Se você está aqui é porque você ama música e dentre vários os poderes do som está o de superação. A música e ídolos podem nos ajudar a transpor problemas, traumas, estimular a aceitação, nos aproximar de semelhantes e criar uma rede de apoio.
“AmarElo”, faixa do Emicida, Majur e Pabllo Vittar, lançada nesta última terça-feira (25) é a mais recente música de uma série de lançamentos importantes que trazem este tipo de conscientização. Que traduzem em melodia e letra o sentimento de muita gente – uma enorme parte que precisa de ajuda iminente, inclusive. Pensando nisso, perguntamos no nosso Instagram Stories “qual música já te ajudou a superar algo ruim?” e o resultado está aí:
Born This Way
A música mais citada é uma das faixas mais importantes da discografia de Lady Gaga. De fato, “Born This Way” (2011) já foi concebida para se tornar um apoio musical à grande parte da audiência da Mother Monster – um dos ícones da nova geração de fãs LGBTQIA. A letra da música fala de aceitação, de não tentar ser quem a pessoa não é, principalmente para agradar a terceiros ou se encaixar em padrões pré-determinados. A Billboard elegeu “Born This Way” como a segunda música em um ranking de “hinos gays” (a primeira foi “I’m Coming Out”, 1980, da Diana Ross).
Ano passado, a morte do modelo Rick Genest, mais conhecido como “Zombie Boy”, presente no videoclipe, trouxe de volta o papo sobre doenças mentais e sobre a importância do debate. “O suicídio do amigo Rick Genest, Zombie Boy é além de devastador. Temos que nos esforçar mais para mudar a cultura, trazer a saúde mental como prioridade e apagar o estigma de que não podemos falar sobre isso. Se você está sofrendo, ligue para um amigo ou família hoje. Nós devemos nos salvar”, escreveu Gaga nas redes sociais. A música dá nome também à uma fundação criada em parceria com a mãe de Gaga que tem exatamente o objetivo de levar informação e tentar ajudar pessoas que lutam contra as doenças da alma.
Indestrutível
Pabllo Vittar está na lista. Antes de “AmarElo”, a drag queen já abordou o assunto superação, auto estima e fortalecimento perante às dificuldades em uma faixa do seu primeiro álbum. Com o clipe de “Indestrutível” (2017), Pabllo colocou o dedo na ferida ao trazer episódios de homofobia vividos por quase que totalidade de pessoas LGBTQIA no Brasil. Lindamente dirigido por Bruno Ilogti e em preto e branco, a história do clipe tocou a todos. “Eu sei que tudo vai ficar bem / E as minhas lágrimas vão secar”, canta logo no início.
Pabllo sempre fez questão em toda a sua curta e poderosa carreira de reforçar que é necessário nos mostrar como somos. A drag é consistente no discurso de empoderamento e, principalmente, de liberdade. “Para mim, cada um deve ter a liberdade de ser o que é, da forma que se sentir bem, seja dentro das denominações ou fora delas. Pode até ser os dois”, solta ela em uma entrevista.
One Last Time
Ariana Grande é outra artista que já falou abertamente sobre os problemas mentais. A cantora sofre de ansiedade crônica, já adiou compromissos e no último ano precisou lidar com grandes baques como atentato terrorista na saída de seu show, morte do ex-namorado Mac Miller e rompimento de noivado. É na música que ela se agarra e não foi por acaso que dois álbuns foram lançados em seis meses.
“One Last Time” (2015) foi ressignificada após o atentado em Manchester dois anos depois do lançamento se tornando um hino em homenagem às vítimas da tragédia. A faixa, que seria sobre um relacionamento frustrado, agora é um tributo de despedida.
Máscara
A letra de Pitty que pede que todos tirem suas máscaras está em quarto na lista. “Ninguém merece ser só mais um bonitinho / Nem transparecer consciente inconsequente / Sem se preocupar em ser adulto ou criança” canta a baiana desde 2003.
Há mais de 15 anos a música é dita entre os fãs como um dos maiores “hinos de superação” e de força já entregues pela cantora. Não há como discordar.
The Climb
“Haverá sempre outra montanha”. A música do filme Hannah Montana é uma das mais queridas da discografia de Miley Cyrus e já te avisa no refrão que sempre haverá algo a ser superado, e está tudo bem. “Eu talvez não saiba, mas esses são os momentos que mais vou lembrar / Eu apenas tenho que continuar / E ser forte”, diz trecho da letra.
“The Climb” foi a oitava faixa mais vendida nos Estados Unidos em 2009 e recebeu certificado triplo de platina apenas meses após o lançamento. Impacto! Por muitos anos a música não foi apresentada por Miley ao vivo, uma decisão que foi alterada em 2017 após um atentado a tiros durante festival em Las Vegas. “Começamos essa semana com uma música que eu não canto há anos. Essas palavras fazem mais sentido para mim agora do que nunca”, disse na época.
