Um grupo de especialistas em inteligência artificial, antigos funcionários do setor de pesquisa do Google, o DeepMind, acaba de lançar o Udio, sua versão de IA generativa para o mercado fonográfico. Com apoio de nomes do Vale do Silício como a empresa Andreesen Horowitz, de investimento de riscos, e Mike Krieger, CTO do Instagram, o Udio promete gerar canções por meio de prompts textuais. A empresa também tem apoio de artistas como Will.I.am, Common e Tay Keith.
LEIA MAIS:
- Warner Music Group desiste de apresentar oferta para comprar a Believe; saiba mais
- Exclusivo: Paola Wescher e Júlia Neiva criam a produtora de eventos LATINA
- Cantora portuguesa Mariza vem ao Brasil para turnê em homenagem a Amália Rodrigues
- Merlin e Deezer renovam parceria com novo modelo de pagamento de royalties
Através de comandos de texto, o Udio foi pensado para entregar resultados de músicas com base em gêneros, moods e situações descritas no comando dos usuários. Em seu pronunciamento oficial, a empresa afirma que tecnologia não utiliza vozes de artistas conhecidos, contudo indica adicionar ao prompt referências de estilo que se aproximem à preferência do usuário.
Quem utilizar o Udio pode ainda escrever comandos atribuindo características específicas para refrãos, versos e solos, como maneira de refinar os resultados. Disponível na versão de teste, e gratuita até o lançamento da versão final, o aplicativo permite criar até 1200 canções que podem ser compartilhadas nas plataformas de rede social, como TikTok, Discord e Twitter.
Com uma interface que dialoga com o retrato das plataformas de streaming musical mais conhecidas, o Udio mostra-se competitivo com as diferentes estratégias digitais do mercado fonográfico, de referências como Deezer, Spotify, Apple Music e YouTube até as IA generativas como MusicFX, do Google, e o Suno, chatbot da Microsoft.
O princípio de comando é o mesmo que as concorrentes, com a criação musical via texto. Fundado por David Ding, Conor Durkan, Charlie Nash, Yaroslav Ganin e Andrew Sanchez, o Udio abriu a lista de contatos para artistas que se interessem em trabalhar em conjunto. A medida pode ser uma tentativa de rebater as críticas de artistas como Billie Eilish, Stevie Wonder, Nicki Minaj e Sam Smith, que assinaram a declaração da Artist Rights Alliance (ARA) sobre direitos autorais.
Direitos autorais
De acordo com o termo de serviço do Udio, o conteúdo criado pelos usuários não será reivindicado pela empresa, e nem pelas parcerias que disponibilizam funções conjuntas. A canção criada pode ser baixada e utilizada pelos usuários para fins pessoais e até mesmo comerciais.
Por outro lado, o uso para geração de músicas no aplicativo é baseado na premissa de concessão do uso da criação entre a Udio e suas parceiras para distribuição, modificação, edição, hospedagem e reprodução. As canções geradas também serão utilizadas para testes de desenvolvimento da inteligência artificial e de modelos de aprendizado de máquina.
Disponível em versão desktop e móvel, na Apple App Store, o Udio entra para o rol de IAs generativas no mercado fonográfico, questionadas por artistas, diante do contexto de criação de deepfakes e clonagem de voz. A falta de dispositivos jurídicos sobre pagamento de royalties no treinamento das bases de dados é a principal preocupação.
Aqui no Brasil, no último fim de semana, segmentos da economia criativa apresentaram recomendações para garantia de direitos autorais, dentro do Projeto de Lei nº 2338/2023, de autoria do Senador Rodrigo Pacheco e relatoria do Senador Eduardo Gomes. Além disso, artistas brasileiros como Carol Biazin, Mumuzinho, Simone Mendes, Felipe Araújo e Lauana Prado, juntaram-se à organização Artist Rights Alliance (ARA), no apelo pela garantia dos direitos autorais.