Pouco menos de 5 meses. Esse é o tempo total que os fãs do MONSTA X ficarão acampados nas proximidades do Espaço das Américas, em São Paulo, para o show do grupo de k-pop e a espera está finalmente no fim. No entanto, antes que alguns torçam o nariz e emitam os tradicionais questionamentos “mas ninguém trabalha? Ou estuda?”, uma breve conversa com quem está na fila desde o dia 27 de fevereiro coloca por terra a fama de “desocupados” e o preconceito.
Para tentar evitar comentários negativos, uma plaquinha foi improvisada e colocada em destaque no muro lateral ao acampamento enfeitado também com o rosto dos integrantes do MONSTA X. Os cartazes identificam o artista motivo da fila, o dia do show, a barraca da qual os fãs fazem parte e respondem a perguntas corriqueiras. “Tomamos banho sim”, avisa um dos textos com exclamação.
“Fizemos a plaquinha na parede pois, todos os dias, recebemos várias reclamações do tipo ‘vão trabalhar, vão estudar, seus pais não reclamam de vocês estarem aqui?’. Tem muita gente também que não conhece como funciona o acampamento e fica reclamando, xingando as pessoas, e algumas também acham legal, se preocupam e afins. Nós recebemos vários hates por conta de estar acampando. Pessoal falar que é injusto com quem vem apenas no dia do show e afins. Nós somos fãs, nós temos vida, família, trabalho (eu mesma pedi férias para a semana do show)”, disse ao POPline Karina Souto, mais conhecida entre os fãs de MONSTA X como Kushy e administradora da barraca de número um. “Em partes, esse preconceito incomoda. A curiosidade é algo inevitável. Sabemos que muita gente acha que não fazemos nada da vida e quando descobrem que fazemos ou arrumam outro motivo para reclamar ou falam ‘tomem cuidado e bom show'”.
Sim, você leu certo: administradora. Karina é quem comanda o revezamento de 60 pessoas em apenas uma das quatro tendas armadas faltando menos de 10 dias para o show. “Cada grupo/barraca tem sua administradora para manter o máximo de controle de organização. “Nós sempre deixamos tudo organizado no acampamento, fazemos faxinas diárias, limpamos tudo para evitar doenças. Nos revezamentos pois todos trabalham e/ou estudam”, avisa reforçando que há um grande esforço de controle de ida e vinda de pessoal e de limpeza. “Temos uma planilha semanal que contém dias e horários de entrada e saída de cada pessoa. Cada um anota também em um controle a sua entrada e saída. A soma de horas e de ajuda financeira (comida e outras necessidades) contabilizada no final do acampamento, nos dá a ordem dentro do nosso grupo. Nós também temos amigos de fora de São Paulo quem vem mensalmente revezar com a gente (incluindo a galera que está de férias está em SP). Na semana do show, teremos nossa pulseira com ordem numérica e crachá para que haja uma organização dentro do grupo e para que não haja nenhum problema”, nos revela o segredo da harmonia entre os acampados.
Nos últimos dias, o frio e chuva em São Paulo dificultaram um pouco mais a situação. “Encarar o frio está sendo muito complicado. Levamos e compramos cobertas adicionais, dormimos sempre juntos para nos mantermos seguros e aquecidos”.
No entanto, a dificuldade só vem aproximando os fãs e, verdade seja dita, ao visualizarem o objetivo final, ninguém se importa. O que incomoda mesmo é o julgamento antecipado. “Passamos por diversas coisas no acampamento. Infelizmente nem tudo são flores, mas tivemos momentos muito bons. O acampamento para muitas pessoas é um momento de descontração, de estar com os amigos, de se divertir. Pessoal sempre está cantando, dançando, vendo filme, estudando e lendo. Sempre estamos fazendo alguma coisa. Mesmo que seja apenas conversando”.
E só faltam poucos dias. A apresentação do MONSTA X em São Paulo está marcada para o dia 19 de julho.