Uma geração inteira de Paquitas sofreu demissão em massa em 1995 por conta de um livro proibido. A história será retratada no documentário “Pra Sempre Paquitas”, que chega ao Globoplay no dia 16 de setembro, mas o POPline te adianta alguns detalhes. “Eu tenho vergonha alheia daquilo existir”, dispara a Paquita Ana Paula Guimarães, a Catu, em entrevista ao POPline.
> Onde estavam os pais enquanto as Paquitas sofriam abusos morais?
“Aquilo não é um livro, pelo amor de Deus. Aquilo é um desserviço à literatura brasileira. Eu tenho vergonha alheia pela maneira que ele é escrito”, completa Catu.
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Ela é a diretora artística do documentário e também foi uma das Paquitas demitidas em 1995. No dia 29 de abril daquele ano, Xuxa se despediu de Ana Paula Almeida, Cátia Paganote, Flavia Fernandes, Priscilla Couto, Bianca Rinaldi, Roberta Cipriani e Juliana Baroni. O motivo: o livro “Sonhos de Paquita: Nos Bastidores do Xou”, escrito por João Henrique Schiller, ex-diretor do “Xou da Xuxa”.
Por que o livro sobre as Paquitas é tão polêmico?
Ele publicou o livro pela editora Consultor Editorial, mas a obra foi recolhida e considerada “proibida” por não ter autorização das Paquitas – algumas menores de idade – nem de seus pais. A diretora Marlene Mattos, na época o poder máximo por trás de Xuxa Meneghel, se sentiu traída quando descobriu a existência do projeto.
A verdade é que as Paquitas nunca quiseram publicar um livro. Na verdade, o grupo vinha perdendo espaço no “Xuxa Park”, com a chegada do You Can Dance, e foi incentivado por João Henrique Schiller a desenvolver um projeto próprio, inspirado na peça e no programa “Confissões de Adolescente”.
“Confissões” fez muito sucesso com o público teen nos anos 1990, ao compartilhar relatos de meninas sobre as aventuras e desventuras da adolescência. A ideia era criar um espetáculo teatral parecido para as Paquitas, em que elas contassem suas experiências nos bastidores do mundo de sonhos. Elas foram entrevistadas por João e ele decidiu publicar as entrevistas em formato de livro. A partir daí, há divergências sobre a história.
Algumas Paquitas já disseram que os chocantes relatos de maus tratos, fome e frio presentes no livro podem ser imprecisos, mas são verdadeiros. Outras já falaram que o autor distorceu as histórias e as tornou piores do que eram. A verdade promete ser dita no documentário. Mas a questão é que, no meio do caminho, uma das integrantes do grupo se arrependeu do projeto e contou tudo para Marlene Mattos. Foi quando a diretora decidiu acabar com aquela formação das Paquitas e convocar testes para uma nova geração.
Paquita Ana Paula Guimarães se negou a ir na despedida
Xuxa Meneghel se despediu do grupo, que cresceu ao seu lado, em um episódio do “Xuxa Park”. No mesmo episódio, as Paquitas Nova Geração foram apresentadas ao público. O livro foi um assunto, senão proibido, evitado na gravação. Cada Paquita teve direito a uma fala final, mas nenhuma tocou no tópico.
Ana Paula Guimarães, no entanto, não quis participar da gravação. Por conta disso, Xuxa disse o seguinte no palco: “as pessoas que se prendem às coisas e se prendem de dizer um adeus perdem a oportunidade de dizer um novo olá”. A Paquita entendeu o recado.
“Isso foi um texto direcionado pra mim. Não vou dar spoiler, porque isso está no documentário, mas vou te dizer uma coisa: acho que fui muito corajosa de não ter ido naquele momento. Acho que ali eu me abracei e não fui”, diz Ana Paula. O fim abrupto foi difícil pra ela. A diretora admite que lhe foi custoso trazer o assunto de volta no documentário.
“Foram vários desencontros. Aquilo me machucou bastante. Até pra gente poder voltar a tocar nesse assunto, se eu não tivesse a maturidade que tenho hoje, eu não conseguiria. Eu fiquei com muito pé atrás de trazer esse assunto para o documentário, e convidar as meninas e a própria Xuxa para falar desse assunto. Mas foi muito importante a gente poder ressignificar isso”, conclui.