Tarde de sol no Rio de Janeiro. Juliana Paes, Rodrigo Simas, Thomas Aquino, Larissa Bocchino e Larissa Nunes recebem a imprensa em um iate ancorado na Marina da Glória para um dia inteiro de entrevistas de divulgação da série “Vidas Bandidas”, do Disney+. A escolha do local não é mera ostentação. É um assassinato dentro de um iate que desencadeia toda a trama de vingança que se acompanha ao longo de quatro episódios.
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“Inconscientemente, a gente às vezes quer se vingar. Inconscientemente, a gente quer realizar coisas para dar respostas para algo que fizeram para a gente. No trabalho, em relacionamentos. Quantas vezes a gente não quer se vingar e mostrar que está num relacionamento melhor do que com aquela pessoa que abandonou a gente? São desejos de vingança. Nem todos são lícitos, mas são desejos que a gente vive”, Juliana Paes diz ao POPline.
Assista a entrevista com Juliana Paes e o elenco de “Vidas Bandidas”
Em “Vidas Bandidas”, ela é Bruna, a líder de uma quadrilha que assalta turistas no Rio de Janeiro. Ela busca vingança contra Raimundo (Thomás Aquino) e Serginho (Rodrigo Simas), os dois bandidos que tentaram lhe dar um golpe e mataram sua irmã. Para isso, passará por cima de quem precisar.
“Eu acho que ela tem defesa. Muita defesa. Que pessoa pode perder um irmão e não ter justiça? Toda vingança é uma busca para que a justiça seja feita, com as próprias mãos”, argumenta Juliana, sempre muito simpática. Entre uma entrevista e outra, a atriz aprova com sua equipe as fotos feitas no barco, para que sejam postadas no Instagram.
Morte, vingança e perseguição marcam “Vidas Bandidas”
A protagonista da série chegou à Marina da Glória na hora do almoço, mesmo horário de Larissa Bocchino, que foi direto das gravações da novela “No Rancho Fundo”. Larissa interpreta a irmã assassinada no primeiro episódio. “Eu já tinha morrido com um raio no meu primeiro curta-metragem, ‘Teoria sobre um Planeta Estranho’, mas fazer a cena com um tiro foi uma energia completamente diferente. O tiro é uma coisa muito forte, uma violência muito forte”, conta.
“Fazer a cena em que eu estava dentro de um saco e eles fecham… acho que foi um dia até meio pesado. Lembro que cheguei em casa e tomei um banho, porque é estranho você se ver nesse lugar. É muito estranho você gravar uma morte. São dias de set mais cansativos”, compartilha Larissa Bocchino.
O clima no iate é bem diferente. Todos estão muito empolgados para falar da série. No início, as entrevistas ocorrem do lado de fora, com a bela paisagem carioca ao fundo. Mas uma ventania exige que o set seja transferido para dentro do iate, o que leva tempo. “Estava com medo de me resfriar”, diz Juliana. A demora não faz o elenco perder o pique.
Rodrigo Simas, Thomas Aquino e Larissa Nunes estão mais cansados, porque chegaram de manhã e já fizeram outra rodada de entrevistas. Quando recebem o POPline, Thomas já está descalço, muito à vontade no barco. “Juro a você que agora não estou cansado. Estava mais cedo. Engraçado, né?”, conta.
“Essa série, depois do dia de hoje, está mais interessante ainda para mim, porque a gente começou a decupar e destrinchar, falar muitas questões que estão ali. Vendo de fora, a gente pode questionar muitos caminhos nessa série. Eu quero assistir de novo”, conta Rodrigo Simas.
Confira os melhores momentos da entrevista!
Armas em cena
“A gente sempre tem uma equipe cuidando disso. A gente nunca trabalha com munição de verdade. Isso é abominável, proibido. A gente tem uma espécie de gás para produzir uma pequena pressão sonora, até para ativar toda a ação, porque todo mundo precisa saber que aconteceu o disparo. É muito seguro” – Juliana Paes.
Violência na vida real
Rodrigo Simas: “Já fui assaltado duas vezes indo para o colégio. Ia andando e levaram meu celular”.
Larissa Nunes: “Eu em São Paulo, né? Um contexto de trânsito, bem perigoso também. Tem cada vez se tornado mais perigoso. Foi uma situação bem pesada. Levaram o celular”.
