Quando o duo ANAVITÓRIA lançou o álbum COR, no finalzinho do ano passado, surgiu também a surpresa de nascer um disco todo ilustrado por vizualizers – um formato inovador que se aproxima, em partes, da experiência causada pelo formato de Canvas do Spotify, e que se diferencia do caminho comum do lançamento de clipes -, o que deu uma sacudida (positiva) no mercado da música mais tradicional.
Como o visualizer ainda é um formato pouco conhecido, naturalmente, muitos confundiram com clipes e tantos outros acharam se tratar de um álbum visual. Porém, a novidade mostrou que, além de criativas e talentosas, Ana Caetano e Vitória Falcão também estão antenadas com as tendências do mercado global e por isso arriscam em novos formatos.
Para entender melhor a inspiração da criação e trazer à tona a estratégia por trás do lançamento, o POPline.Biz é Mundo da Música bateu um papo com Felipe Simas, empresário da dupla e diretor geral do projeto, ao lado da dupla.
O empresário elucidou que, em suma, o visualizer é um registro visual em movimento que não necessariamente tem um arco narrativo ou takes diversos, como espera-se de um clipe tradicional. “Os primeiros visualizers surgiram com o Windows Media Player e se resumiam à cores e formas que se mexiam de maneira sincronizada enquanto a música tocava. O formato acabou evoluindo e ganhando diversos desdobramentos. Não tem muita regra. Cada um cria a sua própria receita”, revela Simas.
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Os vídeos trazem as cantoras em cenários minimalistas, em geral com planos únicos de filmagem e coreografias muito bem ensaiadas, o que deixa os visualizers orgânicos e sincrônicos com o ritmo da música – tal qual acontecia no começo do MP3 ao ouvir músicas pelo Media Player, como citou Simas.
“Criamos um visualizer para cada música do nosso álbum. Marzinha (Marcella Landeiro), nossa bailarina e coreógrafa, nos disse que teve uma nova percepção das canções depois de assistir. A gente também”, revelou a dupla em seu perfil oficial do Instagram.
Inspiração&Estratégia
Ao ver os conteúdos de COR, e relembrando o histórico das cantoras nos últimos anos, pode-se constatar que a dupla não tem uma estratégia comum de lançamento. “Quando lançamos “O Tempo é Agora” (segundo álbum das ANAVITÓRIA, de 2018) não tivemos nenhum clipe para promovê-lo, mas fizemos um filme com as músicas do disco fazendo parte da trilha sonora”, conta Simas.
O filme ‘Ana e Vitória’ ficou em cartaz em mais de 200 salas de cinema e estreou dois meses depois na Netflix e segue, até hoje, no catálogo da plataforma. Segundo o empresário, esta foi uma ferramenta de divulgação que acabou valendo por 1001 clipes.
Mesmo sem clipes lançados durante o período de divulgação, o álbum atingiu mais de 300 milhões de streams no Spotify e os áudios postados no YouTube (apenas com a imagem estática da capa do disco) acumularam cerca de 200 milhões de views.
“Entendemos com isso que, num próximo trabalho, mesmo que não fossemos lançar clipes das novas músicas, faria sentido “embalar” esses áudios do YouTube com algum suporte audiovisual. O visualizer, formato muito usado para lançar singles de artistas de música eletrônica mundo afora, foi a solução que encontramos”, explica.
De acordo com o empresário, com um orçamento que seria para um único clipe, eles conseguiram rodar 13 visualizers (um para cada música do disco). “Levando em consideração que agora a carreira das ANAVITÓRIA é independente e não está ligada a nenhuma grande gravadora, fez muito sentido otimizar esse investimento dessa forma”, analisa.
Após a parceria de x anos com a Universal Music, atualmente ANAVITÓRIA segue de forma independente e teve o seu lançamento musical realizado pela agregadora Ingrooves Brazil.