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‘Se faz música tão bem quanto antes’, diz Frejat aos saudosistas no canal Papo de Música

Divulgação/Papo de Música
Em entrevista com Fabiane Pereira, Frejat faz profunda avaliação da perda de popularidade do rock e acredita que isso aconteceu por uma exploração comercial muito grande que esvaziou as ideias do gênero.
Divulgação/Papo de Música

Destaque nacional na música brasileira, desde os anos 80, Roberto Frejat vivenciou diferentes cenários culturais do país e garante: “em todas as épocas fizeram músicas maravilhosas e muita porcaria também, não existe isso de uma época melhor que a outra”.

Em conversa com o canal Papo de Música, apresentado pela jornalista Fabiane Pereira, o cantor e compositor mandou um recado direto para os roqueiros mais saudosistas e ainda falou sobre a relação do ser humano com o meio ambiente, a importância de Pepeu Gomes em sua trajetória, a construção de um futuro “comum” por meio do diálogo, lançamento do álbum “Ao Redor do Precipício” e suas referências musicais.

 

Mesmo concordando que o rock tenha perdido força na cena, o cantor e compositor passa longe de atribuir isso a uma suposta falta de qualidade musical nos atuais representantes do gênero. Nome que ganhou projeção por sua atuação na banda Barão Vermelho e por colaborações com artistas como Cazuza e Cássia Eller, ele observa uma ligação da impopularidade do estilo à comercialização em massa da ideia de rebeldia transmitida pelas músicas.

“No final dos anos 60, início dos 70, todo o sistema – uma estrutura mais conservadora – tentou assimilar o caráter rebelde do rock para vender produtos. Ele foi cada vez mais incluído em propagandas, anúncios, etc., e chegou no seu esgotamento nesse sentido. Isso vai diluindo uma mensagem que é forte até hoje”, avalia o artista carioca. 

Frejat vê na nostalgia exacerbada traços de conservadorismo. Para ele, isso aponta para um esvaziamento da mensagem do rock. “O público hoje tem essa faixa etária mais velha, de pessoas que ficaram com as músicas como trilha sonora e não com o significado que elas tinham que ter a vida inteira”, diz. 

A falta de entendimento entre gerações do rock não foi o único problema de diálogo apontado pelo artista. Ao falar do shows, Frejat destaca “a força da música cantada” e que o artista no palco tem que ser melhor do que no disco, apresentando além do que foi trabalhado no estúdio.

Já ao falar do debate sociopolítico brasileiro, o artista lembrou da polarização de opiniões e apostou na comunicação como forma de resolver o problema. “A gente não tá conseguindo construir um futuro comum. Se um ficar berrando na cara do outro, não vai adiantar nada”, pontuou.  

Com o recém-lançado álbum “Ao Redor do Precipício”, o músico falou da relação entre o momento vivido pelo mundo e seu mais recente trabalho – final de um hiato de 12 anos do formato de discos. Apesar de ter nascido antes da pandemia do novo coronavírus ser decretada, Frejat sente que, de certa forma, o título e sentimentos presentes no registro assumiram um papel profético. “Antecipou o momento que estamos vivendo”, conta antes de destacar a desigualdade social no país e a “prepotência do ser humano de achar que o planeta é nosso” como dois fatores indicativos de tempos complicados. “Na verdade, somos parte do planeta”, destaca. 

Além de dar uma palinha de composições icônicas da carreira, o cantor ainda falou sobre o orgulho de ter trabalhado com Cazuza e relembrou a sua inspiração para se tornar guitarrista, Pepeu Gomes. “No dia que vi o show dos Novos Baianos, o Pepeu me justificou ser guitarrista no Brasil”, lembra. 

A entrevista completa com Frejat está disponível no canal Papo de Música, confira abaixo:

 

Sobre o canal Papo de Música

O Papo de Música é um dos raros espaços no YouTube que tem a música como protagonista. Comandado pela jornalista Fabiane Pereira e dirigido pelo videomaker Vitor Souza Lima, o canal traz, semanalmente (toda terça-feira, ao meio-dia), uma entrevista inédita com algum cantor ou cantora. Com um tom íntimo e pessoal, o Papo de Música não se restringe a nenhum nicho musical e diversidade é uma das suas principais características.

Em um ano e meio de existência, o canal lista mais de 70 entrevistas. Passaram por ele nomes como Erasmo Carlos, Criolo, Adriana Calcanhotto, Pabllo Vittar, Daniela Mercury, Djonga, Xande de Pilares, Tuyo e Duda Beat.

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