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Sem fórmulas, com técnica: compositores explicam o processo de construção de hits

O processo de composição que pode ser repleto de referências pessoais, intuitivas também possui técnica que está longe de ter uma fórmula pronta.

O jornal O Globo trouxe alguns relatos de compositores de hits atuais que falam sobre os elementos construtivos de cada canção, veja alguns deles em seguida:

Junior Gomes, autor de “Notificação preferida” (gravada por Zé Neto e Cristiano, está na lista de mais tocadas) diz que: “eu vi alguém postando e me chamou a atenção. Pensei: ‘Caraca, isso dá uma música’. Tento focar em frases que eu vejo as pessoas postando no Instagram, por hashtags’.

Outra da lista, “Quem me dera” (Anderson Valente/ Romim Mata/ Thalison/ Walber Cassio/ Xuxinha) parte do mesmo recurso, ao transformar em verso a frase-meme “Deus me livre, mas quem me dera”.

Mas há quem entenda que esse método tem seus contras, como Everton Matos, autor de “Ciumeira” e “Passa mal” (ambas na lista). Ele assina as duas com Paulo Pires, Diego Ferrari, Ray Antônio, Guilherme Ferraz e Léo Sagga (combo de compositores da empresa Single Hits).

“Tem muita gente que vê tema na internet. Mas o problema é que às vezes você chega com algo que todo mundo tá falando, leva pro cantor e descobre que já chegaram três músicas pra ele sobre o mesmo tema. Gosto mais de pegar frases como “a sorte dele é que ele beija bem”, que uma amiga nossa falou e que acabou gerando “Sorte que cê beija bem” (sucesso com Maiara e Maraisa)”, diz Matos.

 

Bruno Caliman, autor de hits como “Camaro amarelo” e de duas canções das 20 mais tocadas hoje, “Cobaia” e “Péssimo negócio” tem um método mais elaborado:

“Estudei cinema, escrevo roteiro, leio muito, penso muito a construção do texto a partir da ideia de ethos e pathos de Aristóteles, conta Caliman. Minhas músicas são quase como roteiros. Eu apresento o personagem, situo onde ele está, descrevo a cena, procuro uma perspectiva diferente. “Cobaia”, por exemplo, fala de uma relação amorosa como se fosse alguém pedindo emprego. São características das minhas canções.

A música “Te esperando” (sucesso de Caliman na voz de Luan Santana) tinha um monte de acordes e dissonâncias. Mas lendo “Memórias do cárcere”, de Graciliano Ramos, percebi uma coisa. O livro tem uma parte inicial num ritmo chato, mas que depois você percebe o sentido daquilo. A primeira parte de “Te esperando” fala da vida tediosa da personagem, então refiz, pus uma melodia tediosa, repetitiva, em cima de dois acordes. E só no refrão vem o ponto de virada”, diz.

 

Umberto Tavares, parceiro de Jefferson Junior em “Terremoto” (dueto de Anitta e Kevinho que está no topo da lista) — também defende que arranjo e sonoridade podem ser até mais importantes do que a letra:

“O refrão de “Bang”, da Anitta, é um frase de sax. Era algo que eu percebi que estava rolando lá fora e achei que tinha tudo a ver com ela. Além disso, naquele momento o reaggaeton estava ganhando espaço no mundo, e ele fica entre 95 e 100 bpm (batidas por minuto) , bem mais lento que o funk, que é 130 bpm. Seguimos essa tendência e deu certo — lembra Tavares. — Já “Terremoto” foi feita pra Anitta e Kevinho cantarem juntos. Partimos dessa palavra, que tinha a ver com os dois, e fizemos a canção a partir daí.

É fora de contexto hoje uma canção de uma mulher em competição com a outra. A batalha da fiel contra a amante (que fez sucesso no funk) hoje não teria sentido”, acredita Umberto Tavares.

Umberto participou do nosso CONAMúsica 2017 e ele falou sobre segredos da Produção Musical. Além dele, também tivemos Michael Sullivan e Tierry que falam sobre a construção de hits, que você pode conferir também em seguida:

 
 
 
 
 
 
A matéria completa do O Globo você pode ler clicando aqui.

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