Duda Beat

Resenha: Pabllo Vittar e DUDA BEAT unem forças para celebrar a diversidade em Salvador

Em sua primeira edição, a festa mostrou que as diferenças existem e devem ser exaltadas.

Por Tiago Dias

A recifense DUDA BEAT uniu forças com a drag queen maranhense Pabllo Vittar na festa People, no último sábado, dia 11 de maio, em Salvador. O palco com objetivo de celebrar a diversidade foi a primeira apresentação da drag queen pós turnê internacional. O evento ainda contou com sensação da nova música baiana Attooxxá. No palco secundário, a festa abriu espaço para atrações locais: os Djs Ana Julieta, Omolu e Telefunksoul, além da performance das drags da festa Shantay – coletivo que movimenta a cena drag soteropolitana.

Fotos: Matheus Thierry

O evento começou cedo, no final da tarde a primeira atração do palco principal já estava animando o público. Os atrasadinhos de plantão perderam o início do Bailinho de Quinta, banda baiana que faz releitura de clássicos do carnaval e marchinhas autorais. O trio formado por Graco Vieira, Juliana Leite e Thiago Trad não deixou ninguém parado por mais de uma hora. Com show bastante interativo, a banda convida o público a ser além de mero espectador, com participações no palco durante a famosa “Frevo e folia”, mais conhecida pelo refrão “balança o saco, balança o saco de confete e serpentina”. O show tem até seu momento romântico com a versão de “Espumas ao vento” do cantor Fagner. Foi a hora dos vários casais LGBT’s na festa fazerem suas declarações e dançarem juntinhos. Momento único, o que estava por vir prometia muita euforia.

A atração seguinte, depois de uma pausa comandada ao som do Telefunksoul, foi a DUDA BEAT. Nova no cenário musical, mas já bastante conhecida do público de Salvador. A recifense esteve recentemente em Salvador para shows e cantou no trio da Ivete Sangalo, a qual ela denominou como madrinha. Sobre a ligação com a Salvador, a cantora comentou: “Todo mundo cantando todos as músicas, enfim, se entregando no show. Foi uma coisa muito linda e aí, depois disso, o amor foi aumentando, toda vez que venho aqui tem mais gente cantando junto, o show fica cada vez maior, então, eu amo a Bahia, minha vontade é até de passar uns meses aqui. Fazer disco novo aqui, me dá esse luxo”, brincou a cantora.

Ancorada em primeiro CD de muito sucesso, o aclamado “Sinto Muito”, DUDA BEAT fez um show cantando do início ao fim por toda plateia, muita gente estava ali só para vê-la. A galera acompanhou os hits “Bixinho”, “Bédi Beat” e até a recém lançada “Chega”. Em um dos momentos mais divertido, DUDA ensinou o público a dançar um dos seus trabalhos, “Só eu e você na pista” parceria com Ily. A galera adorou e pegou a coreografia rapidinho. O show ainda contou com a participação do coletivo musical Underismo – grupo formado por jovens baianos oriundos de comunidades carentes que enaltecem a cultura negra periférica. Muito à vontade com o público e com o local, a cantora agradeceu por poder voltar a Salvador e reencontrar amigos.

Com o público ainda em êxtase após furação recifense, Attooxxá subiu ao palco para mostrar o que que os baianos têm. Ninguém ficou parado um segundo sequer. Nem a DUDA BEAT, amiga da banda, deixou de aproveitar um pouco do show. O grupo tem na bagagem um dos hits do carnaval de 2018, “Elvs Gostam”, e “Caixa postal (tum tum) ”que tocou sem parar no último verão. O som da banda flerta com o pagode baiano, axé e outros ritmos regionais. Bom para mexer a ‘raba’ e foi o que fez boa parte do público, enquanto outros se recuperavam para a atração mais esperada, a queen.

O clima era dos melhores, público aquecido após shows vibrantes e intervalo animado ao som de muita música pop e performances das drags do coletivo Shantay. Ao som de Buzina, ato de abertura, Pabllo subiu ao palco e levou o público à histeria. Sabendo exatamente o que estava fazendo, a cantora emendou em seguida “Problema seu”. No meio da música, alguns fãs invadiram o palco, dançarinos tiveram que ajudar, mas nada que atrapalhasse o brilho da apresentação. Era interessante acompanhar o variado público que ali estava e como eles reagiam a cada canção, todas cantadas no mais alto volume, os vittarlovers se dividiam entre admirar o ícone LGBTQIA+ e fazer todas as coreografias do show.

Após turnê muito bem-sucedida na Europa e América Latina, Pabllo pisava em palcos brasileiros a primeira vez depois do seu retorno e parecia ainda mais motivada a fazer todo mundo dançar e curtir seu show. Salvador é rota constante da Pabllo, a drag, que já fez vários eventos na capital baiana, comandou um trio no carnaval deste ano e arrastou uma multidão no circuito barrra/ondina. Durante o show, ela lembrou do carnaval e mandou avisar que ano que vem tem mais. A performance da drag acontece na mais alta voltagem. Ela canta, dança, pula, interage com público, o show levanta até defunto, mas ela não esquece do seu papel de maior ícone LGBTQIA+ da música brasileira, durante seu show e em entrevistas. Em breve papo com o POPline, antes do show, ela fala do valor de vozes atuantes dentro da comunidade: “Eu acho que é cada vez mais importante levar a voz da comunidade LGBTQIA+ para lugares que precisam, eu viajei muito agora, nesses últimos dias, eu percebi que existem muitos lugares, além do Brasil, que são muito carentes de voz e de oportunidades, carentes de amor”, comenta a cantora.

Celebrando a diversidade, a festa People, em sua primeira edição, mostrou que as diferenças existem e devem ser exaltadas. O line-up, das atrações principais, contava com uma mulher nordestina, uma banda formada só por negros e a atração principal uma drag queen. É gratificante ver essas pessoas tendo espaço, serem contratadas e, além de tudo, respeitadas. Durante a festa, dezenas de casais lgbts espalhados e sem nenhum risco de repreensão ou olhares estranhos, muitas drags, transformistas e arte circense. A diversidade existe, persiste e resiste. Axé!

 

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