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Última letra escrita por Moraes Moreira falava sobre Coronavírus e Marielle Franco

Moraes Moreira: em atividade artística até o fim (Foto: Ana Branco/Agência O Globo)

A notícia da morte repentina de Moraes Moreira pegou muita gente de surpresa nesta segunda-feira (13). De acordo com informações veiculadas no RJ-TV 1ª edição, na TV Globo, um vizinho não identificado do cantor e compositor disse ter estado com ele no último sábado e afirmou que o artista aparentava boa saúde.

Isso talvez explique o motivo de Moraes Moreira ter sido criativamente ativo até o fim da vida. Recentemente, neste período de quarentena “imposto” ao mundo inteiro, o compositor escreveu um cordel sobre coronavírus, medo da violência e até mesmo a vereadora Marielle Franco, assassinada em março de 2018.

> Moraes Moreira morre aos 72 anos no Rio de Janeiro; confira a repercussão na classe artística!

Confira a letra de “Quarentena”:

Eu temo o coronavirus
E zelo por minha vida
Mas tenho medo de tiros
Também de bala perdida,
A nossa fé é vacina
O professor que me ensina
Será minha própria lida

Assombra-me a pandemia
Que agora domina o mundo
Mas tenho uma garantia
Não sou nenhum vagabundo,
Porque todo cidadão
Merece mas atenção
O sentimento é profundo

Eu não queria essa praga
Que não é mais do Egito
Não quero que ela traga
O mal que sempre eu evito,
Os males não são eternos
Pois os recursos modernos
Estão aí, acredito

De quem será esse lucro
Ou mesmo a teoria?
Detesto falar de estrupo
Eu gosto é de poesia,
Mas creio na consciência
E digo não a todo dia

Eu tenho medo do excesso
Que seja em qualquer sentido
Mas também do retrocesso
Que por aí escondido,
As vezes é o que notamos
Passar o que já passamos
Jamais será esquecido

Até aceito a polícia
Mas quando muda de letra
E se transforma em milícia
Odeio essa mutreta,
Pra combater o que alarma
Só tenho mesmo uma arma
Que é a minha caneta

Com tanta coisa inda cismo….
Estão na ordem do dia
Eu digo não ao machismo
Também a misoginia,
Tem outros que eu não aceito
É o tal do preconceito
E as sombras da hipocrisia

As coisas já forem postas
Mas prevalecem os relés
Queremos sim ter respostas
Sobre as nossas Marielles,
Em meio a um mundo efêmero
Não é só questão de gênero
Nem de homens ou mulheres

O que vale é o ser humano
E sua dignidade
Vivemos num mundo insano
Queremos mais liberdade,
Pra que tudo isso mude
Certeza, ninguém se ilude
Não tem tempo,nem idade

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