O jornal britânico The Guardian publicou uma reportagem especial nesta quarta (12/8), tratando de artistas negros trans no Brasil. Os dois destaques da matéria são Linn da Quebrada e Jup do Bairro.
“Formados pelo baile funk, metal e muito mais, Linn da Quebrada e Jup do Bairro – com a produtora Badsista – estão se esquivando do racismo, da transfobia e da resistência da indústria musical para contar suas próprias histórias”, diz o veículo.
As duas artistas concederam uma entrevista via Zoom para The Guardian e falaram de sua trajetória. Na matéria, ganharam vários elogios da publicação. “A musica de Linn e Jup, uma combinação de letras vulneráveis, declarações irônicas e ritmos dançantes, é mais do que contagiosamente brilhante”, diz o texto.
“Em Jair Bolsonaro, o Brasil elegeu um inimigo da comunidade LGBTQ+ que descreve a si mesmo como orgulhoso de ser homofóbico; 130 pessoas trans foram assassinadas no país em 2019, mais do que em qualquer lugar do mundo. Mas essas artistas se recusam a se limitarem pelo medo ou pelas regras da sociedade”, aponta The Guardian
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Na matéria, Linn e Jub dizem desconfiar da palavra “representatividade” na indústria musical, onde vigora o individualismo. Para Linn, o conceito de representatividade promove a ideia de que uma pessoa trans ou negra pode falar por uma população diversa e alimenta um ambiente competitivo entre artistas. O ideal é unir-se.
“Jup, Badsista e eu somos poderosas como indivíduos, mas quando unimos forças é quando nos tornamos perigosas”, diz Linn da Quebrada.
Na opinião de Jup, a música é o meio perfeito para abrir novos espaços, mentais e físicos, para que outros criem arte e estimulem mudanças sociais. “Existe um motivo para que os primeiros cortes orçamentários sejam nas artes e na cultura, quando um governo conservador assume o cargo. É por meio da arte e da cultura que as pessoas promovem novas formas de compreensão, novas possibilidades e contestam o status quo”, fala.