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Thiago Pantaleão explora referências da infância e amadurece artisticamente em “Nova Era Pt.1”

Thiago Pantaleão. (Foto: Divulgação)

Thiago Pantaleão iniciou sua carreira musical na pandemia. Desde então, ele já apresentou ao público o “Fim do Mundo” e, agora, avança em um novo momento de sua carreira com o “Nova Era”, álbum que já teve sua primeira parte divulgada na última semana. O novo projeto, além de permitir que o cantor explore novos ritmos, também apresenta de onde o artista veio e quais foram suas principais referências até hoje.

Thiago Pantaleão desbravou espaços da sua vida pessoal em seu novo projeto. (Foto: Divulgação)

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Para fazer isso, ele decidiu nomear o projeto com o nome do bairro onde viveu boa parte de sua vida, o Jardim Nova Era, em Paracambi, na Baixada Fluminense do Rio de Janeiro. “Eu cresci brincando de queimada, de futebol, cresci correndo pelo bairro todo, indo para as duas padarias que tinham lá, assim. Eu acho que foi uma criação bem comum de um moleque que cresceu em uma região mais interiorana, uma região mais periférica”, contou.

O cantor vem de um espaço comumente inferiorizado e desvalorizado no Rio de Janeiro: a Baixada Fluminense. No entanto, esse território é um berço artístico que já apresentou para o Brasil nomes conhecidos entre os amantes da música, como Ludmilla, Pocah, Slipmami, entre outros. Por isso, o cantor vê com orgulho a chance de mostrar uma narrativa diferente.

“Eu recebo mensagem direto dos moleques que vêm da mesma região que eu, que se sentem abraçados e acolhidos pela minha música, pela minha arte. Eu acho que cada dia é uma oportunidade de contar, contextualizar, uma narrativa que durante muito tempo eu particularmente não tive muita referência, sabe? E poder estar nesse lugar hoje para mim é muito importante e a realização de um sonho”, pontuou.

Criação dentro da igreja evangélica

Hoje, Thiago Pantaleão fala abertamente sobre ser um homem bissexual. No entanto, isso nem sempre foi algo possível. Afinal, o artista contou em entrevista exclusiva ao POPline que foi criado dentro da igreja evangélica e, logo cedo, entendeu como seria tratado caso expusesse seus sentimentos. “Eu desde pequeno já percebi que eu me senti atraído tanto por meninos quanto por meninas, mas eu já sabia que talvez se eu me assumisse menor seria um tratamento meio diferente”, contou.

Conforme o cantor foi crescendo, ele foi em busca de sua liberdade financeira. Foi assim que ele se sentiu seguro de expor sua sexualidade para os pais. “A maior preocupação dos meus pais sempre foi em como iam me tratar. Eles sempre me acolheram muito, mas eles não sabiam como fora de casa iam reagir, sabe?”, pontuou.

“Meus pais cantavam na igreja, minha mãe cantava, meu pai tocava e pregava, minha mãe também pregava. Meu primeiro contato com música, inclusive, foi na igreja, então eu tive muitas referências do R&B, do soul, desde pequenininho, e eu fui me descobrindo, também, durante todo esse processo. E foi um processo que, durante um tempo, foi um desafio para mim”, comentou.

Foi nesse momento que Thiago Pantaleão, com o apoio dos pais, começou um processo de desconstrução, autoconhecimento e autoaprendizado. No entanto, a situação ainda era um desafio uma vez que ele não tinha representatividade para entender o que estava vivendo ao se descobrir. “A gente tinha, na época, cantores que já faziam muito sucesso, como o Cazuza, o Fred Mercury, e tinham vários outros artistas que eram assumidamente LGBTQIAP+, mas que não condiziam com a minha realidade, não conversavam com aquela galera que tava ali em volta do meu convívio, sabe?, relembrou.

Thiago Pantaleão cresceu em Jardim Nova Era, em Paracambi, na Baixada Fluminense do Rio de Janeiro. (Foto: Divulgação)

Hoje, com a liberdade de poder falar sobre ser um artista LGBTQIAP+, Thiago Pantaleão celebra a oportunidade de poder representar pessoas como ele. “Para mim, é uma das coisas que mais me emocionam quando eu chego nos comentários das minhas redes sociais e vejo que o meu trabalho acaba impactando na vida de outras pessoasm também, comentou.

Enquanto se conhecia, Thiago começou a conhecer algumas estéticas e ritmos que, agora, compõem o “Nova Era”, como é o caso do funk. “Eu lembro muito da minha tia indo para baile funk. Eu era criança, obviamente não podia ir. Mas eu lembro muito dela e da estética que eu tive contato nos anos 2000, relembrou.

