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Gravadora ou agregadora/distribuidora?

Antes de chegar a esse ponto, é necessário que o artista saiba qual a sua posição no mercado e trace seus objetivos com clareza.

Sucesso, via de regra, não cai do céu.

Ter apenas talento, sem equipe, planejamento, investimento e trabalho sério, não garantem sucesso a ninguém. (Vide 1º texto que escrevi pra coluna)

Como advento do streaming e com sua crescente adesão, podemos dizer, que o dinheiro retornou à indústria. No entanto, para que essa monetização seja significativa, são necessários milhares de streams naquela faixa. E esse é o desafio.

O número de artistas independentes, hoje, já ocupam mais de 50% do mercado, segundo o relatório da ABMI. Mas, as  gravadoras, por sua vez, oxigenadas pela receita do digital, conseguem fazer grandes investimentos, aparelhar a companhia equipe e tecnologia para potencializar seus artistas e seu catálogo.

 

Voltando ao tópico inicial: Gravadora ou agregadora?

Vai depender do que você pretende. 

À saber: nada vem de graça, para tudo há uma contrapartida. Afinal, todo o trabalho deve ser remunerado, há margem de lucro, no entanto, vai depender de quanto você esta disposto a pagar e/ou se comprometer.

Vantagens de uma gravadora (num plano ideal):

  • Ter estrutura de marketing;
  • Disponibilizar equipe;
  • Caso seu contrato seja de cessão, faz as liberações autorais e cadastrado dos seus fonogramas;
  • Pode usar força negocial a seu favor;
  • Devido ao grande número de artistas que tem, consegue atuar para te dar destaque, por vezes usando o peso de outros artistas e vice-versa, caso seja você um grande artista da companhia.

As contrapartidas de uma gravadora:

  • Os contratos são complexos:
  •  Estes podem ser de de cessão definitiva (os fonogramas pertencerão a esta gravadora ‘“pra sempre” (70 anos – tempo da lei); ou podem ser licenciados (ou cessão com tempo determinado) e após esse período, retornam para você;
  • Caso de licenciamento, não fazem liberação autoral e nem geram ISRC; 
  • Arrecadam execução pública como produtor fonográfico;
  • Além do prazo do contrato e de exclusividade artística pode haver um longo prazo de exploração dos produtos;
  • E o percentual de royalties que a gravadora paga, são baixos; 
  • Obs.: na praxe ficam na casa dos 30% variando bastante pra baixo de caso a caso, mas, varia pouco pra cima… Raramente chegam a 50%.

Falando rapidamente sobre agregadora/distribuidora, antes de citar vantagens e contrapartidas:

Via de regra as distribuidoras, como o próprio nome já sugere, vão distribuir sua música nas lojas digitais, vão lhe cobrar um percentual por esse serviço por período ou por produto. Simples assim.Elas são empresas de tecnologia, voltadas para música. 

Vantagens de uma agregadora:

  • Contratos costumam ser simples e sem grandes amarras;
  • Tudo pertence a você, ela distribui seus fonogramas/ videofonogramas sob um contrato de licença por tempo determinado ou valendo para àquele produto;
  • Paga um royalty bem maior. Obs.: Na praxe repassa em média entre 70% a 80% de royalties à você; o que entra de produtor fonográfico na execução pública, vai pra você;-

Contrapartidas de uma agregadora (via de regra): 

  • Talvez não ofereça serviço de marketing;
  • Talvez não disponibilize uma equipe e infraestrutura para desenvolvimento do seu trabalho artístico;
  • Não faz as liberações autorais e nem cadastros dos seus fonogramas e seus ISRCs; (o produto te pertence, e você quem deve fazer);
  • Talvez não faça novos negócios ligados a ações, campanhas, etc.

No entanto, devido ao crescimento exponencial do digital, muitas agregadoras já se modernizaram e tem investido para que os artistas distribuídos por ela possam aumentar seus ganhos. 

Dito isso, fica mais fácil escolher o caminho:

Caso opte por uma Agregadora, organize-se, monte sua equipe e arregace as mangas. As agregadoras, já te repassam a maior parte dos rendimentos. Trabalhe, afinal você estará construindo o seu catálogo, sua carreira, investindo em Fonogramas que são seus.

Já as Gravadoras retém um percentual maior, pois dispõem de uma máquina maior, para trabalhar para você, gerir sua carreira artística e te posicionar no mercado. Por vezes, o fonograma é dela, por isso elas podem ser “agressivas” nas ações e investimentos.

 

Para onde devo ir?

Avalie: se você está no início de carreira, precisa de visibilidade, de gente com expertise no mercado, além de um aporte financeiro, talvez uma gravadora seja um melhor lugar;

Se você já tem um tempo de carreira, ou catálogo consolidado e uma equipe própria com expertise no mercado, talvez uma agregadora seja mais interessante;

Mas não há regra. No mercado nacional e mundial, temos diversos exemplos de artistas que fizeram esses movimentos de gravadora para distribuidora e vice-versa e os resultados não seguiram uma “lógica” variaram com experiências bem e mal sucedidas para todos os lados.

Se há algo que posso dizer que aprendi no mundo da música, é que além de fazer nosso trabalho com qualidade, devemos sempre estar atentos ao mercado. Pois a música sempre será consumida, mas os formatos vão mudando e precisamos estar inteirados.

Se me permite um conselho: seja engajado em seu trabalho, tenha o máximo de controle sobre sua equipe, acompanhe de perto, aprenda, faça contatos e não se acomode.

Dessa forma, você vai saber identificar por onde é melhor navegar e quando porventura o leme do navio vier parar em suas mãos, você vai saber administrar a navegação: escolher se mantém a rota e em velocidade de cruzeiro; se vai em direção de águas tranquilas; ou vai se arriscar um pouco mais na arrebentação para aportar na praia… Mas, fará sua opção consciente dos caminhos, saberá agir e não vai jogar o seu navio contra uma parede de pedras… 

Gravadora, ou agregadora?

Em uma ou em outra, você terá de trabalhar duro! Escolha a que for melhor para bater as suas metas e atingir os objetivos que deseja sabendo das contrapartidas de cada uma delas.

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Sergio Jr. é integrante do grupo Sorriso Maroto, Músico, Compositor e Produtor Musical, com 22 anos de atuação no mercado fonográfico. Bacharel em Direito, Criador e Diretor Artístico da “Artesanal Digital” (Editora/Selo/Produtora).

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