Um dos novos rostos do pop nacional, Romero Ferro faz uma mistura de ritmos que inclui tecnobrega e pop em um som vibrante e cheio de sofrência! Aos 27 anos, o pernambucano de Garanhuns já lançou um disco, EP e até desbancou nomes como Pabllo Vittar e Elza Soares ao faturar o prêmio de melhor música com “Pra Te Comquistar” na Semana Internacional da Música em São Paulo. Prestes a lançar o novo trabalho, em entrevista ao POPline, Ferro abre o jogo sobre a sua trajetória e conta novidades sobre o que vem por aí!
Romero, você define a sua música como “Tropical Brega Wave”. De onde veio a ideia de chamá-la desse gênero?
Desde do lançamento do meu primeiro disco, o Arsênico (2016), eu já me sentia envolvido pelo Brega pernambucano e pela New Wave, mas nunca tinha passado pela minha cabeça unir os dois. Por um momento eu achei que o meu segundo disco sairia totalmente Brega, ou totalmente New Wave. Até que durante um papo com meu diretor artístico, o Patricktor4, ele sugeriu: “E por que a gente não junta os dois?”. No começo fiquei um pouco apreensivo, mas depois percebi que as sonoridades tinham muito em comum. E aí chegamos no nome “BregaWave”, curto e atraente! Eu não conheço nenhum artista que tenha feito isso, talvez seja um lance inédito, e isso é massa demais!
Além de cantor, você também é compositor. Em ‘Acabar a Brincadeira”, por exemplo, tem um quê de se empoderar depois de comer muita poeira por aí. Geralmente como vem a inspiração para escrever as suas canções?
Eu me inspiro com qualquer coisa, costumo dizer que tudo pode virar uma música, dos sentimentos mais densos e complexos, aos mais simples e sutis. A grande sacada é entender como abordá-los na canção, entender como o teu público vai se identificar. Eu escrevi “Acabar A Brincadeira” pensando em todas as pessoas que a ouviriam e pensariam: “Caramba, eu já passei por isso! Eu já fui muito iludido por alguém!”. Tem um pouco da minha vida, e um pouco de tudo o que eu observo por aí. O compositor ele é, antes de tudo, um grande observador!
Na Semana Internacional da Música em São Paulo, no último dia (08), você ganhou o Prêmio de Melhor Música com “Pra Te Conquistar” concorrendo com nomes como Elza Soares e Pabllo Vittar. Como você se sentiu? Ficou surpreso com o resultado? Por que você acha que a música realmente conquistou os jurados?
Nossa, eu juro que não esperava, foi uma surpresa muito feliz. “Pra Te Conquistar” é uma canção que eu fiz de forma muito singela e genuína. E isso transparece para as pessoas que a escutam. A crítica falou muito bem dela, e o público também. Ela ficou muito equilibrada no que se entende como música Pop, e agregou públicos muito diferentes. Eu amei isso.
Olhei a sua agenda e notei que os seus próximos shows, todos, sem exceção, são na Região Nordeste. Você, como pernambucano, está preparando um projeto diferenciado para a Região?
Não foi algo intencional, mas fiquei feliz em começar o ano fazendo shows na minha região. Tenho muito orgulho de ser nordestino, pernambucano, e fazer parte de uma cultura tão rica, tão visceral. O público é sempre muito especial, e sempre rolam versões especiais que só funcionam no Nordeste. Consigo fazer releituras de outros bregas, que nas outras regiões não são tão conhecidos.
No clipe de “Acabar a Brincadeira” a estética da pop art habita e se faz presente. Esse conceito marcará essa nova etapa da sua carreira? Se sim, de que forma?
Sim! Essa estética que eu venho adiantando nos dois últimos singles vão ditar todo o visual do novo álbum, esse universo pop, oitenta e noventa, neon, vapor wave, vai chegar forte no meu trabalho. E é algo que está cada vez mais sendo revisitado no audiovisual, na moda, nas artes plásticas… As cores estarão dentro da mesma paleta, assim como os figurinos, os timbres, as melodias e letras… Cada canção e clipe serão um segmento do universo que será o meu segundo disco.
Eu também fiquei sabendo que você gravará um clipe com a sua conterrânea Duda Beat. Pode entregar pra gente alguns detalhes? Pernambuco é um estado com uma cultura enorme, mas que nos últimos anos vem chamando atenção principalmente pela produção audiovisual e aos poucos, musical. Como você espera que seja essa “expansão pernambucana” pelo Brasil?
Tem um feat com a Duda Beat pronto! A canção se chama “Corpo Em Brasa” e fala sobre se permitir ser livre durante uma noite louca. Ela tem a mesma estética “BregaWave”, mas também mescla com alguns elementos da música latina. Gravaremos o clipe muito em breve, e ela vai ser o próximo single. Eu me sinto muito feliz em ver a música pernambucana se expandindo para o país, principalmente se tratando de pop pernambucano. Eu sempre quis mostrar que existe música pop sendo feita em Pernambuco – é muito bom ter espaço para isso. E me sinto feliz em saber que Duda também pensa assim. Por isso essa canção é tão representativa para gente. E tem o Johnny Hooker, que é conterrâneo e também tem um trabalho pop muito forte que nos antecede. O país precisa conhecer mais a fundo o brega que fazemos em Pernambuco, e acho que isso está começando a acontecer.
Soube também que você está se preparando para lançar o seu novo álbum “FERRO” após o Carnaval? Como foi o processo desse novo trabalho? O que vem de novo? Tem parcerias? Conta tudo pra gente!
Tô superansioso, terminando as últimas canções e detalhes! Me sinto muito mais maduro nesse novo momento, é um novo Romero. Adoro saber que os discos representam processos de mudanças, isso é muito especial. Além da Duda Beat, o álbum contará com mais um feat, que em breve eu quero revelar com exclusividade aqui no POPLine. E ele tá superdançante, mas tem um lado sofrência também. Se é para sofrer por amor, melhor que seja na pista! (risos)
Romero, quais são as suas maiores influências na música? Tem alguns nomes que você sonha em fazer um dueto? Pode revelar?
Eu tenho muitas influências desde Cazuza, Renato Russo, até David Bowie, Madonna… Sou muito sem preconceitos para música. Acho que a música precisa unir, unir cada vez mais. O mundo está precisando disso, e a música tem esse poder. Quero fazer feat com muita gente, desde Anitta, Glória Groove, Pabllo Vittar, IZA, Sandy, Caetano, Lulu e Ney.
Pude notar que a sua própria estética é mais um componente da sua arte. Você é um homem que usa uma maquiagem evidenciada em seu clipe e também em algumas apresentações. Em um Brasil onde algumas manifestações culturais estão sendo censuradas, qual a importância que você enxerga de se expressar dessa maneira?
Eu defendo a liberdade de expressão, a liberdade de ser quem você quiser, sem rótulos, sem medo, sem machucar os limites de ninguém. Eu sigo muito o meu coração, já tive uma fase em que usava uma maquiagem mais forte, agora estou entrando em um momento mais suave. Mas não existe uma regra, existe aquilo que te faz bem, que é a tua verdade. Ser autêntico é fundamental porque te torna único e te faz perceber como tudo é igual e diferente ao mesmo tempo. Como não existe ser bonito ou ser feio. Existe apenas ser você e se amar assim.