As projeções para o Reino Unido no mercado de streaming não eram as mais otimistas para 2020, visto que a receita das assinaturas pagas das plataformas havia caído cerca de 10% com relação a 2019. Porém, ninguém contava com o advento da pandemia, o que deu uma “bagunçada” nas previsões pessimistas para o setor.
Incrivelmente impulsionado pela quarentena imposta pela pandemia, o crescimento dos streamings acelerou em grande escala em 2020 na localidade. De acordo com estatísticas do British Phonographic Industry (BPI), o Reino Unido registrou 139,3 bilhões de streams de áudio ao longo dos 12 meses do ano passado. Isso representa um aumento de 25,1 bilhões no volume total de streaming de áudio do UK em relação a 2019, que ficou em 114,2 bilhões.
Com isso, espera-se que a receita anual em 2020 tenha um crescimento com relação a 2019, quando assinaturas de streaming na localidade havia registrado um total de £190,9 milhões, número menor do que o de 2018, quando a receita foi de £210,1 milhões, e também abaixo de 2017, quando o total ficou em de £195,3 milhões, de acordo com estatísticas da Entertainment Retailers Association (ERA). Os dados de 2020 ainda não foram divulgados.
Aumento da concorrência
Além disso, cerca de 200 artistas alcançaram mais de 100 milhões de streams no Reino Unido durante 2020. O que demonstra como o streaming “tornou o acesso à música mais fácil para os fãs, mas também aumentou a competição por atenção”, diz o BPI em nota oficial.
Segundo eles, os 10 melhores artistas de streaming em 2020 alcançaram cada um mais de meio bilhão de streams apenas no Reino Unido. Mas abaixo deles no top 200 havia muitos artistas alcançando mais de 200 milhões de streams, enquanto até mesmo artistas classificados entre 500º – 1000º, alcançaram entre 43 milhões e 21 milhões de streams.
“Um milhão de streams pode parecer muito fora de contexto, mas 8.000 atos diferentes agora excedem esse limite anualmente”, afirma o BPI.
Venda álbuns
Como reflexo do aumento significativo do streaming, as vendas de álbuns no Reino Unido (físico e digital) caíram 23,5% para 27 milhões em 2020. Isso foi menos da metade do número anual visto recentemente em 2017 (59,6 milhões), e menos de um terço do tamanho das vendas totais de álbuns vistas em 2015 (81,5 milhões).
As vendas de CDs tiveram um desempenho particularmente ruim em 2020, caindo quase um terço ano a ano (-31,5%) para 16,1 milhões. Na verdade, as vendas anuais de CDs no Reino Unido caíram pela metade em apenas dois anos, de 2018 (32 milhões) a 2020 (16,1 milhões).
O maior álbum do Reino Unido em 2020 – em termos de consumo em todos os formatos – foi “Divinely Uninspired To A Hellish Extent” de Lewis Capaldi. Em segundo lugar “Fine Line” de Harry Styles, em terceiro “Future Nostalgia” de Dua Lipa.
Ouça “Divinely Uninspired To A Hellish Extent” de Lewis Capaldi:
Em tempo: vinil registra alta mesmo na queda
Se os números não são positivos para o universo da venda de álbuns em geral, o recorte “vinil” no Reino Unido parece se dissociar do gráfico decadente. Isso porque, de acordo com matéria publicada no The Guardian, no final do ano passado, as vendas de vinil aumentaram quase 10% em 2020, e já caminhavam para quebrar a marca de £ 100 milhões, tornando-se o melhor ano desde 1990, quando Sinead O’Connor e New Kids on the Block lideraram as paradas.