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Vale Tudo: Remake deve destacar casal lésbico censurado pela Ditadura

Boa parte das cenas entre Cecília e Laís precisaram ser reescritas por conta da censura
Vale Tudo: Remake deve destacar casal lésbico censurado pela Ditadura
(Foto: Globo)

O remake de “Vale Tudo“, com estreia marcada para março de 2025, promete reviver uma subtrama que, em 1988, foi censurada pela Ditadura Militar. O romance entre Cecília (Lala Deheinzelin) e Laís (Cristina Prochaska) foi interrompido na primeira versão da novela da TV Globo, por conta da decisão da censura, que não permitia esse tipo de exposição na televisão.

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(Foto: Globo)

Na versão de 1988, Cecília e Laís administravam uma pousada em Búzios. Apesar de viverem juntas há anos, a Divisão de Censura de Diversões Públicas (DCDP) ocultou o relacionamento amoroso entre as duas. Cecília morreu por volta do capítulo 50, e Laís herdou a pousada.

Os autores da trama, Gilberto Braga, Aguinaldo Silva e Leonor Bassères, queriam discutir o direito de herança em relações homoafetivas, já que esse tema ainda não era muito comentado na época.

No entanto, os censores cortaram diálogos que abordavam essa questão, o que obrigou os autores a alterar a trama. Marco Aurélio (Reginaldo Faria), irmão de Laís, disputava a herança com a protagonista por pura ganância, mas as discussões sobre os direitos legais entre casais do mesmo sexo não puderam ser apresentadas.

Outro personagem também sofreu com cortes em “Vale Tudo”

A trama também abordou a possível homossexualidade de Tiago (Fábio Villa Verde), filho de Heleninha (Renata Sorrah) e Marco Aurélio. Durante os episódios, o personagem enfrentou as pressões de um pai machista, que via com maus olhos a sensibilidade do filho. Apesar disso, Tiago não era gay e, de fato, iniciou sua vida sexual com sua namorada, que também era virgem.

Uma das cenas vetada pela censura envolvia Cecília e Laís perguntando À Heleninha se ela aceitaria a homossexualidade do filho. A personagem, então, responderia que só queria a felicidade de Tiago, independentemente de sua orientação sexual. Em outro diálogo com Ivan (Antonio Fagundes), Heleninha diria não saber se a possível homossexualidade de Tiago deveria ser vista como um problema.

A censura, no entanto, não permitiu que a cena fosse ao ar. Em ofício, datado de 21 de julho de 1988, o então diretor da DCDP, Raymundo Eustáquio de Mesquita, justificou o corte afirmando que a fala de Heleninha “não mostra apenas um desabafo de mãe”, mas tratava “um desvio de comportamento de forma absolutamente natural”, algo que, segundo ele, estava “longe de corresponder à realidade”.

Remake pode corrigir preconceito em “Vale Tudo”

No remake, Manuela Dias pode resgatar a história original, permitindo que o romance entre Cecília e Laís seja mais explorado. A expectativa é que a nova versão possa retratar a relação homoafetiva com mais liberdade, trazendo à tona questões de representatividade LGBTQIA+ e justiça em relações homoafetivas, temas que ainda são relevantes no Brasil.

Diferente da versão original, o remake de “Vale Tudo” trará uma abordagem mais progressista e alinhada às questões sociais e culturais dos dias de hoje, conforme disse a própria autora recentemente. Além de explorar o relacionamento entre Cecília e Laís, a trama também deverá abordar temas de representatividade e os desafios enfrentados pela comunidade LGBTQIAPN+ de forma mais aberta.

“Vale Tudo” chegará à Globo em 2025

remake de Vale Tudo” está praticamente confirmado e tem previsão de 173 capítulos. A versão original, exibida em 1988, no entanto, contou 204 episódios, chegando ao fim em janeiro do ano seguinte. A novela é, até hoje, considerada pela crítica como uma das melhores produções da história da teledramaturgia brasileira.

O elenco do remake de “Vale Tudo” está repleto de grandes nomes da dramaturgia brasileira, garantindo ainda mais destaque à produção. Débora Bloch assume o papel de Odete Roitman, uma das vilãs mais marcantes da televisão. Taís Araújo será a protagonista Raquel Acioly, enquanto Bella Campos interpretará a antagonista Maria de Fátima.

Humberto Carrão dará vida ao personagem Afonso, e Cauã Reymond será César. Além disso, Renato Góes assume o papel de Ivan, e Julio Andrade interpretará Rubinho. Já Belize Pombal será Consuêlo, enquanto Karine Teles viverá Aldeíde, Malu Galli será Celina, e Luis Salem completará o elenco principal como Eugênio.

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