“É assustador perceber que músicas que a gente fez 35 anos atrás ainda são atuais. A gente fez o que tinha que ser feito“. Objetiva e direta, a declaração de Nando Reis dá o tom da importância de um show como este. Na noite desta quinta-feira (27), todos os integrantes dos Titãs subiram ao palco juntos pela primeira vez em 31 anos. A escolha do Rio de Janeiro para a estreia da turnê Titãs Encontro tem um quê afetivo.
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Muita coisa mudou desde que Arnaldo Antunes, Branco Mello, Charles Gavin, Nando Reis, Paulo Miklos, Sérgio Britto e Tony Bellotto foram parar nas páginas de jornal por conta de um show na Cidade Maravilhosa em 1987 e que terminou com o Teatro Carlos Gomes totalmente destruído por conta da plateia indomável. Fato é que aquela apresentação ajudou a consolidar o sucesso dos Titãs em âmbito nacional.
O que se vê hoje são amigos – todos na casa dos 60 anos – com carreiras muito bem consolidadas e satisfeitos com o que construíram ao longo de quatro décadas. Sorte a nossa poder testemunhar mais um capítulo glorioso da nossa música.
Desde o design de palco com projeções pensadas para cada número e estrutura de iluminação de alta tecnologia, o grupo entregou aquilo que se esperava: um setlist que priorizou canções lançadas entre 1984 e 1991 – calcado principalmente nas obras-primas Cabeça Dinossauro (1986) e Jesus Não Tem Dentes no País dos Banguelas (1987) -, mas que foi arrematado com sucessos da fase Acústico MTV (1997) e o clássico “Epitáfio” (2001).
Em mais de uma ocasião, foi impossível não sentir a energia irradiando ao redor da (enorme) Jeunesse Arena – com ingressos esgotados -, enquanto o público segurava alto os celulares com lanternas e cantava no volume máximo hit atrás de hit, com os integrantes revezando-se no microfone principal. Tudo como era nos anos 1980…
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Branco Mello protagonizou um dos pontos altos da noite. Ao justificar a mudança na voz por ter vencido um câncer agressivo na laringe, arrancou muitos aplausos por sua resiliência e alegria de poder dividir o palco com os amigos.
As homenagens a Marcelo Fromer, morto em 2001, vieram através de imagens nos telões e da filha Alice Fromer, que cantou duas músicas com a banda. E por falar no guitarrista, ficou a cargo de Liminha reproduzir os sons registrados em estúdio por Fromer. O lendário produtor (e amigo da banda de longa data) foi o arquiteto de pelo menos quatro dos melhores álbuns da banda.
Ajustes? Sim. Como toda estreia, há alguns “buracos” a serem preenchidos entre as músicas. Típico problema que será solucionado conforme os shows engrenarem. Nitidamente percebeu-se o desconforto com o PA (o som de retorno do palco), causando alguns descompassos. Mas o que são pequenos percalços técnicos diante da celebração de uma obra atemporal e que passou – com louvor – no teste do tempo?
“Não dá para definir direito o que a gente está sentindo aqui no palco. A alegria é tão grande que a gente está transbordando“, disse Paulo Miklos. Testemunhar a troca de olhares afetuosos e felizes por estarem ali, todos, vivendo este tempo agora!
Eis o setlist da noite de estreia da turnê Titãs Encontro:
Diversão
Lugar Nenhum
Desordem
Tô Cansado
Igreja
Homem Primata
Estado Violência
O Pulso
Comida
Jesus Não Tem Dentes no País dos Banguelas
Nome aos Bois
Eu Não Sei Fazer Música
Cabeça Dinossauro
set acústico:
Epitáfio
Os Cegos do Castelo
Pra Dizer Adeus
Toda Cor (com Alice Fromer)
Não Vou me Adaptar (com Alice Fromer)
Marvin
Go Back
É Preciso Saber Viver
32 Dentes
Flores
Televisão
Porrada
Polícia
AA UU
Bichos Escrotos
bis:
Introdução por Mauro e Quitéria
Miséria
Vinheta Final por Mauro e Quitéria
Família
Sonífera Ilha