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Rouge estreia show com repertório do “5”: setlist, vídeos e detalhes da noite aqui


(Foto: Carol Carminha)

Três dias após o lançamento de músicas novas, com o EP “5”, o Rouge comandou a festa “Chá da Alice” no Rio de Janeiro, com um show inédito, na madrugada desta sexta (12/10). O momento era simbólico para elas: foi nessa mesma festa (voltada para o público LGBT), na mesma casa de espetáculos, o Vivo Rio, que a girlband retomou suas atividades há exatamente um ano, após um hiato de mais de uma década. Elas se dão conta do aniversário cerca de uma hora antes de subir no palco. “Um ano!”, repete Karin impressionada. “Um ano que estamos juntas!”, comemora Lu Andrade, a integrante que abandonara o grupo no auge do sucesso e só voltara a falar com as outras integrantes em 2017. Quem vê, não diz. Parece que elas nunca se afastaram ou deram uma “pausa”.

O grupo sobe ao palco por volta de 2h da manhã – uma hora depois do previsto. As cinco demoram a ficar prontas, com os figurinos novos, e ainda atendem dezenas de fãs no camarim antes da apresentação. Todas estão muito concentradas. Fantine Tho demonstra sinais de nervosismo e preocupação com o horário: “vamos, gente, temos um show a fazer”, diz, apressando as outras. O público entrou na casa às 23h. Aline Wirley, Lu Andrade e Li Martins estão mais tranquilas e curtem cada momento. Todas gravam um vídeo cantando “Um Anjo Veio Me Falar” para uma fã que está fazendo tratamento contra um câncer. O empresário e a assessora apressam. O frisson é geral. É tudo novidade para todo mundo: além das novas faixas (você confere vídeos de todas elas no fim da matéria), apresentadas pela primeira vez ao vivo, há novos arranjos para grandes sucessos, novos medleys, coreografias inéditas e diferentes marcações de palco. Há mais gente envolvida no mise en scéne também.

O show começa com uma tropa vestida de branco ocupando todo o cenário: homens, mulheres, cisgêneros, transexuais, brancos, negros. Todo mundo entende: vem “Dona da Minha Vida”. É a mesma estética do videoclipe, visto 8,1 milhões de vezes em um mês e meio. Mensagens contra intolerância, preconceitos, misoginia e machismo aparecem no telão. O Rouge nunca foi tão político quanto nesta abertura. De trás de cinco cortinas brancas, marcando as silhuetas das integrantes, surgem Aline, Fantine, Karin, Li e Lu com botas e figurinos prateados. Na plateia, o número de câmeras e celulares levantados sobre as cabeças quase impossibilita que os mais baixos vejam algo. Os fãs do Rouge, crianças e adolescentes em 2002, cresceram e o mundo se digitalizou: com as redes sociais, a forma de assistir a um show se transformou. Agora filma-se e assiste-se a tudo por telas. Vai entender nossa raça humana.

É o Rouge de sempre ali: música pop, coreografia, vozes afinadas e potentes e muita alegria. Mas também é outro: você nota que está tudo menos colorido, há um punch pesado, Fantine logo pega a guitarra e a segunda música, “Blá Blá Blá”, parece conversar com o panorama político, externando o que todos aqueles fãs temem com a iminência de um presidente homofóbico. O público canta com paixão e fúria versos como “quanta gente intrometida de repente apareceu” e “ninguém vai me dizer o que eu devo fazer”. E, tanto tempo depois, a plateia ainda sabe a coreografia, estourada em 2004.

(Foto: Hugo Pontes)

Em meia hora de show, elas já cantam três músicas novas – além de “Dona da Minha Vida”, estão ali também “Te Ligo Depois” e “Sem Temer”. Para “Beijo na Boca”, ela contam com participação do novato Vitão no palco (ele também cuida de um interlúdio enquanto elas trocam de figurino). Mas é “Sólo Tu”, guardada para a última parte da apresentação, que realmente move o público, que canta alto e demonstra aprovação. Até parece ser um dos hits antigos, e não uma música com menos de uma semana de lançamento. Elas ficam muito felizes, não escondem a emoção com a aceitação e pedem para cantar de novo, a cappella, para ouvir os fãs. Do palco, mandam recado para a Sony Music: precisam fazer um clipe para essa faixa. A plateia vibra.

Do repertório consagrado, elas priorizam as músicas do primeiro disco, o mais vendido da carreira. O show conta com oito das 14 músicas desse álbum. Há ainda quatro do “C’est la Vie” (2003), três do “Blá Blá Blá” (2004) e cinco do “Mil e Uma Noites” (2005). Os sucessos ganham arranjos diferentes. A apresentação é dividida em blocos – dançante, romântico, sensual, acústico e nostálgico, com duas trocas de figurinos (o segundo é o mesmo da abertura do “Chá do Rouge” de 2017). Antes de “Ragatanga”, que ganha uma nova roupagem, Karin brinca, imitando Anitta: “vocês pensaram mesmo que a gente não ia mexer a bunda hoje?”. Depois de “Onde Está o Amor” e “O Amor É Ilusão”, canções do último disco, Li revela que o grupo decidiu incluí-las na setlist após ver pedidos de fãs nas redes sociais.

“As próximas músicas são muito especiais para a gente e não podem faltar no show”, ela diz, a” gente sabe que também são especiais para vocês”. O grupo canta dois clássicos, “Um Anjo Veio Me Falar” e “Nunca Deixe de Sonhar”. Outro momento emocionante. Fãs levantam cartazes, lanternas dos celulares e placas que imitam os números de identificação delas nas audições do “Popstar”, o programa de TV que selecionou uma a uma para a girlband. Aline chora. Li repete “muito obrigada” várias vezes. Fantine tenta olhar para o rosto dos fãs o máximo possível. Falta pouco para o show acabar. A noite passa rapidamente. Mas são mais de 3h30 da madrugada. Para encerrar, o grupo repete “Dona da Minha Vida” e, desta vez, o público preocupa-se mais em cantar e imitar a coreografia nova do que fazer vídeos com os celulares. Talvez porque as baterias já estejam no fim. Mas a energia, não. Fantine ainda divulga o nome do hotel em que estão hospedadas para que os seguidores possam ir encontrá-las no dia seguinte. É feriado. Dia das crianças. “Vocês cresceram, mas eu olho daqui e vejo os olhos de crianças olhando pra gente”, ela diz, encantada.

SETLIST
1. Dona da Minha Vida
2. Blá Blá Blá
3. Te Ligo Depois
4. Quero Estar Com Você
5. Não Dá Pra Resistir
6. Sem Temer
7. Eu Quero Acreditar
8. 1000 Segredos
9. Sou o Que Sou
7. Pá Pá Lá Lá
8. Depois Que Tudo Mudou
9. Beijo Molhado
10. Beijo na Boca (com participação de Vitão)
11. Música do Vitão
12. Ragatanga
13. Intervalo: duas músicas do Vitão (Rouge fora do palco)
14. Popstar / Uptown Funk (cover Mark Ronson e Bruno Mars) / Vem Dançar (Let’s Dance)
15. Bailando
16. Brilha la luna
17. Eu Quero Fugir / Cidade Triste
18. Onde Está o Amor / O Amor É Ilusão
19. Um Anjo Veio Me Falar
20. Nunca Deixe De Sonhar
21. Vem Habib / Baby Boy (cover Beyoncé e Sean Paul) / Vem Cair na Zoeira
22. Sólo Tu
23. Dona da Minha Vida

Confira vídeos: