Nova atração da Faixa da Meia-Noite, “TransMissão”, apresentado pelas artistas trans Linn da Quebrada e Jup do Bairro, estreia na terça (11), no Canal Brasil – mas os primeiros cinco episódios estarão disponíveis no Canal Brasil Play a partir de domingo (9), também para não-assinantes. O programa entra na grade no lugar de “Transando com Laerte”, primeiro talk show comandado por uma pessoa transexual no Brasil, e faz parte da “Programação Especial do Orgulho LGBTQI” que o Canal Brasil leva ao ar durante o mês de junho.
A trajetória da dupla Linn e Jup encantou os documentaristas Claudia Priscila e Kiko Goifman, diretores de “Bixa Travesti” (2018), no qual elas expõem suas rotinas e mostram como suas posturas nos palcos visam desconstruir estereótipos de gênero, raça e classe. Kiko e Claudia também assinam a direção de “TransMissão” e o programa tem como cenário um estúdio de rádio que reproduz o que aparece no documentário.
A atração traz convidados para um bate-papo irreverente, no qual questões de gênero, sexo e raça são frequentemente abordadas, mas não limitadoras nas conversas. O papo com Laerte Coutinho fala sobre transexualidade, mas também aborda relacionamentos amorosos e religião. Com a funkeira MC Carol, elas discutem a influência do rap na periferia e a descoberta da veia artística. A deputada Erica Malunguinho fala sobre a dificuldade de pessoas trans em ocupar espaços de poder, tanto na política quanto na academia, e a atriz Glamour Garcia fala sobre aceitação da personalidade. Há espaço ainda para os músicos Jards Macalé, Tom Zé e Letrux, o ex-prefeito Fernando Haddad, a cineasta Anna Muylaert e o ex-jogador de futebol Vampeta, entre outros.
No episódio de estreia, Linn e Jup recebem a chef de cozinha Paola Carosella. As três conversam sobre como Paola começou a cozinhar, sobre ser o que se come e o que se digere, cozinhar como ato político, sobre a relação dela com a mãe e com a filha e sobre a cozinha como lugar de cura:
“A cozinha para mim foi um local de cura e eu vi muitas pessoas se reconstruindo e se curando dentro da cozinha. Na profissão mesmo, como ninho que acolhe. Tem algo muito mágico. Existem muitas cozinhas e muitas formas de ser cozinheiro e de cozinhar. O meu berço foram as cozinhas profissionais, as cozinhas de restaurante. Eu não tive a cozinha acolhedora de casa. O acolhimento pra mim veio de outra forma. Eu me senti muito acolhida, eu senti que eu podia. E ao longo de muitos anos eu fui sarando feridas, entendendo que eu estava errada em pensar de determinadas formas, parando de idealizar a vida dos outros e olhando com mais amor para a minha. Você estar bem alimentado cura”, explica.