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RDD exalta a cultura popular da música baiana no EP “Salcity Sounds Vol 01”

Como abre-alas, produtor lançou o clipe de “Chuva”, nesta sexta-feira

RDD. Foto: Instagram

Foi nesta sexta-feira (18/12) que o RDD lançou seu primeiro EP solo, o “Salcity Sounds Vol 01”, com o desejo de “exportar para o mundo o que há de mais relevante na música popular baiana na atualidade”, como ele mesmo sugere. Explorando todo o swing do pagodão baiano, o álbum surge poucos meses após a explosão de “Me gusta”, hit de Anitta com Cardi B e Mike Towers, produzido pelo artista. O clipe de “Chuva”, lançado na madrugada de hoje, conta com a participações de O Poeta e Não Pode ser Nada, com ares de filme gringo. A música é um ótimo exemplo da potência de RDD em levar ritmos baianos a novas alturas, e conectá-los com a música urbana internacional.

“O grande resultado dessa parada é mostrar que tá acontecendo algo grande na música baiana e que as pessoas tem que se atentar pra essa galera. É uma galera que eu me amarro e que acredito que daqui a algum tempo vai se estabelecer”

O processo criativo foi, de acordo com RDD, surgiu com a colaboração desses artistas. Para as sete faixas, ele conta com o auxílio de A Travestis, Tícia, Raoni Knalha, Fashion Piva, Yan Cloud, Murilo Chester, Supremo e Mano John. “A gente marcou muitas sessões de estúdio e ficou compondo compulsivamente. Eu tenho essas faixas com essa galera, mas eu tenho mais
faixas, porque, a cada sessão, eram duas, três músicas saindo… É só o primeiro passo pra o que vai vir aí mesmo. Um primeiro passo muito bem dado, diga-se de passagem”, comemora.

RDD costumava assinar como Rafa Dias antes deste seu primeiro projeto solo. Conhecido inicialmente por seu trabalho junto ao ÀTTØØXXÁ, ele faz um paralelo sobre a nova empreitada. Agora, mais livre para fazer suas escolhes individuais. “É um raciocínio coletivo de banda, de várias pessoas pensando junto. No RDD, é uma liberdade que eu tenho de explorar mais ainda a Bahia, que não se restringe ao pagode… Sou eu fazendo música baiana de todas as formas que me aparecem e que já estão dentro de mim. E o RDD tem uma linha que tá visando se aproximar da música negra mundial, dentro do afrobeat, dentro da Jamaica. Então, esse primeiro EP, ele vem muito sobre a Bahia, mas o RDD em si é uma forma em que eu vou estar entregando, como produtor e como artista mesmo, um link com o mundo inteiro, sabe?”, conta.

RDD. Foto: Instagram

O flerte com os ritmos africanos são o ponto forte do EP e a marca que RDD quer deixar na cultura nacional. “Estou no processo desde o início do ano me linkando com produtores de afrobeat e dance e house jamaicano, uma galera do reggeaton… Então, estou fazendo esse trampo de me linkar com produtores e artistas negros pelo mundo e fazendo música. Eu acho que a gente vai, dentro desse projeto, fazer esse link com artistas negros que estão exportando música pelo mundo”.

Com seu grupo, Àttooxxá, RDD fez “Elas gostam”, o hit do carnaval de 2018 é participou dos principais festivais do país. Já como produtor, colaborou com nomes como Ludmilla, Pablo Vittar, Major Lazer e Anitta, totalizando mais de 200 milhões de plays em suas produções. As parcerias, claro, continuam como forte característica na discografia do artista.

Confira a entrevista na íntegra:

Em “Salcity Sounds Vol 1” você trouxe nomes da novíssima cena soteropolitana como A
Travestis e Yan Cloud. Como foi a escolha desses colaboradores? O que mais levou em
consideração para escolhê-los?

A escolha dessa galera… É realmente uma galera que tá próxima, eu tenho conversado com todos eles, tenho observado eles produzindo muitas coisas legais e é um desejo meu de juntar essa galera, fazer música e mostrar pra Bahia como pode ser algo bom você se juntar com as pessoas pra fazer música. Porque eu acho que a Bahia é meio… As bandas andam por si só, eles não colaboram entre si, então eu acho que dentro do RDD eu também trago essa linguagem de colaboração, de fazer junto, de fazer som, enfim… A escolha veio dessa admiração minha por eles.

RDD. Foto: Instagram



As parcerias, muitas vezes, permitem que os artistas e produtores misturem diferentes
sonoridades e explorem ritmos até então não muito usados pelos mesmos. Isso aconteceu
no “Salcity Sounds Vol 1”? Para você, o que há de mais interessante em relação a estas
fusões neste EP?

Essas fusões de ritmo… É algo que eu venho buscando durante toda minha carreira, mas quem conhece o ÀTTØØXXÁ sabe que a gente faz isso, mas o ÀTTØØXXÁ tá realmente guinando pro pop mesmo, e dentro do RDD eu me sinto mais livre pra me expressar, pra temas e tudo mais, inclusive, os ritmos… Como eu falei, durante o ano eu vim desenvolvendo esse link com produtores de música jamaicana, de dance-house jamaicano, afro beat, reggaeton… Enfim, de tudo que vem aparecendo da música negra, eu tenho começado a conversar com esses produtores e já estamos fazendo coisas, inclusive, coisas muito muito pesadas, que vão sair mais pra frente… Mas é isso, realmente, o RDD veio pra abrir esse leque de temas: tem música pra maiores de 18 anos, assim como tem funk, trap, junto com pagodão, junto com samba reggae, enfim… São fusões ali que eu acho que aproximam a Bahia do mundo, e traz um pouco do mundo pra Bahia também.



Para você, que já construiu uma trajetória junto ao ÀTTØØXXÁ, e também como produtor, ganhando ainda mais espaço após o lançamento de “Me Gusta” com Anitta, qual a importância de levar junto com você outros nomes importantes da cena de Salvador?

Eu sinto que a música baiana, com esse movimento da indústria, do axé, deixou de fazer essa ponte entre os artistas. Porra, imagina se a gente tivesse visto durante a história da música baiana os artistas colaborando, mais ainda, como não seria a música baiana? Então, acho que chegou o momento em que a gente tem que parar e… Apesar de saber que a música é entretenimento, é business e tudo mais, e eu faço parte dessa leva de produtores que faz música pop, enfim… Estou produzindo várias coisas pra essa galera do pop e eu acho que, não só juntar essa galera, mas também fazer do jeito certo, sabe? De trocar essa ideia clara e transparente, mostrar pra galera que existe um mercado, como é o mercado… Toda vez que alguém chega lá em casa a gente fica levando um papo sobre como desenvolver carreira, e também sobre certas coisas que acrescentam, não só na esfera pública musical, mas também dentro do business, do que a galera chama de game. Então eu sinto que a galera gosta muito de fazer música, mas também não entende muito do processo, então tudo isso eu tento dar uma certa visão pra essa galera.