A partir de quinta-feira (1), a Universal Music Group (UMG), uma das maiores gravadoras do mundo, encerrará seu contrato com o TikTok, retirando o catálogo de milhares de artistas da rede social chinesa. A decisão, motivada por desacordos em torno de questões como compensação financeira e uso de inteligência artificial, marca uma reviravolta significativa no cenário da indústria musical online.
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A decisão, anunciada em comunicado, impactará artistas como Anitta, Jão, Léo Santana, Taylor Swift, The Weeknd, Billie Eilish, BTS, Justin Bieber, Lady Gaga, Rihanna, Beatles, Ariana Grande, Elton John, Drake, Queen e centenas de outros representados pela UMG.
Na disputa entre a gigante da indústria musical e a rede social chinesa, diversos pontos cruciais estão em foco. A UMG alega que o TikTok tentou intimidá-los e propôs um acordo financeiro consideravelmente inferior ao contrato anterior e abaixo das taxas de mercado. Além disso, a gravadora destaca três motivos principais para a não renovação do contrato: o uso de inteligência artificial, a segurança da imagem dos artistas e o pagamento de royalties.
Em uma carta aberta intitulada “Why we must call time out on TikTok“, a UMG acusa o TikTok de oferecer “uma fração do que plataformas sociais similares pagam”. Segundo a gravadora, o TikTok representa apenas cerca de 1% de sua receita total, apesar do crescimento exponencial da plataforma.
“Quanto à compensação mais justa para artistas e compositores, o TikTok propôs pagar a nossos artistas uma taxa que representa uma fração do que plataformas sociais similares pagam. Hoje, como indicação de quão pouco o TikTok compensa artistas e compositores, apesar de sua enorme e crescente base de usuários, de sua receita publicitária em rápida expansão e de sua dependência de conteúdo musical, o TikTok responde por apenas cerca de 1% de nossa receita total. Em última análise, o TikTok está tentando construir um negócio baseado em música, mas sem pagar um valor justo por ela”, alegou a Universal.
A UMG também expressou descontentamento com a abordagem do TikTok em relação ao conteúdo gerado por inteligência artificial. A gravadora argumenta não apenas sobre a promoção, mas sobre o estímulo ativo para a criação de música utilizando essa tecnologia na plataforma. Ela enfatiza que a rede social não demonstrou disposição em adotar medidas adequadas para salvaguardar os artistas contra a disseminação desenfreada de conteúdos gerados por inteligência artificial e a violação de direitos autorais. Conforme a Universal, renovar o contrato poderia resultar na depreciação dos valores dos royalties devido a essa prática.
Resposta do TikTok
Por outro lado, o TikTok respondeu às acusações em um comunicado breve e contundente, lamentando a decisão da Universal e argumentando que a gravadora prioriza seus próprios interesses em detrimento dos artistas:
“É triste e frustrante que a Universal Music Group tenha colocado sua própria ambição acima dos interesses de seus artistas e compositores. Apesar da falsa narrativa da Universal, o fato é que eles optaram por deixar de ter o poderoso apoio de uma plataforma com mais de um bilhão de usuários que serve como um meio gratuito de promoção e descoberta de seus talentos. O TikTok tem firmado acordos que colocam os artistas em primeiro lugar com todas as outras gravadoras e distribuidoras. Claramente, as ações em benefício próprio da Universal não são do melhor interesse dos artistas, compositores e fãs.”
Embora seja desafiador retirar um catálogo completo de uma plataforma com uma extensa base de usuários, a Universal mantém sua decisão corajosa, que, sem dúvida, já causou impactos significativos no mercado da música.