No dia 22 de setembro, Adele fez um show de despedida ao público antes de fazer uma pausa em sua carreira, sem data prevista para retorno, para tratar problemas graves em sua garganta, submetendo-se a intervenções cirúrgicas. O espetáculo, que ocorreu no luxuoso Royal Albert Hall, em Londres, foi lançado em DVD – o primeiro da carreira da jovem que, em 2011, vendeu mais de 18 milhões de cópias de seus dois álbuns, “19” e “21”.
“Hometown Glory” – 80°
A abertura é com a eficiente “Hometown Glory”, música ideal para celebrar a performance de Adele, que está em seu ninho, no Reino Unido.
Com vocais impecáveis, acompanhada apenas por um pianista, Adele surge, inicialmente, apenas em sombra, emergindo para o público, posteriormente, recebendo os cumprimentos de seus conterrâneos em uma rápida pausa pré-refrão. A cantora adéqua a sutileza da canção à sua letra, retirando o termo “shit” de seus versos, o que efetivamente soa um pouco deforme em sua versão original. A edição, contudo, peca ao se preocupar em mostrar, desnecessariamente, casais se beijando na platéia e em captar closes óbvios da cantora.
“Ill Be Waiting” – 90°
Faixa do segundo álbum de Adele, “Ill Be Waiting” é a segunda canção entoada no show. Adele demonstra visivelmente um esforço maior para atingir as altas notas exigidas, mas o faz com maestria. A performance é acompanhada pela eficiente banda e comprova que além de baladas, Adele é uma boa interprete para canções um pouco mais animadas.
“Don’t You Remember – 90°
Encerrado o curto momento ‘alegria’, voltamos à melancolia com “Don’t You Remember”, faixa na qual Adele apresenta uma interpretação que nos faz refletir o que fez a cantora se destacar tanto em 2011: além dos vocais e das boas músicas lançadas, Adele interpreta suas canções de verdade. Talvez por ser a compositora e produtora, ela saiba o real significado daquilo que entoa, e, portanto, o faz com tanta vivacidade. É isso o que se vê nesta canção. Destaque para a edição, que, finalmente, começa a acompanhar o brilhantismo da interprete.
“Turning Tables” – 95°
Um capítulo aparte no DVD de Adele é sua série de discursos entre as faixas. A cantora consegue mesclar canções tristes e depressivas com piadas e, inegavelmente, alguns comentários desnecessários, porém engraçados sobre si mesma. “Turning Tables” é um dos pontos mais altos do DVD. Adele consegue ser melhor ao vivo do que em estúdio em sua performance. A cantora não poupa nenhuma nota vocal para suas cordas vocais. Épico.
“Set Fire To The Rain” – 90°
Com um novo cenário, Adele entoa o terceiro single de trabalho do álbum “21”, o hit “Set Fire To The Rain”. Mais uma vez, a cantora consegue atingir todas as notas, sem desafinar em nenhuma sílaba, tampouco no difícil, porém contido verso final. Nem mesmo a desengonçada dancinha de Adele ou os estranhos casais de abraçando na platéia conseguem deixar a performance constrangedora. Ao contrário, o único constrangimento é Adele encher todas as suas frases de contato com o público com palavrões como a palavra “Fucking”. Algo bem diferente da imagem classuda que a mesma passa em seus álbuns.
“If It Hadn’t Been For Love” – 80°
Acompanhada por um quarteto de cordas, Adele explora o cenário country com “Is It hadnt been for Love”, hit de Dolly Parton. Apesar de boa na interpretação, Adele é, notoriamente mais espontânea quando se aventura em outros nichos musicais, que não o country. Nada disso, entretanto, compromete a performance.
“My Same” – 65°Antes de começar a performance, Adele explica que a canção fora escrita em homenagem à sua melhor amiga, que encontra-se na platéia do show. “My Same” é uma canção na qual a cantora pôde poupar muito bem sua voz. Sem esforços, Adele interpreta, sem nenhum tipo de diferencial, entretanto. Inegavelmente, um momento que não faz grande diferença no espetáculo.
“Take It All” – 85°
Adele parece tomar gosto pelas risadas da platéia no discurso pré-interpretação de “Take It All”, primeira canção escrita para o álbum “21”. A cantora fica tão à vontade que não hesita em continuar a sessão de piadas no primeiro verso da canção. Em alguns segundos, o intimismo, finalmente, toma conta da interprete que, novamente acompanhada apenas por um pianista, volta a colocar o show no patamar usual de suas apresentações.
“Rumour Has It” – 75°
Antes de iniciar “Rumour Has It” Adele dá um show de palavrões para sua platéia. Provavelmente, o elegante Royal Albert Hall, em toda sua tradicional história, nunca viu-se emergido sobre tantas palavras de baixo calão. Iniciada a performance, o show fica por conta de sua banda: eficaz e competente à milésima potência. O refrão do single, excelente em estúdio, não funciona, entretanto, tão bem ao vivo.
