Saiu nesta sexta-feira (25) o single “Minha Raba”, parceria entre as cantoras Traemme e Barbit. A faixa já chegou acompanhada de uma videoclipe dirigido por Tiago Nascimento e, segundo as artistas, traz consigo uma mensagem de empoderamento e representatividade para mulheres trans. O POPline conversou com Traemme, que nos contou detalhes da produção e ainda refletiu sobre como sua própria vida lhe serve de inspiração para seu trabalho na música.
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Traemme se destacou no período de carnaval deste ano com a faixa “Sou Eu”, que chegou a marca de 10 milhões de reproduções nas redes sociais. Desde então, a artista de 26 anos, nascida na cidade de Embu-Guaçu, vem trabalhando em novos projetos e se dedicando exclusivamente a sua carreira musical.
Em ascensão, Traemme vem se apresentando em diferentes casas da noite de São Paulo e chegou a cantar em importantes eventos. Ela esteve presente na 7ª Marcha do Orgulho Trans de São Paulo, que aconteceu em maio deste ano e ainda contou com outras artistas trans e grandes representantes da cena pop nacional, como Urias, Jaloo e Majur.
POPline: Seu hit “Sou Eu” viralizou durante o carnaval e alcançou mais de 10 milhões de reproduções nas redes sociais. O que você acha que fez essa música ressoar tanto com o público? Como esse resultado impacta nas suas próximas produções?
Traemme: Quando as pessoas se deparam com uma versão em português de “No Air”, de Jordin Sparks e Chris Brown, cantada por uma cantora trans e em um estilo super envolvente, que é o forró, isso já causa um interesse imediato. Misturado com o videoclipe romântico, é a junção perfeita para o sucesso. Tudo isso fez com que eu me preocupasse ainda mais com o meu trabalho e no produto final, em como as pessoas podem abraçar uma nova artista. Sempre pensando em músicas com uma boa produção, videoclipes com uma boa qualidade, saber o que entregar, porque o lugar onde quero chegar não se chega com amadorismo.
Você lança hoje o single “Minha Raba”, uma parceria com Barbit e uma faixa descrita como “sensual e hipnotizante”. Como foi o processo criativo dessa colaboração?
Produzir musica pop é a minha paixão, então tudo flui muito fácil quando estou produzindo um trabalho assim. O convite da colaboração veio da Barbit e eu topei na hora! Amei a ideia de ter duas mulheres trans empoderadas tomando conta de tudo! Em um mês, a gente já tinha praticamente tudo pronto pra gravar o clipe. Mais uma vez, gravei com meu diretor favorito, o Tiago Nascimento, que dirigiu meus dois últimos trabalhos, “Sou Eu” e “Me Ama Que Eu Sei”. Nossa química trabalhando juntos é muito boa, fico muito a vontade de dar palpites e ouvir também. Não é a toa que os clipes ficam cinematográficos! A gente se entende muito e Barbit também colaborou muito. Ela também toma as rédeas das coisas e propõe ideias e tudo mais. Foi um trabalho em conjunto incrível e leve.
O clipe de “Minha Raba” traz uma narrativa intrigante, abordando questões de fetichização e poder. Como foi para você interpretar esse papel tão forte e simbólico no vídeo?
Até que foi fácil, porque é a nossa vivência ali. É como normalmente a sociedade já nos trata, no lugar de fetiche, marginalizado. A princípio, a gente leva essa narrativa no clipe para as pessoas acharem que é mais do mesmo e, no final, a gente mostra de fato quem é que tá no controle da situação. Mas no geral foi bem tranquilo atuar nesse lugar, porque foi só um espelho da vida real.
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Quais foram as suas maiores inspirações ao criar o conceito visual do clipe “Minha Raba” e como foi trabalhar com Barbit e o diretor Tiago Nascimento na realização dessa visão?
Boa parte do conceito do clipe em si veio da Barbit e de como ela queria se apresentar enquanto artista. Por eu ter um pouco mais de experiência no ramo, a gente foi alinhando de acordo com o que era possível, mas o processo criativo foi muito leve e fluido, todo mundo criando junto e ouvindo um ao outro. Trabalhar com o Tiago é incrível, ele já é o meu queridinho, me dá um resultado final muito incrível, onde de fato conseguimos bater de frente com o nível de trabalho de artista renomados.
A representatividade trans é algo que está fortemente presente no seu trabalho. Como você vê a importância de usar sua música e videoclipes como uma forma de levantar essas bandeiras?
Mostrar pra outras garotas, como eu, que é possível sim a gente fugir do que a sociedade quer da gente. Eu sou a prova viva de que a gente pode tornar nossos sonhos reais. Vivi da prostituição por cinco anos, pra fazer meu sonho na música ser real. Hoje ver tudo isso acontecendo e poder inspirar outras pessoas trans faz eu querer ir além e fazer o Brasil e o mundo ver que uma mulher trans pode sim ser uma diva pop! E, além disso, mostrar que a gente pode estar, de fato, onde a gente quiser.
Sua jornada pessoal, como uma mulher trans que enfrentou muitos desafios, reflete-se nas suas músicas. De que maneira você acredita que sua trajetória influencia a mensagem que você transmite através da arte?
Poder mudar o rumo do que nos é designado! Por algumas vezes, eu cheguei a duvidar de mim, mas dentro de mim eu sempre soube qual era o meu dever aqui na terra e apenas me movi pra isso ser real. Estar no palco com um microfone na mão me faz viva e poder inspirar outras meninas a saírem da sua zona de conforto e irem atrás do que de fato faz bem pra elas, só me faz querer seguir esse caminho ainda mais. Ser uma porta voz para além da minha comunidade.
Além de “Sou Eu” e “Minha Raba”, o que mais podemos esperar de Traemme para o futuro? Você tem planos para um álbum ou novos singles em breve?
Eu sou plural. De fato, o pop conversa muito comigo, porque ele é popular e eu posso transitar entre vários gêneros e alcançar muita gente assim. Estou lançando singles no momento para ir crescendo ainda mais a minha base de fãs, pra que na hora certa eu entregue um álbum digno de diva pop! Fazer as pessoas, de fato, saberem que eu sou o futuro do pop Brasil.