Artistas nem sempre viralizam nas redes sociais por conta dos seus trabalhos. Às vezes polêmicas, discussões sobre a vida pessoal e opiniões banais sobressaem ao trabalho.
O rapper, produtor musical e empresário Rincon Sapiência publicou em sua rede social uma reflexão sobre o tema: “Ultimamente quando rola um barulho na internet envolvendo artistas é sobre qualquer coisa menos arte. Trampando meu disco cheio de orgulho e entusiasmo, mas quando olho para o mercado só consigo me achar maluco”.
Para o POPline.Biz é Mundo da Música, Rincon Sapiência compartilhou a sua visão sobre como a arte está sendo tratada nas redes sociais.
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Para começo de conversa, Rincon diz que não acredita que o formato contemporâneo de artista seria deturpado, porque existe execução da arte por partes desses artistas e isso tem o seu valor artístico.
“O grande detalhe é sobre o destaque e aquilo que o artista precisa fazer para chamar atenção e estar bem posicionado está cada vez menos ligado à arte. Você pode reparar que um artista que está em evidência, essa evidência traz dinheiro, que traz recurso, mas muitas das vezes esse recurso não é aplicado em arte. O artista sabendo que ele precisa fazer para se ter engajamento, ele aplica em tudo sobre coisas da vida pessoal. O artista contemporâneo acaba aplicando em outras coisas, porque todo mundo busca resultados e os resultados não estão aplicados em outra coisa. Então, aquele artista que é mais caprichoso, tem aquele preciosismo, isso acaba virando um ponto para ele, mas não um ponto que vai te trazer devolutivas no que ele está entregando”, reflete Rincon Sapiência.
Rincon ainda completa que não é somente sobre arte e para trabalhar nos dias de hoje é preciso ter essa noção.
“Quando a gente pensa nesses outros pontos que a gente precisa se engajar mais o público acaba saindo muitas vezes do nosso eixo. Nem todo artista é um bom comunicador e tem essa expertise de pegar uma câmera e falar, a gente precisa se adaptar já que a gente procura bons resultados fazendo. Mas, de fato, hoje em dia não se exige somente arte do artista e nem todo artista tem expertise para fazer outras coisas. Muitas vezes aquele artista muito bom com muita técnica mesmo tendo todo esse refinamento ele acaba ficando deslocado por não ter essas expertises que o mercado exige da gente.”
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Para Carol Jafet, manager de Rincon Sapiência, os artistas encontram muitos pontos desafiadores para comunicar a sua arte. Ela diz que quando o artista consegue se manter interessante, preservando a sua autenticidade, a audiência percebe o valor que ele gera, tanto no seu discurso quanto na composição de suas músicas, nos shows, na estética especial, na comunicação visual e tudo que ele comunica nas redes sociais.
“Isso tudo vai agregar um valor na carreira do artista. Então, faz com que ele seja lembrado pela sua autenticidade. Os programadores de festivais e casas de shows geralmente tem esse artista diferenciado na sua programação, mesmo que ele não tenha os maiores números, esse valor agregado à carreira do artista, ele é lembrado e convertido numa agenda de shows legal, na imprensa consultar esse artista e ter o discurso desse artista, audiência que sempre retorna às suas playlists e divide também com os amigos esses lançamentos”, explica Carol Jafet, manager de Rincon Sapiência.
Carol Jafet diz que a comunicação do Rincon Sapiência é pensada para sua carreira de longo prazo. As redes sociais hoje em dia fazem parte da vida das pessoas e a comunicação do artista também faz parte disso.
“A nossa preocupação é que o Rincon essencialmente é que ele comunique pautas que estejam relacionadas diretamente à vida, à realidade dele. As pesquisas do Rincon, o fato dele ser um homem preto periférico, aqui da Zona Leste de São Paulo, faz com que a realidade dele seja essa determinada e a gente divide um pedacinho dessas experiências com a nossa audiência, nossa comunidade, nas redes sociais”, pontua Carol Jafet.
“Esse trabalho constante é de construção, tanto é que hoje em dia muitas pessoas conseguem falar da história do Rincon de tanto que a gente repete muitas coisas nas redes sociais e comunica as mesmas pautas várias vezes. Isso é construção de base. É claro que a gente traz novidades e outros assuntos, mas no geral quem acompanha o Rincon sabe falar dele, que é um pesquisador voltado para o continente africano, que tem muitas pesquisas voltadas ao continente africano, que ele é um artista que tem um recorte de afrobeat muito especial no trabalho dele e da autenticidade dele”, conta Carol Jafet.
Para continuar com a energia em alta similar com a que existia no começo de sua carreira, Rincon revela que resgata a memória de quando ele fazia as coisas e, mesmo não tendo aquele retorno esperado, tinha orgulho de cantar e mostrar a música para as pessoas.
“A forma que eu procuro cuidar da saúde mental, aliás, uma das formas, e o artista precisa ter esse cuidado, o que eu tento fazer é me deliciar com as coisas que faço, curtir o processo, ter orgulho… Não só fazer alguma coisa pensando em ‘mercado, mercado’, curtir o processo, curtir as pessoas que estão juntos, a composição, quando vira somente uma entrega para as pessoas, você acaba minando a aquela energia gostosa que é fazer arte”, declara Rincon.
“Por mais que eu pontuei meu ponto de vista refletindo e vendo algumas coisas ligadas às artes que não estão somente relacionados à arte, eu criei esse ponto de reflexão, mas por mais que eu tenha criado esse ponto de reflexão, eu estou curtindo esse processo, as pessoas que estão comigo, por mais que eu tenha pontuado isso, me sinto ainda seguro e feliz fazendo o que eu faço e confiante com o trabalho novo que estou produzindo”, completa.
Sobre o próximo trabalho de Rincon Sapiência, Carol Jafet, revela, em primeira mão para o POPline.Biz é Mundo da Música, que o novo disco será correlacionado com outras manifestações artísticas.
“A gente vai materializar de alguma forma algumas músicas, o disco, esse é o ponto principal. Mas vai ser um disco que vai ter muitas participações especiais e é um disco longo, tem muitas músicas. O Rincon adora álbum, ele adora fazer álbum e é produtor musical do álbum dele. Aliás, de todos os discos e esse também, claro”, finaliza Carol.