Na última quinta-feira (1), os perfis de diversos artistas que fazem parte do grupo Universal Music ficaram sem suas faixas disponíveis no TikTok. A decisão foi tomada após as empresas não conseguirem chegar em um acordo sobre a remuneração referente ao uso das músicas em vídeos criados pelos usuários. Isso, no entanto, pode prejudicar nomes como Anitta, Ivete Sangalo, Jão, Taylor Swift, Billie Eilish, BTS, Lady Gaga, entre outros.
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Além da remuneração, a gigante da indústria musical solicitou que a plataforma chinesa tomasse providências sobre o uso de inteligência artificial, além de proteger a segurança da imagem dos artistas. Por outro lado, o TikTok afirma que a Universal Music Group colocou “sua própria ambição acima dos interesses de seus artistas e compositores”.
Com a mudança, os fãs de diversos artistas ficaram impossibilitados de utilizar as suas músicas favoritas dentro do TikTok. Essa movimentação pode parecer mínima e sem grandes impactos. No entanto, a exclusão do catálogo pode afetar o planejamento de grandes nomes da música nacional e internacional, entenda o porquê.
TikTok contribui para o sucesso de faixas
Nos últimos anos, o TikTok foi fundamental no sucesso de várias faixas. “Envolver”, da Anitta, por exemplo, foi lançada meses antes de viralizar na plataforma e, então, chegar ao topo de lista de músicas mais ouvidas no Spotify Global. O mesmo aconteceu com “Bellakeo”, que também viralizou na plataforma.
No caso de Taylor Swift, a plataforma também foi importante. Os vídeos ao som de “Cruel Summer”, lançada em 2019 e, também, responsável por abrir a setlist da “The Eras Tour”, viralizaram durante toda a turnê da cantora. Isso, inclusive, contribuiu para a chegada da faixa do “Lover” ao topo da Billboard Hot 100. No entanto, milhares de vídeos estão mudos desde a remoção do catálogo da gravadora da plataforma chinesa.
Aqui no Brasil, quem também experimentou o sucesso de uma música através do TikTok foi Jão. A faixa “Idiota” do álbum “Pirata” ganhou a plataforma de vídeos e repercutiu nos charts. O cantor chegou a alcançar o Top 50 Viral Global do Spotify, o Top 50 de Portugal e viu o single voltar a figurar no Top 200 Brasil mesmo antes do lançamento do clipe oficial.
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Sleeper hits: Não há sazonalidade para um viral no TikTok
O TikTok acabou se tornando um importante aliado para mostrar músicas antigas para as gerações mais novas. Prova disso são os diversos sucessos que surgiram na plataforma a partir de músicas lançadas nas últimas decadas. A plataforma serviu de palco, por exemplo, para “Bloody Mary”, lançada por Lady Gaga em 2011, viralizar em 2023.
A música, que faz parte do “Born This Way”, inclusive, acabou se tornando single do álbum 11 anos depois de seu lançamento por conta dos milhões de vídeos gravados no TikTok a partir de um viral da série “Wandinha”. E essa não foi a única!
Ainda em 2023, “If It’s Lovin’ That You Want”, da Rihanna, também viralizou na plataforma. Nesse caso, a música, lançada em 2005, conquistou o público com uma nova coreografia 18 anos após o seu lançamento.
A cantora, inclusive, também se aproveitou de um viral do TikTok em sua apresentação no Super Bowl. Em 2020, o DJ Klean lançou o remix de “Rude Boy”. No ano seguinte, a versão viralizou na plataforma, chegando até a artista. Depois da apresentação, o número de vídeos com a música voltou a crescer.
Com a nova definição da Universal, esse tipo de situação deixa de existir ou, pelo menos, acaba se tornando mais difícil. Afinal, ainda será possível que os usuários subam áudios não-oficiais na plataforma. Esses, no entanto, serão excluídos rapidamente para evitar o uso sem os direitos autorais.
O TikTok estará fora do plano de divulgação dos artistas
Como já exemplificamos, o TikTok é um espaço que colabora com o sucesso de uma música. Por isso, as equipes costumam adicionar ações na plataforma dentro do plano de divulgação das canções. Em “Bellakeo”, por exemplo, Peso Pluma e Anitta começaram a divulgar a coreografia da canção através da rede social antes mesmo do lançamento.
A saída da gravadora da plataforma acaba fazendo com que seus artistas precisem remover a empresa chinesa da sua lista de prioridades durante os lançamentos. Isso, talvez, também contribua para alterações no planejamento de Anitta, que lançará o “Funk Generation” em março, e Ariana Grande, que marcou o lançamento do “Eternal Sunshine” para o mesmo mês.
As duas artistas, inclusive, já tiveram virais dentro do TikTok. Por isso, não é difícil de imaginar que a plataforma estivesse sendo considerada para a divulgação dos seus novos trabalhos.
Alguns artistas da gravadora, inclusive, já falaram sobre o impacto que isso terá em suas carreiras. “Estou um pouco impressionado, para ser honesto. Duas grandes empresas decidindo o que acontece com a arte das pessoas. É um pouco idiota, não é?”, disse Yungblud.