O impasse sobre os royalties pagos pelo TikTok e o Universal Music Group (UMG) entrou em um estágio novo e mais importante nesta terça-feira (27), quando músicas publicadas pelo UMG começaram a ser removidas da plataforma.
A batalha, que começou no início deste mês, inicialmente viu os fonogramas pertencentes ou distribuídos pelo UMG serem removidos da plataforma. Agora, está se estendendo a um número muito maior, envolvendo obras musicais, incluindo àquelas editadas pela empresa, através da Universal Music Publishing (UMPG). Com a atual movimentação, artistas que possuem contratos com outras companhias, como Sony Music e Warner Music, podem ser afetados, já que o acordo de edição musical independe do vínculo com a gravadora.
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A situação opõe o Universal Music Group ao TikTok – uma das plataformas mais influentes para a promoção de música nos últimos cinco anos – à medida que a companhia permanece sem renovar o seu acordo de licenciamento, que expirou no dia 31 de janeiro.
De acordo com a Variety, o alcance deste último movimento é amplo, pois afeta um grande número de gravações não-emitidas por um selo de propriedade do Universal Music Group, e muitos artistas que colaboraram com compositores sob contrato com o Universal Music Publishing Group. Os vídeos com essas músicas devem ser removidos da plataforma ou ter a música neles silenciada.
Embora o escopo da mudança seja complexo – artistas e compositores podem ter acordos diferentes em territórios diferentes – fontes disseram à Variety que a mudança inicial está focada no repertório “anglo-americano”. O vasto grupo de escritores da UMPG inclui criadores importantes como Adele, Justin Bieber, Mariah Carey, Ice Spice, Elton John e Bernie Taupin, Metallica, Metro Boomin, Harry Styles, Taylor Swift, SZA, The Weeknd e muitos outros.
Possíveis desdobramentos
Considerando o grande número de compositores e editorass creditados na maioria dos sucessos contemporâneos, não estava claro até que ponto a música será afetada, ou onde as duas empresas poderiam estabelecer o limite sobre se uma música é ou não controlada pela UMPG – por exemplo, se um dos sete compositores de uma música possuem contrato com a Universal.
As opiniões divergem muito: fontes próximas à UMG afirmam que ela tem participação na maioria das músicas da plataforma, enquanto fontes próximas ao TikTok colocam o número bem menor, entre 20% e 30%. As últimas fontes também afirmam que o TikTok não viu queda no número de usuários desde que os fonogramas da UMG começaram a ser removidos no início deste mês.
Em uma carta aberta datada de 30 de janeiro, o presidente e CEO da UMG, Lucian Grainge, escreveu:
“Em nossas discussões de renovação de contrato [com o TikTok], temos pressionado-os em três questões críticas – compensação adequada para nossos artistas e compositores, protegendo artistas humanos de os efeitos nocivos da IA e a segurança online para os usuários do TikTok… Com relação à questão da remuneração de artistas e compositores, o TikTok propôs pagar aos nossos artistas e compositores uma taxa que é uma fração da taxa que as principais plataformas sociais em situação semelhante pagam”, disse Grainge, acrescentando que o TikTok representa 1% da receita total da empresa.
“Em última análise, o TikTok está tentando construir um negócio baseado na música, sem pagar um valor justo pela música”, afirmou o CEO do Universal Music Group.
Em resposta, o TikTok postou uma carta aberta no mesmo dia, escrevendo:
“É triste e decepcionante que o Universal Music Group tenha colocado sua própria ganância acima dos interesses de seus artistas e compositores… O TikTok conseguiu alcançar o ‘artista em primeiro lugar’. ‘ acordos com todas as outras gravadoras e editoras. Claramente, as ações egoístas da Universal não atendem aos melhores interesses dos artistas, compositores e fãs.”
Posicionamentos mais expressivos podem ser esperados durante a teleconferência de resultados do Universal Music Group, que está marcada para quarta-feira (28).
Qual o atual impacto aos artistas?
O impacto da mudança nos artistas e compositores tem sido muito real, apesar da reivindicação do Universal Music Group sobre receitas, uma vez que os artistas perderam uma das plataformas mais poderosas para promoção da sua música, juntamente com quaisquer royalties que teriam sido gerados na plataforma.
“Isso realmente dói”, diz a compositora e artista Bonnie McKee, que escreveu sucessos para Katy Perry e Britney Spears e tem um álbum solo chegando em maio.
“TikTok é como os artistas divulgam uma nova música – e agora estão silenciando o catálogo inteiro de alguém? As gravadoras dizem que o TikTok é muito importante e incentivam seus artistas a [serem ativos na plataforma], mas agora não podem?”, afirma a artista Bonnie McKee
Fontes próximas à situação disseram à Variety que não veem uma solução rápida para o impasse. O precedente mais claro ocorreu entre 2008 e 2009, quando o Warner Music Group removeu ou silenciou suas músicas no YouTube por vários meses antes das empresas chegarem a um acordo. No entanto, o âmbito da batalha atual “UMG x TikTok” é muito mais amplo.
Os representantes da UMG e do TikTok não responderam imediatamente aos pedidos de comentários adicionais feitos pela Variety nesta terça-feira (27).