Ao início do penúltimo dia do Rio2C, o maior evento de criatividade da América Latina, neste sábado (15), o k-pop ganhou espaço no painel “Masterclass – k-pop, um fenômeno local de alcance global”. A palestra mesclou experiências e análises de duas especialistas em cultura Hallyu: a fundadora da revista especializada em cultura sul-coreana Hit!Magazine, Carolina Steinert e a advogada de Propriedade Intelectual (PI) e escritora, Ana Clara Ribeiro. O evento acontece na Cidade das Artes, Zona Oeste do Rio de Janeiro.
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Diante de um público misto entre apaixonados pela música oriunda da Coreia do Sul e leigos que pretendiam se inteirar no tema, Carolina e Ana Clara debateram a respeito de como o gênero musical, estritamente local, rompeu barreiras geográficas e ganhou estrutura de fenômeno mundial. No bate-papo, grandes cases de sucesso como BTS, BLACKPINK, EXO, TWICE, Red Velvet e Stray Kids não ficaram de fora.
Cada qual com sua trajetória no nicho, as duas são fortes figuras na disseminação da cultura Hallyu no Brasil. Essa se refere ao sucesso comercial dos sul-coreanos a nível global, no que tange os pilares artísticos, culinários, culturais e de produtos de cuidados pessoais. O termo surgiu na década de 90, quando um grupo de jornalistas chineses notaram o impacto da cultura sul-coreana na China.
Ana Clara destacou o movimento de a Coreia do Sul conseguir exportar com êxito a sua música a nível global, sobretudo o k-pop. E, nesse âmbito, credita o mérito aos fãs do gênero, que são apaixonados e acompanham ávida e fielmente cada passo dos artistas englobados no estilo musical.
A advogada exalta o caráter engajado dessa comunidade de fãs, mas traz o contraponto de como são subestimados e muitas das vezes “ridicularizados” por fãs de música ocidental e até pela própria indústria. Ela ressalta que, inclusive, a maneira como se comportam é um dos fatores que influenciam as estratégias de Propriedade Intelectual das empresas.
“O que eu destacaria no quesito de estratégias utilizadas na indústria do k-pop seria um empenho maior em criar uma experiência mais imersiva para os fãs. Vejo que criam mais oportunidades e pontos de entrada para que os fãs conheçam, se encantem e fiquem. E, para isso, há todo tipo de estratégia: de criação, de comunicação, e de Propriedade Intelectual”, analisa Ana Clara.
Nesse ínterim, ela expõe as particularidades e peculiaridades dos fãs de k-pop, como o fato de serem grandes consumidores de mídia física, como CDs e vinis, algo que não apresenta tanta força hoje na cultura ocidental. Ela e Carolina explicam que os fãs, na verdade, se importam com todo o ‘packaging’ que é pensado: não apenas o disco, mas o que vem junto a ele, a exemplo de pôsteres e fotocards, o que esse público valoriza muito.
Ana Clara e Carolina defendem, ainda, a ideia de que o público brasileiro de k-pop deveria ser mais agraciado com produtos físicos licenciados, shows do gênero e mais veículos de mídia focados em música pop coreana, uma vez que já se provou que há demanda.
“É louco pensar que em 2019 o BTS vendeu duas noites de Allianz Parque, em São Paulo, em uma época em que o grupo nem vendia discos no Brasil. Imagina se isso acontece hoje, quando se tem uma procura e adesão muito maiores?!”, questiona Ana Clara, que expressa o seu desejo de ver os fãs brasileiros de k-pop mais assistidos e “alimentados” pelo mercado daqui.
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Carolina Steinert, CEO da Hit!Magazine, é dona de uma vasta experiência quando o assunto é k-pop e cultura sul-coreana. Imersa no nicho desde 2012, ela já cobriu e até organizou vários eventos voltados a essa cultura, além de ter entrevistado vários dos artistas pertencentes a ela. Assinou textos autorais no primeiro blog sobre música pop coreana da revista Todateen, entre 2018 e 2019, e chegou a ser nomeada como ‘K-Culture Supporter’ pelo Consulado da República da Coreia do Sul no Brasil em 2022.
A Hit!Magazine, hoje, conta com alguns colunistas além dos textos assinados por Carolina. Apesar de ter por enfoque a disseminação da cultura pop sul-coreana, a revista cobre outros gêneros musicais.
Ana Clara Ribeiro, além de advogada de Propriedade Intelectual (PI) na Baril Advogados e gerente de conteúdo e PI na Music Tech SPARWK, consolidou-se como uma das primeiras brasileiras a escrever sobre k-pop para veículos internacionais.
Além de compor a equipe de escritores do site KultScene, especializado em cultura coreana, Ana já teve suas críticas musicais publicadas por outros veículos dos Estados Unidos, Inglaterra, Coreia do Sul e Brasil. Um dos focos de suas pesquisas é a relação entre a PI e a indústria musical, com ênfase em k-pop e no grupo BTS.