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Termômetro de Verão: Shakira – Live From Paris


Gravado nos dias 13 e 14 de junho de 2011 em Paris, o novo DVD de Shakira, faz parte da “The Sun Comes Out Tour”, quinta turnê mundial da colombiana que já tem 34 anos de idade e 16 de uma carreira com sete álbuns lançados profissionalmente. A turnê contempla hits atuais e do passado, sem se preocupar em deixar de fora canções marcantes como “Rabiosa”, “Dont Bother”, “No Creo” e “Estoy Aqui”. Parece ter sido um tracklist criada pela própria cantora com o material que mais a agrada, independentemente da relevância ou alcance dos singles, não deixando de fora, porém, seus maiores sucessos.

“Pienso En Ti” – 20º
Um começo trágico. Shakira abre sua apresentação na França com a medonha “Pienso En Ti”, caminhando pelo público, forçando o carinho dos fãs, vestida em uma manta cor de rosa. Uma ótima forma de espantar o público que possa estar curioso para conferir o desempenho da cantora.

“Why Wait” / “Te Dejo Madrid” – 90º
Shakira se recupera rapidamente na segunda canção. Com menos roupas e uma calça que ressalta um de seus melhores talentos naturais, a cantora surpreende com os vocais ao vivo tão eficientes quanto aos encontratos em seus cds. Neste ponto do show, Shakira é acompanhada apenas por sua banda, sem dançarinos, sem alegorias, sem alardes. Mesmo assim, a cantora pop consegue dominar o palco exalando sexualidade por todos os poros de seu corpo e com uma boa presença de palco.

“Si Te Vas” – 70º
É interessante ver que, enquanto ganhou fama mundial pela dança do ventre e por singles pop americanizados, Shakira mantem uma veia pop-rock forte e se dá muito bem nesse tipo de interpretação em palco. “Si Te Vas”, pouco conhecida pelo público brasileiro, é um dos hits de Shakira na França, que mesmo sendo um público tradicionalmente frio, responde bem ao desempenho da cantora latina.

“Whenever, Wherever” – 85º
Antes de performar seu primeiro grande hit mundial, Shakira se preocupa em interagir com o público. A preocupação da cantora é tamanha, que a mesma discursa em francês. Ponto para ela. “Whenever, Wherever” é uma das faixas mais mediocres da história pop dos ultimos 10 anos. Nada disso tira o brilho de Shakira em palco nessa interpretação. Aos 34 anos, a cantora dá um banho de interpretação e presença de palco na maioria das cantoras americanas que dominam os charts atualmente.

Ao final, Shakira escolhe 4 garotas da plateia para ensinar a rebolar como ela. Nenhuma consegue, claro. O que fica disso, é a interação que Shakira tem com seu público: ela não tem nojo de seus fãs. A cantora as abraça, pregunta seus nomes, troca olhares. Algo raro hoje em dia, onde vemos cenas patéticas de artistas em turnê que chegam a ser praticamente escoltados por seus dançarinos quando convidam pessoas normais para dividirem com eles o palco.

“Inevitable” – 70º
Em “Inevitable”, Shakira toca violão – e bem. Mesmo sendo exageradamente performática, Shakira não chega a ser brega. Vai ao limite da interpretação, atingindo a tenue linha que separa o aceitável do inaceitável, sem cruzá-la. Sua banda também merece créditos: é muito boa e acompanha brilhantemente a cantora.

“Nothing Else Matters” / “Despedida” – 95º
Qualquer um tem o direito de torcer o nariz ao saber que Shakira ousou inserir “Nothing Else Matters”, hit do Metallica em sua turnê. Ainda mais ao saber que a colombiana transformou a canção com arranjos folk. Ficou excelente. Shakira conseguiu transformar a música de forma com elementos latinos (inseridos com “Despedida”) que se encaixaram perfeitamente bem e combinaram milimetricamente com seus vocais exagerados e semi-teatrais.

“Gipsy” – 85º
Depois de uma performance flamenca, Shakira interpreta a canção “Gipsy”, tocando mais um instrumento. Desta vez, a gaita, que a acompanha desde o princípio de sua carreira. A cantora parece cada vez mais à vontade e espontanea em palco. É interessante perceber, a esta altura do show, que mesmo tendo adentrado no cenário musical americano/europeu, Shakira não abriu mão de sua essência latina nem em suas apresentações e nem em suas caracteristicas vocais. Shakira usa seu corpo mas não faz dele seu principal objeto de trabalho.

“La Tortura” – 80º
Um dos maiores hits da latina cantados em espanhol, “La Tortura” é cantada de forma unissona pelo público francês. Assim como no videoclipe da canção, Shakira esbanja sensualidade, comprovando que sim, é possível cantar e rebolar ao mesmo tempo.

“Ciega, Sordomuda” – 40º
Em “Ciega, Sordomuda”, Shakira comete a falha de tentar interagir, em certos momentos, com as câmeras, dando um desagradavel ar amador à performance enquanto manda beijos para a platéia ao longo da performance. Nada supera, entretanto, a constrangedora dança feito ao final da canção. Tudo bem querer demonstrar boa forma e vigor, mas pular de um lado para o outro de um palco imitando um macaco não ficou legal mesmo.

