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Quem é Victor Massaki, artista que lança seu primeiro EP após anos rimando no transporte público de SP?

“Do Vagão Para o Mundo” chega nesta sexta (29) e o POPline conversou com Victor sobre o lançamento, carreira e planos futuros
Foto: Reprodução Instagram @victormassaki

Victor Massaki, rapper de Guarulhos, vem ganhando destaque ao transformar sua jornada nos vagões do metrô de São Paulo em arte. Inspirado por nomes como Marcelo D2 e Emicida, nesta sexta-feira (29), ele lançou seu primeiro EP, “Do Vagão Para o Mundo”, trabalho que reflete as lutas diárias e os sonhos de quem vive na periferia. Em um bate-papo com o POPline, o artista falou sobre sua história e sobre seu objetivo de romper barreiras e impactar o público com letras viscerais e cheias de propósito.

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Foto: Reprodução Instagram @victormassaki

Victor Massaki cresceu em meio à efervescência cultural da comunidade onde viveu. Porém, confirmou que sua conexão com a música começou em casa. “Meu acesso à cultura não partiu da minha quebrada e sim de dentro de casa. Depois que tive esse acesso, comecei a buscar mais fora.Apesar disso, as batalhas de rima e projetos culturais locais, do interior de São Paulo, também marcaram sua trajetória. “Guarulhos é cheia de batalhas de rua, e a minha quebrada não foi diferente. Projetos como o João do Pulo, que incentiva esporte e cultura, tiveram sua influência no meu caminho.”

Inspirado por artistas como Marcelo D2, Racionais MCs e Emicida, Victor começou a escrever rimas ainda cedo. Entretanto, o que levou Massaki à música e ao rap como opção de carreira foi, além do talento, a necessidade de fazer dinheiro: “O Marcelo D2 foi muito importante para mim porque, quando eu era pequeno, tinha um CD dele que ouvia direto. Depois, ficava rimando em cima dos beats no final do disco pirateado.”

Ele continuou:

“Mas o que me levou a levar a música como carreira foi a necessidade de fazer dinheiro como um artista independente. Porque minha carreira começou como ator e não como um músico, mas viver de arte no Brasil é um bagulho muito doido, né? Assim, eu fui para o metrô fazer voz e violão, cantar mesmo, mas eu já fazia rima há muito tempo, só não ganhava dinheiro com isso. E aí uma vez eu encontrei um amigo meu fazendo rima no vagão, pedi para ele me ensinar. Aí o freestyle realmente se tornou minha principal fonte de renda.”

Do teatro ao freestyle no metrô

Antes de se consolidar como rapper, Victor Massaki trilhava o caminho do teatro. Ele conta que as habilidades desenvolvidas nos palcos foram fundamentais para suas performances no metrô, onde começou a cantar para sustentar sua arte. “Acabei usando os meus dotes, que vinham dos teatros musicais, para poder me destacar de outras formas. A impostação de voz e a presença de palco do teatro me ajudaram muito. Eu transformava o vagão em um palco de ponta a ponta”, afirma.

Para Victor, cantar nos vagões foi uma escola:

“O artista tem que ir onde o público está, porque nem sempre o público está disposto a ir onde o artista está. No vagão, eu precisava estar atento ao momento presente para conquistar as pessoas, que muitas vezes estavam tendo dias cinzas na nossa cidade cinza.”

O EP “Do Vagão Para o Mundo”

O lançamento de seu primeiro EP é um marco na trajetória de Victor Massaki e ele não esconde a emoção ao falar sobre o projeto:

“Quero que as pessoas entendam que eu sou a cara do povão, daquele que acorda cedo para resolver os problemas do dia e volta para casa com leões para matar. Eu acho que esse EP é muito pessoal mesmo, ele traz muito na minha trajetória, não só do vagão, mas enquanto artista. Traz muito de tudo que eu vi ao longo desse tempo, de tudo que eu vivenciei. Se você não faz algo que impacta as pessoas, você não faz arte, faz entretenimento. Esse EP é muito da minha entranha, é minha realidade exposta de uma forma bonita para impactar as pessoas.”

Através de letras pessoais e reflexivas, “Do Vagão Para o Mundo” explora temas como a luta diária da classe trabalhadora e os desafios de se viver de arte em um ambiente muitas vezes marginalizado. O projeto também promete uma abordagem audiovisual cinematográfica, destacando a versatilidade do artista que busca expandir sua presença em áreas como direção e atuação.

O futuro e a tecnologia

Além do EP, Victor Massaki está expandindo sua arte para novas fronteiras, como o game “Batalha do Vagão”. Ele acredita que a tecnologia pode ajudar o hip hop a alcançar públicos que ainda não conhecem a cultura. “Para mim, a disseminação da arte, a disseminação do hip hop é algo muito importante. É uma cultura que precisa ser mais vista, mais valorizada e mais consumida por pessoas que não veem de onde eu venho. Minha missão é furar bolhas e mostrar para as pessoas o quanto o hip hop muda vidas”, destaca.

Foto: Reprodução Instagram @victormassaki

Com planos de unir o teatro e o rap em novos projetos, Victor Massaki adiantou algumas novidades que virão futuramente:

“Tem alguns outros projetos que estão vindo, inclusive para o teatro está vindo o nosso ‘Tudo de Free’. A gente quer juntar essa parada do teatro com o meu freestyle também, que são duas coisas que são muito enraizadas na minha persona e no meu eu artista. Fora muitas outras músicas, muitos outros álbuns e EPs que a gente tem música para caramba já para colocar para rodar. Mas tudo isso vai ser feito de uma forma inteligente, pensada. Mas temos passos largos e passos curtos a serem dados.”

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