora).

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