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Som Livre, AUR e Theo Zagrae exaltam cultura negra com projeto ‘POSS’

Em entrevista ao POPline.Biz é Mundo da Música, Pedro Bonn, da plataforma AUR fala sobre o propósito e o legado do POSS que está em sua 2ª edição

Som Livre, AUR e Theo Zagrae exaltam cultura negra com projeto 'POSS'
Zezé Mota, Luedji Luna e YOÙN participam da segunda edição do projeto POSS, Projeta Os Seus Sonhos. Foto: Divulgação/Som Livre

Som Livre, AUR e o produtor Theo Zagrae exaltam cultura negra com projeto “POSS”, Proteja Os Seus Sonhos. A iniciativa lança hoje (19) – propositalmente na véspera do Dia da Consciência Negra – o segundo volume do álbum musical que leva o nome do projeto.

Com oito faixas, sendo sete inéditas, o álbum “POSS – Proteja Os Seus Sonhos, vol. 2” chega ainda com nomes como Zezé Motta, Luedji Luna, o duo de jazz YOÙN, Thiago Pantaleão, Lukinhas, Kynnie, Késia Estácio, entre outros, totalizando 18 artistas.

Fruto da união do slap, selo da Som Livre, com a plataforma de cultura negra AUR e o produtor Theo Zagrae, o POSS é uma iniciativa multiplataforma que promove encontros criativos entre artistas negros de diferentes gerações e gêneros musicais. Tendo como objetivo promover a autonomia para que o povo preto possa contar suas próprias histórias – colocando-o no papel de protagonista e o afastando de uma visão restrita de flagelo, exclusão e sofrimento -, o POSS é por definição um projeto que expressa a diversidade jovem preta brasileira por meio da música e do audiovisual.

Em entrevista ao POPline.Biz é Mundo da Música, Pedro Bonn, produtor e responsável pela plataforma voltada para a cultura negra AUR, uma das parcerias do projeto POSS, falou sobre a importância desse projeto que traz visibilidade e promove encontros tão marcantes na comunidade preta.

‘’Acredito que a maior importância é mostrar para as gerações futuras que existiam pessoas pretas extremamente criativas e capazes de entregar um projeto como esse. A gente sabe de tudo que a gente passa pra gente se manter vivo dentro do mercado da música, da comunicação e também do audiovisual, e fazer uma união de pessoas tão interessantes e tão importantes, sejam artistas criativos, bastidores e todas as pessoas pretas que tem essa mentalidade pra entregar esse tipo de projeto é super importante e relevante, pavimenta um bom futuro para as próximas gerações, para que outras gerações não passem pelas mesmas coisas que a gente passou. De pouquinho em pouquinho a gente vai igualando toda a história’’, diz Bonn.

Pedro Bonn, da plataforma de cultura negra AUR fala sobre o projeto POSS em parceria com a Som Livre, slap e o produtor Theo Zagre
Pedro Bonn, da plataforma de cultura negra AUR fala sobre o projeto POSS em parceria com a Som Livre, slap e o produtor Theo Zagre. Foto: @louquera/Divulgação

O produtor ainda revelou como foi feita a curadoria dos artistas e músicas gravadas, que segundo Bonn, já é feita há algum tempo, ao lado de Theo Zagrae e outros parceiros do projetos. “A gente vai enxergando todos os artistas que a gente gosta de trabalhar, que a gente confia, que a gente enxerga potencial e a gente convida”, revela.

“Além disso tudo, queremos trocar ideias com artistas que pensam, sim, igual, mas também que pensam diferente da gente. Como eu sempre falo, a queremos montar uma grande redoma de diversidade preta dentro desse conteúdo, conversar, abrir papo e, principalmente, deixar todo mundo livre pra poder criar, porque artista no final das contas é o criador mais potente que existe no mundo”, destaca Bonn.

Então, a partir daí, fazemos essas conexões, entendemos o potencial artístico de cada um e, principalmente, o potencial de mentalidade, pra gente sempre dar uma outra visão em cima de uma pauta que já é super bem falada”.

POSS: histórico e resultados previstos para a 2ª temporada

Em 2020, a primeira edição do POSS apresentou um álbum com nove faixas, interpretadas por 15 artistas negros que representam o futuro de uma nova cena musical – entre eles, nomes como Luthuly, YOÙN, Ebony, GABZ, Késia Estácio, Jonathan Ferr e Anchietx -, além de um curta-metragem, dividido em três atos.

Pedro Bonn avaliou os resultados a longo prazo da iniciativa que ajudou a impulsionar talentos no mercado musical.

“Mas é como eu sempre falo também: eu acredito que o projeto é um grande contribuinte para a carreira desses artistas, não é algo extremamente definidor, mas é uma contribuição, um grande empurrão para esses artistas continuarem a batalhar dentro das suas carreiras.”

“No “Proteja Os Seus Sonhos, vol. 1” a gente trabalhou basicamente e principalmente com artistas novos, artistas da nova geração, e conseguimos comunicar para eles uma grande possibilidade de falar sobre isso sem nenhum tipo de medo e receio, com a parceria de uma grande gravadora”, pontua o produtor da plataforma AUR.

“Então a gente desmistifica algumas questões sobre essas relações profissionais, e dessa forma, os artistas conseguem ser livres para fazer o que quiserem. A partir do primeiro, vários artistas cresceram, mas de fato eu acredito que o “Proteja 1” contribuiu demais na carreira desses artistas, fazendo com que eles consigam ter mais força para seguir em frente.’’, completa Bonn.

Proteja Os Seus Sonhos vol. 2

Além do álbum em si, também estão previstos vídeos-performances para cada faixa, além de materiais em podcasts e documentários de entrevistas com os artistas envolvidos. Com o tema “Autocuidado” – diretamente alinhado com a hashtag #NãoFalaremosSobreOFeticheEmNós, apresentada no vídeo-manifesto divulgado recentemente nas redes sociais no POSS -, o álbum “POSS – Proteja Os Seus Sonhos, vol. 2” foi gravado no hotel boutique Chez George, localizado em Santa Teresa, no Rio de Janeiro, com estúdio próprio e vista 360º da Cidade Maravilhosa.

 

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Além dos artistas já citados, completam o time os talentos da nova geração da black music Thami, Becca, Juye, Hiran, Izrra, Afroito e Kaleb. Apresentando parcerias musicais inéditas entre os convidados, que cantam suas realidades em quatro subtemas definidos a partir da narrativa central – Amor, Frustração, Fragilidade e Felicidade/Futuro -, a única exceção às canções e feats é a track “Dentro”, na qual Zezé Motta enobrece o projeto ao declamar um poema na abertura do álbum, que fala sobre resistência, coletividade, autocuidado e amor ao próximo.

Completam o projeto as faixas “Espelho” (Luedji Luna e YOÙN), “Feels” (Melly e Lukinhas),
“Lua” (Thami, Becca e Juye), “Baile de Pretx” (Hiran e Kesia), “Qualquer Lugar” (Izrra e
Thiago Pantaleão), “LekeLeke / Vou Festejar” (Afroito, Kalebe e Kynnie”, além de “Eu Chorei”, sendo esta última a única já conhecida do público.

Lançada como single no começo do mês de novembro, “Eu Chorei” trouxe um feat entre o sambista Tiee, o rapper BK e o expoente do R&B Luthuly, e inovou ao falar sobre a superação do dia a dia trazendo o choro como um elemento de emoção característico das vitórias, o afastando da comum ideia de tristeza e sofrimento.