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Rincon Sapiência questiona o acesso de brancos e negros à diferentes culturas no clipe de “Bon Voyage”, gravado em Paris


Foto: Mouky

Enquanto prepara novo álbum, Rincon Sapiência soltou nesta sexta-feira (26) um aperitivo do que vem por aí: a inédita “Bon Voyage (Crioulo em Paris)” foi gravada durante sua primeira turnê internacional ao lado do DJ Mista Luba e chega acompanhada de um videoclipe gravado na “Cidade Luz”, com direção de Chino e Mouky para a Lazy House Films. A faixa levanta o debate sobre a desigualdade de oportunidades entre brancos e negros quanto à possibilidade de viajar e conhecer o mundo. Ao mesmo tempo, ressalta a importância do tema da ascensão por meio da arte independente, que levou o rapper paulistano a cruzar o Atlântico para mostrar sua arte no velho continente.

A viagem, que passou por diversos países em 2017 e marcou o lançamento do premiado álbum “Galanga Livre” em terras europeias, inspirou o Mc, produtor e empresário a registrar suas impressões sobre uma das metrópoles mais cosmopolitas do mundo, Paris, onde o clássico e o moderno se fundem na arquitetura, na música e na moda. A vivência de Rincon nas ruas parisienses desperta imagens que fogem aos clichês sobre a capital francesa, destacando as fortes influências das culturas africana, árabe e asiática, que se estendem desde a culinária até a própria organização espacial da cidade em bairros étnicos.

Assumindo a figura de um imigrante, o artista aborda o tema problemático da xenofobia presente em países como a França, onde a entrada e permanência de estrangeiros é pauta constante de debates públicos. Entre “giros e closes”, em “Bon Voyage (Crioulo em Paris)” Rincon Sapiência foge de uma narrativa deslumbrada sobre a metrópole, trazendo uma reflexão sobre a sua composição multiétnica, onde a beleza e a desigualdade convivem juntas. Nada muito diferente do Brasil deixado para trás pelo rapper, que declara o seu saudosismo pelo o que lhe faz falta por aqui, desde a comida brasileira até os amigos da Cohab 1 – bairro onde nasceu e cresceu, em São Paulo – permeada por temores sobre o futuro do país em meio à crise político-econômica que se instaurava à época.