“Underneath Your Clothes” – 60º
Balada das mais clichês lançadas em toda a carreira desde que a colombiana se tornou loira, “Underneath Your Clothes” é cantada, assim como originalmente, em tons que não favorecem os vocais de Shakira. Mesmo acompanhada por um single não tão bom, o palco ainda é totalmente dominado pela performer, que continua acompanhada apenas por sua banda. Méritos para ela.

“Gordita” – 20º
Parte mais desnecessária de toda a apresentação, “Gordita” é uma faixa ruim acompanhada de uma performnace ruim. Nem Shakira e nem sua banda parecem estar gostando genuinamente de interpretar a canção. A participação de Calle 13 é por um telão. A performance tem duração inferior a quatro minutos, que parecem, porém, intermináveis.

“Sale El Sol” – 80º
Faixa integrante do mais recente trabalho da cantora, “Sale El Sol”, apesar da letra batida, funciona bem em palco e parece deixar Shakira particularmente motivada. Os erros de edição, que deixam transparecer claramente os takes das gravações que são de dois diferentes shows, não comprometem o bom desempenho de Shakira desta vez, mesmo quando insiste em performar uma balada de auto ajuda como se fosse uma stripper.

“Las De La Intuicion” – 80º
Acompanhada de uma lamentável série de efeitos em “slow motion” no DVD, “Las De La Intuicion” tem uma perfomance interessante e um desempenho vocal invejável de Shakira, que demonstra um invejavel dominio de tecnicas vocais mesmo com o corpo em total movimento.

“Loca” – 90º
Shakira finalmente divide o palco com outras duas dançarinas na apresentação de “Loca”. A cantora contagia a plateia por completo com o começo da canção e não mede esforços para evitar que alguem se desanime, chegando a protagonizar uma “dança da bundinha”, imortalizada por Carla Perez no meio da coreografia da canção. A performance de Shakira é impecável tanto vocal quanto fisicamente.

“She Wolf” – 70º
Com contorcionismos corporais, Shakira inicia a performance de “She Wolf”, música que leva o mesmo nome do álbum lançado pela colombiana em 2009. A animação e o desempenho de Shakira são quase exagerados, o que fica incondizente com a canção, que tem um refrão extremamente apagado e esquecível.

“Ojos Así” – 95º
Canção que consagrou os quadris de Shakira mundialmente em 1999, “Ojos Así” é o momento do concerto no qual a artista dá seu show de exibicionismo com dança do ventre. É de deixar qualquer marmanjo de queixo caído e de deixar qualquer outra cantora pop que já tenha usado mediocremente meras requebrada com uma mão para cima em videoclipes, sob o pretexto de estar performando uma dança do ventre, constrangida.

“Antes De Las Seis” / “Je Laime à Mourir” – 65º
Depois de se despedir da platéia, Shakira volta ao palco para performar “Antes De Las Seis” e “Je Laime à Mourir” vestida como um bolo de festas. É aquele momento do show em que você, ao mesmo tempo, vê o quanto aquilo é desnecessário e necessário ao mesmo tempo: baladinhas clichês com direito a flocos de neve caindo pelo palco, por piores que sejam, acabam sendo necessárias para comprovar que o artista que dança, também tem algum conteúdo. A situação melhora um pouco com a segunda canção entoada. “Je Laime à Mourir” chega a ser até interessante enquanto canção.

“Hips Don`t Lie” – 85º
“Hips Don`t Lie”, single da cantora que atingiu o #1 nos charts de todo o planeta, inclusive da Billboard, é presença cativa em qualquer show de Shakira. O começo, voz-piano, é medonho porém curto. Tudo melhora quando as batidas originais da canção são entoados. Como um pavão, Shakira concentra esforços em seu traseiro para atrair todos os olhares. E consegue.

“Waka Waka (This Time For Africa)” – 90º
Single oficial da copa do mundo da Africa do Sul, “Waka Waka” é a canção que encerra o show de Shakira na França. É impressionante ver que, aonde quer que Shakira cante este single, seja em premiações ou em eventos, o público reage de forma única. Não é diferente neste Dvd. O encerramento, claro, não podia ser diferente: uma chuva de papéis coloridos prova que nem Shakira escapa do óbvio círculo de previsibilidade do mundo pop.

Termômetro Final: descalça, com a banda no palco principal e pouco acompanhamento bailarino, Shakira se mostra aparte do cenário de cantoras pop atuais. Além de conseguir cantar bem ao vivo, a colombiana consegue demonstrar que está no auge de sua forma física e que não se rendeu ao monopolismo musical americano, vide as canções escolhidas para comporem este DVD, recheado de hits em espanhol em exclusão a diversas canções gravadas em inglês. Aplausos para Shakira e, em especial, para seus quadris.

SHAKIRA: O QUADRIL