O nome de Rita Lee está impresso em todas as manchetes após a triste notícia de sua morte, dada ao público na manhã desta terça-feira (9). A artista, porém, muito provavelmente se incomodaria com o título de “rainha do rock brasileiro” inerente a seu nome. Sempre muito contundente e categoricamente contra convenções sociais, a voz de “Erva venenosa” detestava ser chamada dessa forma e já chegou a dizer que achava “um tanto cafona”. Ela se sentia bem mais confortável quando se referiam a ela como “padroeira da liberdade”.
Foto: Roberto de Carvalho
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A fala, que repercutiu aos montes, foi proferida em uma das últimas entrevistas que a cantora concedeu, em novembro do ano passado. À época, ela estampou a capa de uma edição digital da revista Rolling Stone Brasil em celebração à honraria que recebera no Grammy Awards 2022. Rita fora contemplada com o prêmio “Lifetime Achievement Award”, que enaltecia toda a conjuntura de sua obra artística.
“Gosto mais de ser chamada de ‘padroeira da liberdade’ do que ‘rainha do rock’, que acho um tanto cafona…”, declarou Rita, categoricamente. O primeiro termo, que era visto com bons olhos pela cantora, surgiu após uma exposição que retratava sua prisão e resistência contra a ditadura em 1976 ser exposta no Museu da Imagem e do Som.
“Havia um espaço para quem quisesse escrever um bilhetinho para mim e até hoje estou lendo, de tantas cartinhas que recebi. Fico impressionada com as crianças, que me tratam como ‘vovó Rita’: conhecem músicas minhas, me desenham, mandam cartinhas de amor… e eu fico toda babando”, se derreteu ela, na mesma entrevista.
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Sempre muito certeira em seus posicionamentos, ainda que tivesse a ciência de que causariam polêmica, Rita já chegou a criticar publicamente um reencontro da banda Os Mutantes. A artista permaneceu no grupo de 1966 a 1972, quando foi expulsa da banda e iniciou, então, sua empreitada solo.
Em 2006, a banda promoveu um reencontro e, após Rita declinar o convite de se juntar a eles, a vocalista Zélia Duncan fora recrutada. À época, Rita criticou a retomada da banda: “Desconfio desses ‘revivals’. Parece um monte de velhinhos espertos querendo juntar dinheiro pra pagar seus geriatras”, disse a cantora, em entrevista ao jornal O Globo.
Velório de Rita Lee será aberto ao público, em São Paulo, nesta quarta-feira (10)
Rita Lee, que vinha fazendo tratamentos contra um câncer de pulmão diagnosticado em 2021, faleceu aos 75 anos na noite desta segunda-feira (8), em sua casa, em São Paulo. A notícia foi dada na manhã dessa terça (9), através de um comunicado oficial no Instagram da artista.
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O velório, que acontece nessa quarta (10), de 10h às 17h, no Planetário do Parque Ibirapuera, também na capital paulistana, será aberto ao público. À pedido da própria, o corpo será cremado e a cerimônia será particular.