“O pop, para a galera dessa região, era o funk, sabe? Era o que era muito popular e consumido. E ele era o volt mix, o primeiro ato funk que teve no Brasil. Depois ele se desenvolveu com o tamborzão. Então, a gente encontra isso sonoramente também no álbum, sobre músicas que eu escutava à época”, explicou.

A partir desse resgate de memórias que o cantor começou a moldar o que ele queria ouvir e assistir com o novo projeto. Por isso, o público poderá ver referências aos anos 2000 e sua estética dentro dos visualizers. Sonoramente, Thiago ainda resgatou e misturou o funk com o R&B, que já estava presente em suas referências desde a adolescência.

Maturidade e evolução: o Thiago Pantaleão de “Nova Era”

O cantor quis exibir um lado mais denso de sua carreira. (Foto: Divulgação)

Desbravando um novo momento em sua carreira, Thiago Pantaleão enxerga o seu novo projeto como uma forma do público entender ainda mais quem ele é como artista. No entanto, a carreira recente do cantor o permite experimentar possibilidades a cada lançamento. “Eu vejo artistas que já tiveram um background antes, já experimentaram de tudo antes de chegar aonde estão. Eu comecei no meio da pandemia, então, assim, eu tive a oportunidade de entender tudo muito cedo, tudo muito junto”, disse ele.

“Acho que cada álbum para mim vai ser um grande passo de amadurecimento artístico e pessoal, sabe? E eu acho que esse projeto agora, a primeira parte, ele já indica muito isso na questão da produção, na questão da composição. Eu consegui falar melhor sobre o sentimento de maneiras diferentes nesse primeiro momento”, opinou.

Se no “Fim do Mundo” o cantor passeou pelo pop dos anos 1980, com o “Nova Era” o artista ele retorna às suas primeiras referências com um resgate do R&B que ouviu desde novo. Em meio a isso, ele aproveita para dar um toque mais atual para essa ideia. “Eu acho que a maior diferença entre os dois álbuns é essa, o tratamento de voz, que eu tive a oportunidade de colocar mais canais de vozes, explorar mais a extensão vocal e o amadurecimento, também, nas frases, nas melodias, nas letras e nas músicas, afirmou.

E todo esse amadurecimento, unido a algo muito íntimo, é exposto numa capa que traz muita informação sobre o Thiago além do palco e dos estúdios. “A gente estava querendo trazer muito, também, a questão de trabalhar pontos pessoais de uma maneira lúdica. E eu tenho ansiedade, já faço terapia para tratar, TDH, e eu vivo no meu mundinho da minha cabeça e eu acho que essa capa representa muito o meu mundo dentro da minha cabeça, sabe? A questão da asa, e de tudo mais, representa alguns momentos específicos da minha vida”, contou.

“O tapete, por exemplo, eu vejo muito como o lugar onde eu estive desenhando, mas, também, orando a Deus e onde eu já estive compondo. Eu acho que a capa representa o Thiago do início até hoje, sabe? Em vários momentos eles se conectam todos ali. A caixa mesmo representa as coisas que tem dentro de mim, tem o tipo de criação, fala sobre as coisas que eu já vi e deixei ali, tirei e já explorei. Eu acho que a carreira é uma oportunidade de você criar narrativas, sabe? E a caixa é uma maneira de ter essas coisas.”, detalhou.

Essa “Nova Era” explora um lado mais denso do cantor, que pretende exibir uma vertente mais cinematográfica e séria do seu trabalho. Por isso, os clipes e visualizers lançados “sobrevoarão” esses espaços com o objetivo de exibir aos fãs de Thiago Pantaleão um trabalho diferente do que já foi explorado por ele anteriormente.

A prova disso é a união de “O Que Eu Ganho” com “Malícia”, que resultou em um clipe duplo já lançado pelo artista. “Eu vi uns clipes de antigamente, longos, que tinham uma história ou até que eram clipes de duas músicas num lugar só. E eu acho que era um momento muito maneiro de poder explorar isso artisticamente e, também, explorar essa história, né?”, comentou.

“’O Que Eu Ganho’ é muito do que se passa dentro da minha cabeça. Ele conta a narrativa de uma maneira lúdica, com referências de quadrinhos, por exemplo, Constantine foi uma das maiores referências para a criação do clipe, porque ele viaja muito entre o plano astral e dimensões. E isso é uma alusão ao meu pensamento, da ansiedade que está dentro da minha cabeça em forma de um sonho, que se conecta diretamente com a minha realidade nos anos 2000”, explicou.

Vivências expostas em versos de “Nova Era”

Thiago Pantaleão trouxe mais da sua vida pessoal para o novo projeto. (Foto: Divulgação)

Para a construção musical do “Nova Era”, Thiago Pantaleão explorou em suas composições um lado mais romântico. Segundo ele, as músicas foram criadas a partir de experiência pessoais. Isso, sem dúvidas, permite uma conexão mais profunda entre o cantor e quem ouve as faixas desse novo projeto.

“Todas ali têm uma experiência que eu vivi. ‘Sigilo’ é uma música que foi bem difícil de se compor, por mais que ela seja simples porque ela é bem passinha com poucas frases. Tem outras que ficaram para outra parte, que vão se conectar com isso… mas eu acho que eu quis, dessa vez, trazer algo mais coeso, porque faria mais sentido que as músicas fossem mais sobre meus sentimentos, sobre minhas criações, sobre meus relacionamentos”, pontuou.

Thiago ainda contou que seu lado mais romântico pouco é exibido nas redes sociais. Mesmo assim, ele afirmou que gosta de levar esses relacionamentos mais ocultos para os versos de suas músicas. “Eu acho que o “Nova Era” vem me trazendo nesse lugar de trazer a realidade e algumas experiências que eu vivi de fato. Eu dei uma Taylor Swiftizada, mas eu tenho que ralar muito para chegar naquele lugar de caneta, porque ela é genial”, brincou.

A “Nova Era” da voz

Um dos diferenciais do “Nova Era”, segundo Pantaleão, é o foco em sua capacidade vocal. Em seu novo trabalho, o artista está ainda mais disposto a se mostrar em espaços que foram pouco explorados por ele até agora. “Acredito que, agora, os fãs vão me conhecer em essência, porque eu me vejo muito no que estou fazendo, e é muito baseado também no meu feeling pessoal, naquilo que gosto, que consumo e do que quero fazer daqui pra frente, explicou.

Para a construção dessa nova etapa de sua carreira, Thiago fez questão de se aventurar em detalhes que fazem parte dos seus gostos musicais. “Eu peguei alguns pontos específicos dos ápices, que definem o que é o Thiago Pantaleão musicalmente, como um voz e violão, muita entrega vocal, especialmente por eu ter sido criado na igreja, e por ter como referências Mariah Carey, Whitney Houston e Christina Aguilera. Então, sempre vai ter muita melisma, muita voz e muita entrega”, adicionou.

“A voz vai ser um grande foco, dessa vez. Mas, acho questão de me expressar de uma maneira mais limpa e mais livre artisticamente também terá destaque. Acho que vai continuar tendo muita dança, inclusive estou estudando muito para isso”, afirmou.

Segunda parte e novas parcerias: o que esperar do “Nova Era” em 2024?

Thiago Pantaleão prepara mais do “Nova Era” para o próximo ano. (Foto: Divulgação)

Entre as cinco faixas que compõem a primeira parte do “Nova Era” está “Tanto Faz”, em parceria com a N.I.N.A. Durante o papo, o cantor revelou que convidou a rapper por acreditar que a ‘vibe’ dela era exatamente o que a faixa precisava. O resultado, segundo ele, foi um verso criado pela artista em apenas sete minutos.

“Se você notar a parte dela, é tudo muito bem construído, bem amarrado e é algo que me cativa muito. Eu sempre tento evoluir indo para essa área, então, trabalhar com ela  foi como se fosse uma aula, foi uma oportunidade incrível, porque eu acho que ela é uma das maiores artistas do país”, pontuou.

A rapper também colaborou fortemente com a sonoridade da música que, segundo Pantaleão, é a faixa que mais expressa os anos 2000 dentro do álbum. Eu quis trazer muita referência de [Carlos] Santana e eu sou muito fã da Rihanna, então ‘Tanto Faz’ tem uma pegada meio ‘Wild Thoughts’ na guitarra, que é uma parada que ela pegou de um sample dele. E essa faixa foi o meu ‘Wild Thoughts’”, comparou.

Em 2024, os fãs de Thiago Pantaleão poderão ouvir mais parcerias dentro do projeto. Ele, no entanto, fez mistério sobre os nomes que ainda colaborarão com o álbum. Segundo o artista, este será apenas um dos pontos que os fãs poderão acompanhar em sua carreira no ano que vem.

“Em 2024, teremos a Parte 2 do ‘Nova Era’, com muito mais música, shows, festivais, e um Thiago ainda maior. Eu espero que a galera curta muito”, encerrou.

Ouça agora o “Nova Era Pt.1”

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