A empresária Nicole Balestro, que possui mais de 20 anos de experiência no ramo musical, expôs nesta quarta-feira (21), em seu perfil no X (Twitter), a sua preocupação sobre os rumos do mercado de eventos. De acordo com Balestro, daqui a pouco tempo, apenas alguns Festivais de Música poderão custear determinados cachês de artistas que estão exorbitantes dentro da realidade da indústria.
De acordo com Nicole, a sua preocupação é semelhante em relação à outros contratantes de shows com quem tem conversado. A profissional aponta que, em muitos casos, o sucesso numérico no âmbito digital, não necessariamente é convertido na venda de ingressos. No entanto, os cachês permanecem inflexíveis. Até o momento, a publicação no X (Twitter) já teve mais de 338 mil visualizações.
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Pensando uma coisa aqui – SEM POLÊMICA – daqui a pouco somente os festivais vão conseguir contratar alguns artistas. Posso estar enganada, mas tenho falado com muitos empresários de eventos e contratantes e tá cada vez mais difícil pagar cachês exorbitantes.
— Nicole Balestro (@nicolebalestro) February 21, 2024
Nessas várias conversas com empresários do entretenimento, já existe uma preocupação do futuro dos eventos. E minha teoria é: artistas vão ficar cada vez maiores na internet e “menores na rua”, porque vão se distanciar cada vez mais do seu público.
— Nicole Balestro (@nicolebalestro) February 21, 2024
Em conversa com o POPline.Biz é Mundo da Música, Nicole refletiu sobre os motivos nos quais a publicação está reverberando de forma rápida.
“Eu não esperava que esse Tweet tivesse tanta repercussão. Acho, inclusive, que o motivo disso é justamente porque é um questionamento feito pelo próprio mercado. Eu já fui a ‘contratada’ e enxergava o mercado de shows como uma engrenagem, uma via de mão dupla. Eu precisava do contratante para botar o trampo do meu artista na estrada e ele precisava de mim. Hoje, no lado de ‘contratante’ tenho visto muita dificuldade no mercado de fazer a máquina girar de forma sustentável”, aponta Nicole Balestro.
A empresária acrescenta: “isso se deve ao fato de termos artistas muito grandes na internet, mas que não tem o mesmo peso para lotar uma casa de show. Consigo ver esse fenômeno num movimento da pandemia: ninguém saía de casa e teve aumento no consumo de streaming. Com o retorno das eventos, não tivemos uma ‘normalização’ desse processo. No paralelo, as marcas continuam enxergando apenas os grandes festivais, deixando os independentes com dificuldade tremenda de fechar conta.”
Além do cachê, um tema levantado nos comentários no Twitter são as exigências do rider camarim, que também são da responsabilidade do contratante dos shows.
+ Rider de efeitos com 5 cilindros de 45 kgs de Co2 + 5 Silverjet + 3 Gerb num palco 2×2 kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk https://t.co/WtSc3lZ6zw
— Nicole Balestro (@nicolebalestro) February 21, 2024
O tema não é novidade e começou a ganhar comentários no mercado a partir da retomada após o período pandêmico. Em paralelo ao aumento dos cachês, o número de Festivais de Música, cresceu substancialmente. Com isso, Festivais considerados “mainstream”, começaram a criar iniciativas “menores”, em um período de sazonalidade menor, para abraçar outras frentes da indústria. Com isso, alguns Festivais independentes não conseguiram manter o modelo de negócios.
Portanto, o diálogo sobre a base da criação dos cachês dos artistas deve ser um dos principais temas da indústria musical brasileira em 2024.