A partir de 10 de dezembro, a dois meses da folia, o Rio Carnaval terá um programa semanal na Band: o “Samba Coração” será exibido aos sábados, a partir das 16h. Este será um modelo inédito – o primeiro dedicado às Escolas de Samba cariocas e às estrelas que as integram! Spoiler: logo no programa de estreia contará com a participação de Pocah.
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A atração será comandada pela porta-bandeira da Beija-Flor de Nilópolis, Selminha Sorriso, e pela rainha de bateria da Mangueira, Evelyn Bastos. Junto à dupla, cada edição terá convidados especiais ligados às agremiações!
Além de âncoras, que formarão um dos poucos programas de TV apresentados apenas por mulheres negras, o “Samba Coração” contará com a participação de uma matriarca do samba: Tia Surica, da Velha Guarda da Portela. A baluarte da azul e branca terá um quadro próprio, em que vai compartilhar dicas com os foliões, do alto de seus 82 anos de vida.
Como surgiu a ideia?
Desde o ano passado, o empresário Gabriel David, responsável pelo departamento, tem atuado para fomentar iniciativas que ampliem o espaço dedicado ao Carnaval na cobertura televisiva.
Esses esforços levaram, por exemplo, ao “Seleção do Samba” (da TV Globo, com produção da Endemol) e à transmissão do Sábado das Campeãs pelo Multishow. O “Samba Coração” é um novo avanço neste mesmo sentido.
“O programa ajudará a valorizar as pratas da casa do Carnaval, colocar o sambista em evidência e suprir uma demanda do público que vive a festa o ano inteiro, desejando se sentir reconhecido na TV. Mas além disso: é uma oportunidade de projetar o espetáculo para o Brasil inteiro, mostrando que as escolas de samba interessam e merecem ser acompanhadas de perto para além dos desfiles da Sapucaí“, afirma Gabriel David, que atuou na criação de conteúdo e direção audiovisual da atração.
O produto final é resultado de esforços do Departamento de Marketing da Liga Independente das Escolas de Samba do Rio (Liesa), em parceria com a Band.
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‘Protagonistas’ pretas
Com três décadas de esforços dedicados à dança como porta-bandeira, Selminha Sorriso já vinha, antes do “Samba Coração”, emprestando as próprias habilidades à iniciativas que projetam as Escolas de Samba nos meios de comunicação.
Durante a pandemia, por exemplo, apresentou transmissões ao vivo que ajudaram a manter o “povo do samba” mobilizado pela internet. De lá para cá, também conduziu eventos e cerimônias e demonstrou interesse em trabalhar como atriz.
Agora, a sambista afirma que a estreia na Band simboliza uma “reparação histórica” às pessoas negras do mundo do samba que não se viam representadas na TV e, a partir do dia 10, vão poder assistir a uma mudança de paradigma. Não só no lugar de protagonismo devidamente entregue a duas pessoas negras, mas também na percepção sobre quais funções atreladas ao Carnaval podem ser repassadas às mulheres:
“É um privilégio mostrar o quanto essa gente preta, sambista e intelectual, venceu. Será um ganho ter na TV duas mulheres pretas, com origem em comunidades, ajudando a amplificar a voz do povo preto e das mulheres pretas. Há uma imagem que se manteve distorcida por muitos anos e, agora, ganha força“, afirma Selminha Sorriso.
“Com isso, vamos tratar de histórias, sonhos e talentos que antes ficavam invisibilizados. Mostraremos, por exemplo, que as mulheres do samba dançam, mas também pensam, dialogam e comunicam. E, assim, muitas outras portas também vão se abrindo para personagens pretos“, completa.
Evelyn Bastos, que cruzará o Sambódromo em fevereiro como rainha de bateria pela nona vez, faz coro à Selminha. Ela reverencia a porta-bandeira e, agora, parceira de “Samba Coração” e destaca que sonhava em apresentar um programa de TV.
“Quem nunca teve o sonho adolescente de ser apresentadora de TV? Estou curtindo cada momento desse projeto, que vai mostrar a importância da representatividade de duas mulheres pretas e de localidades periféricas. E é muito bom estar cumprindo essa missão ao lado da Selminha, a quem eu sempre admirei“, destaca Evelyn Bastos.