Os representantes do TikTok responderam as acusações de um comediante chamado Ziggi Tyler, que recentemente teceu críticas à plataforma, alegando que frases que incluem o “Black Lives Matter” (termo que ganhou muito destaque nas redes sociais desde os intensos protestos pela morte de George Floyd em maio de 2020) estão sendo banidas.
Segundo o site NME, em uma série de vídeos Ziggi Tyler diz que termos como “pro-Black”, “Black Lives Matter”, “Black success” e “Black people” foram marcados como inadequados ou proibidos — enquanto palavras como “neo-Nazi”, “pro-white” e “white supremacist” (supremacia branca) passam despercebidas nas descrições de criadores de conteúdos pagos da rede social, o chamado Creator Marketplace.
An update: (because apparently being black on that app isn’t allowed but being a neo nazi is? K. ) pic.twitter.com/9ecIf0tvPe
— Ziggi Tyler (@ZiggiTyler) July 6, 2021
Tiktok user @ziggityler demonstrating how in the creator marketplace tiktok flags anything related to the word 'black', no matter how innocuous, as inappropriate but 'white supremacy' is fine. pic.twitter.com/QJ8Jpttx0A
— Andrew Galvin (@MaxHomo) July 6, 2021
Como resposta à controvérsia, o TikTok compartilhou um comunicado para a revista Forbes que diz: “Nossas proteções do TikTok Creator Marketplace, que marcam frases tipicamente associadas ao discurso do ódio, foram erroneamente colocadas em frases sem respeito à ordem das palavras“.
“Reconhecemos e pedimos desculpas por quão frustrante foi vivenciar isso e nossa equipe corrigiu este erro significativo. Para ser claro, o ‘Black Lives Matter‘ não viola nossas políticas e atualmente tem mais de 27 bilhões de pontos de vista sobre isso em nossa plataforma“.
TikTokers negros se recusam a criar novas danças virais
Além das trends virais, o TikTok também se tornou um lugar de protesto. Criadores de conteúdo negros iniciaram uma movimentação online, na qual se recusam a criar novas coreografias para rede social. O motivo? Usuários brancos, que supostamente copiam as danças, estariam recebendo maior engajamento em seus vídeos e sem dar o devido crédito.
A “greve” tomou forma assim que “Thot Shit“, de Megan Thee Stallion, foi lançada. A rapper é uma das favoritas no TikTok, com várias músicas que viralizaram a partir de trends coreografadas. “Body“, “Cry Baby” e a icônica “Savage“, que até ganhou remix com Beyoncé, são exemplos.
“Observamos ao longo do tempo no TikTok que a maioria das danças são originadas por criadores negros”, disse Jazmine Moore, de 20 anos, conforme noticiado pelo site norte-americano PAPER. “E os usuários fazem o mínimo da dança e a reclamam como sua. Então, quando ‘Thot Shit‘ apareceu, todos sabiam que alguém fariam uma coreografia para ela. Mas os criadores negros concordaram coletivamente em não criar”.
O protesto tem acontecido de maneira orgânica, com vídeos que estão repercutindo na plataforma. Um registro que tem chamado muito a atenção é de um tiktoker de 21 anos chamado Erick Louis. Ele aparece ao som de “Thot Shit” com uma legenda que diz “FAÇA UMA DANÇA PARA ESSA MÚSICA“. Na sequência mostra o dedo do meio e declara: “QUE LOUCURA. ESTE APP NÃO SERIA NADA SEM OS NEGROS“.
@theericklouisIf y’all do the dance pls tag me 🙄 it’s my first dance on Tik tok and I don’t need nobody stealing/not crediting
“Sou um criador de conteúdo no TikTok há cerca de nove meses e nesse curto período, vi inúmeros vídeos/danças/ideias criadas por negros roubadas e reaproveitadas sem o devido crédito ser dado. O problema está muito além do escopo de desafios de dança e continua desde o início da viralidade desse aplicativo”, explicou Erick à revista Teen Vogue.
“Pessoas pretas criam e pessoas brancas ganham o dinheiro”
Essa visibilidade dos brancos em comparação com os negros é evidente. Em março deste ano, a dançarina Addison Rae foi convidada para o talk show de Jimmy Fallon. Na ocasião, ela dançou a coreografia de “Up“, de Cardi B, e foi ovacionada… Só que em nenhum momento os criadores da dança, Mya Johnson e Chris Cotter, foram citados.
“Sinto que é muito importante para nós recebermos o nosso crédito, porque somos criadores muito bons e somos negligenciados no que criamos”, disse Johnson à Teen Vogue.
Outro caso foi com a coreografia para o rap “Lottery (Renegade)”, que rendeu manchetes com a própria Addison Rae e Charlie D’Amelio. As duas ganharam fama no TikTok e somam juntas 201,3 milhões de seguidores.
@hollywire@addisonre the tik tok QUEEEN in the studio! Showing our host how to do the #renegadedancechallenge! #renegade #addisoneasterling
@charlidamelio🥳🤪🤯
TikTok se pronuncia
A equipe da rede social se pronunciou sobre o caso, após ser procurada pela revista Vogue:
“O TikTok é um lugar especial devido às vozes diversificadas e inspiradoras de nossa comunidade, e nossos criadores negros são uma parte crítica e vibrante disso. Preocupamo-nos profundamente com a experiência dos criadores negros na nossa plataforma e continuamos a trabalhar todos os dias para criar um ambiente de apoio para a nossa comunidade, ao mesmo tempo que incutimos uma cultura onde honrar e creditar os criadores pelas suas contribuições criativas é a norma”.