Dona de Mim
Iza é outra artista que sempre foi consistente em seu discurso de liberdade, auto aceitação e força. No seu álbum de estreia, a faixa-título representa exatamente esses valores e traz uma letra para levantar a auto estima. O clipe com direção de Felipe Sassi destaca a vida de três mulheres fortes: uma professora que cuida de seus alunos como se fossem filhos, uma jovem mãe solteira que se vira para criar o filho e uma advogada trans que encara o ambiente opressor dos tribunais na busca por justiça.
A música chegou a superar “Ginga”, o segundo single do álbum “Dona de Mim”, logo após lançada. “Essas questões como empoderamento, representatividade, feminismo, racismo, feminismo negro, tudo isso acaba acompanhando meu trabalho – não só porque se fala muito sobre isso, mas por causa a realidade de onde eu venho. Por causa das minhas experiências. Eu falo muito sobre isso, porque se pergunta muito para mim sobre isso! Não é uma coisa de ‘acordo falando sobre isso’. Mas são coisas importantes de serem faladas. Não acho que todo mundo que fala hoje em dia está legitimamente preocupado com essas questões. A gente sabe que muita gente vai na onda. Mas é uma questão de aproveitar o momento para falar sobre coisas que realmente importam. Dito isto, eu acho que eu falo sobre aquilo que eu quero falar”, nos disse em entrevista.
Skyscraper
Demi Lovato é mais uma artista que vem falando há anos abertamente sobre problemas mentais como depressão e vícios. Há várias músicas da cantora que trazem mensagens de empoderamento e superação, mas “Skyscraper” (2011) é a que se destaca nas respostas dos seguidores do POPline. Na letra, Demi confronta seus problemas: “os céus estão chorando / estou assistindo / segurando as lágrimas com as mãos (…) Você pode levar tudo de mim / pode levar tudo o que sou / como se eu fosse feita de vidro / como se eu fosse feita de papel / vá e me faça chorar / eu vou renascer do chão como um arranha-céu”.
“Minha jornada tem sido sobre contar minha história e esperar que ela seja uma inspiração para alguém. Então, quando eu decidi escolher um single que fala sobre se fortalecer e se manter firme como um arranha-céu, foi na esperança de inspirar as pessoas”, disse Demi durante um encontro com os fãs para divulgar a música.
Beautiful
“Beautiful”, Christina Aguilera. Quem ama música pop e acompanha a carreira da norte-americana sabe o peso, importância, valor de representatividade que tem essa música lançada em 2002 no álbum “Stripped”.
Recentemente a The Human Rights Campaign entregou à Christina um prêmio especial por sua contribuição à causa LGBTQ+ e considerou “Beautiful” um “hino empoderador LGBTQ”. “Eu cresço na presença na presença de outros humanos que são orgulhosos de sua individualidade, autenticidade e criatividade. Eu usei piercings quando a sociedade me falou para ter um rosto limpo. Eu beijei garotas quando executivos me falaram que os fãs se afastariam. Eu ajudei a dar atenção a relacionamentos gay e distúrbios alimentares quando eles eram ainda muito tabu. O que eu percebo é que eu não teria o poder de estar onde estou hoje sem a aceitação recíproca desses que, como eu, foram taxados como ‘outros’”, disse em agradecimento à honraria.
Firework
Katy Perry também está em nossa lista das mais citadas pelos leitores e a faixa não podia ser outra: “Firework” (2010). Assim como Katy, Gaga e outras divas da geração pop atual, Katy recorrentemente traz mensagens positivas sobre encarar os problemas, levantar e seguir em frente independente dos demônios que nos assombram. A faixa do “Teenage Dream” já teve seu videoclipe assistido mais de 1 bilhão de vezes, é certificado de diamante nos Estados Unidos e chegou a ser considerada a “nova ‘Beautiful”.
“Espero que esta seja uma daquelas músicas que tipo ‘sim, quero colocar meu punho para cima, me sentir forte e orgulhoso’. Ela tem uma mensagem fantástica (…) Acho que escrever essa música, saber que todos podem ser uma pessoa ‘fogos de artifício’ apenas sabendo acionar a chama dentro de você… sou muito orgulhosa da música. É a minha favorita do disco”, disse durante a divulgação do projeto.
Pretty Hurts
A décima faixa da nossa lista vem da Beyoncé. A artista já cantou muitos, muitos temas desde a época de Destiny’s Child, mas a mais citada foi uma que fala de autoestima. “O belo dói (…) A perfeição é a doença de uma nação”, diz “Pretty Hurts (2013).
Os sacrifícios para se encaixar em padrões são cantados na letra e retratados no clipe. “A gente tenta consertar algo / mas você não pode consertar o que não se vê / é a alma que precisa de cirurgia”, diz outro trecho. “Algumas coisas que as jovens mulheres passam são apenas devastadoras a meu ver. Quando você conseguir esse troféu [de um concurso de beleza] terá valido a pena?”, pergunta Bey em um vídeo de bastidores do clipe. “Essa música representa todas as coisas que as pessoas enfrentam para lidar com a pressão que a sociedade nos impõe, representa também encontrar uma única coisa no mundo que te faça realmente feliz”.