Thomas Aquino: “Eu morava em Recife, era menos de meia-noite e meia, e estava voltando de um ensaio. Eu passei por um caminho que na hora lembrei ‘não deveria ter vindo por aqui’. É uma das favelas mais perigosas de Recife. Comecei a pensar ‘putz, espero que não aconteça nada’. Cruzou uma pessoa na minha frente, fazendo sinal como se estivesse com uma arma embaixo da blusa, e eu parei. Minha primeira reação foi frear, ligar a luz e levantar a mão. Só que aí veio outro cara, com um objeto metálico na mão. Abri a porta do carro, mas só levaram as coisas de dentro. Percebi depois que eram dois meninos. Me senti impotente, sabe?
Uma bandida diferente para Juliana Paes
“Acho que toda construção de personagem começa um pouco no corpo. Tentei deixar a Bruna num frio mais vertical, mais rígido. Ela não é tão desvairada e levada pelas emoções. Ela é um pouco menos passional. Ela é mais racional do que a Bibi [Perigosa]. Ela está ali porque quer. Não foi jogada por forças ou circunstâncias maiores. Ela escolheu esse caminho por motivações que não vêm ao caso” – Juliana Paes.
Convite para o elenco
“Quando fui convidado, o Gustavo, diretor, me falou que tinha um papel bacana. Que o espectador sentiria uma leveza. No primeiro episódio, a gente vê essa bondade, esse sorriso, essa coisa gostosa, essa empatia que o Raimundo passa. O Gustavo me falou ‘você me dá muito isso nos seus trabalhos. Teu olhar tem uma coisa muito presente'” – Thomas Aquino.
Testes para a série
Rodrigo Simas: “Eu estava fazendo teste para uma outra série também e, quando recebi o teste para fazer o Serginho, fiquei muito animado. Eu lembro da primeira leitura online que eu tive, e que o Gustavo [Bonafé, diretor] perguntou: ‘o que você pensa para o Serginho?’. Eu falei ‘não penso nada, não o conheço ainda. Estou aqui lendo, quero entender, mas não posso te dizer nada sobre ele agora a partir de duas cenas, sabe?’. E talvez isso tenha interessado o Gustavo num lugar de ‘maneiro, não veio com ideia pronta de nada, está aberto para tentar criar'”.
Larissa Nunes: “Eu tinha terminado uma série em outra plataforma, ‘Spider’, estava sentindo que o streaming realmente estava retomando, e fui convidada para o teste. Fiz três testes e eu não tinha muita noção do plot da Marina, mas eu achava, desde cara, que era uma mulher muito batalhadora, que fazia o corre dela, e isso já me interessou, porque estava querendo fazer mulheres reais, brasileiras, que a gente pode trazer identificação com o público. Foi um presente mesmo”.
Serginho, o bandido cretino
“Super tem [como defendê-lo]. Sempre tem como defender. Eu sou o ator que defende. Uma coisa que a gente estava falando antes é que a gente tem que encontrar a humanidade [no personagem], né? Isso traz a proximidade do público de, em algum lugar, se reconhecer e falar ‘talvez eu entenda’, sabe? Claro, eu, Rodrigo, posso falar também que o Serginho faz escolhas completamente equivocadas, que determinam o andar da vida dele. É difícil defender de fora. Eu, de dentro, preciso encontrar a maneira de defendê-lo” – Rodrigo Simas.
Raimundo, o bandido legal
“Acho que o Raimundo é o cara que mais tenta o arco da redenção. Ele busca a redenção e quase consegue, por duas vezes: uma paga a pena na cadeira e depois, em uma segunda tentativa que não posso contar. É muito difícil falar de ‘Vidas Bandidas’ sem dar spoiler, gente! (risos)” – Juliana Paes.
Marina, a mulher de bandido que não quer ser mulher de bandido
“A Marina não quer ser mulher de bandido, porque ama esse homem e quer construir uma vida sossegada com ele. Ela é do mesmo lugar de ter ambições mais simples. E aí a gente acaba vendo na série que até mesmo teu sonho mais simples pode viver uma reviravolta, que você nem espera de onde venha. Acho que ela é realmente golpeada por esse acerto de contas entre os três, mais precisamente entre o Sérgio e o Raimundo. E ela não sabe da índole, da história, dessa parceria dos dois” – Larissa Nunes.