“Right As Rain” – 60°
Em “Right as Rain”, Adele exibe seu potencial pop sessentista seguindo uma linha musical que traz inevitáveis comparações à sua conterrânea Amy Winehouse. Muito embora sua banda tenha um bom desempenho e a cantora se demonstre mais à vontade no palco, a performance deixa a desejar no sentido de motivação a quem já está assistindo ao concerto há quase 1 hora.“One And Only” – 55°
Uma das baladinhas mais clichês de Adele é “One And Only”. Sentada para suportar as longas notas da canção sem escorregar, Adele escorrega. Não apenas escorrega em algumas notas como também exagera em certos momentos na interpretação de voz rasgada.
“Lovesong” – 85°
“Lovesong” é uma versão genial que Adele faz para um clássico do The Cure. Muito embora tratem-se de artistas totalmente distintos, a cantora consegue deixar o hit com seus moldes, com sua cara. Um acerto para o DVD de Adele. Destaque para a presença de diversos violinistas no palco acompanhando os acordes da canção. Um verdadeiro espetáculo.
“Chasing Pavements” – 70°
Primeira canção da carreira de Adele a receber atenção internacional, “Chasing Pavements” é faixa integrante do álbum “19”. A artista começa a interpretá-la logo após dar mais um show de carisma e domínio de palco com piadas e muito bom humor. Na interpretação do single, entretanto, Adele não decepciona, mas não empolga.
“I Can’t Make You Love Me” – 90°
Clássico de Bonnie Raitt lançado em 1991, “I Can’t Make You Love Me” é mais um cover muito bem escolhido por Adele para interpretar em seu DVD. A interpretação da britânica para a canção é de tirar o fôlego. É perceptível que, em certas faixas do show, com este, Adele entrega muito mais sua voz e se preocupa em atingir as notas mais difíceis sem poupar esforços. “I Cant Make You Love Me” é, definitivamente, um dos bons momentos do DVD.
“Make You Feel My Love” – 95°
Adele dedica o classico “Make You Feel My Love” de Bob Dylan para Amy Winehouse e interage com a platéia pedindo para que todos liguem seus aparelhos de telefone para iluminar o Royal Albert Hall. É um daqueles momentos em que se une uma intérprete única a uma canção única, um bom pianista e uma platéia pronta para admirar um talento, não o artista em si. A combinação é avassaladora.
“Someone Like You” – 90°
Após um longo diálogo com o público introduzindo ao público toda a história do relacionamento que a inspirou a compor o álbum “21”, Adele, ainda acompanhada apenas por um piano, interpreta o hit global “Someone Like You”. Pode parecer mentira, entretanto, mesmo após apresentar a música por tantas vezes, a cantora consegue manter seus vocais e performance carregados de emoção e verdade. Enquanto muitos artistas fazem caras, bocas e derramam-se em lágrimas forçadas para emocionar platéias, apenas os acordes vocais de Adele os superam, com facilidade. Adele faz todo o Royal Albert Hall entoar o segundo refrão da canção em um único côro. Cena única.
“Rolling In The Deep” – 55°
O que deveria ser o encerramento com chave de ouro de um DVD classe A, acaba sendo uma frustração e tanto. Após uma hora e meia de show, Adele parece estar menos disposta a se desgastar. Apenas isso poderia explicar o desempenho vocal arrastado e anasalado para o maior hit de sua carreira, “Rolling In The Deep”. Especialmente após conferir tudo o que a cantora é capaz de fazer, a performance fica ainda mais inaceitável. Tudo bem Adele querer mostrar que o hit está na boca do povo, mas a inglesa não canta NENHUM dos três refrãos sozinha, colocando o público para cantar em todos os momentos do single. A último estrofe interpretada, a propósito, é recheada de deslizes nas notas vocais. Para piorar, a produção do concerto resolveu colocar uma chuva de prata. Sim… Chuva de prata, aquele mecanismo completamente desnecessário utilizado por “artistas” do calibre de Calypso, Britney Spears e Edinéia Macedo para maravilhar o público. Adele, você não precisa disso.
Termômetro Final: Este é o primeiro show de Adele que vira DVD. A cantora tem apenas 24 anos de idade e dois CDs lançados, que, somados, já venderam 20 milhões de cópias em todo o mundo. Adele é um fenômeno global pelo talento que tem. Isso é comprovado no Dvd “Live At Royal Albert Hall”, que é voz, é interpretação, é grandiosidade simplório. Sem trocas de figurino, sem dançarinos, sem milhares de holofotes, sem voar pelo palco, sem playback. Adele traz de volta aos shows, o real sentido que os mesmos tem de ser: um cantor apresentando seus dons artísticos vocais ao público. Que seja o primeiro de muitos.
Por: Alex Alves
Yeah! +POPline
Termômetro de Verão: Adele – Live At The Royal Albert Hall
Descubra qual a temperatura do primeiro DVD da cantora britânica.
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