Com motivos de sobra para compor, Rashid chega ao sétimo trabalho solo de sua carreira com o álbum “Tão Real”. A exemplo do que fez anteriormente em “CRISE” (2018), o músico apresenta o disco novo através de um formato diferenciado; desta vez, a aposta é lançar por temporadas, como uma série, na qual dividirá o álbum em três partes. Com isso, já dá para garantir que o rapper produziu o suficiente para entregar um disco à altura de sua ousadia, que se estende também aos visuais de “Tão Real” e aos vídeos que o acompanham, a começar pelo trailer de anúncio, que recebeu tratamento de cinema.
Para este novo, Rashid compila as melhores características reveladas em seus discos passados, como a profundidade na rima de “Confundindo Sábios”, a arquitetura instrumental de “A Coragem da Luz” e seu papel de produtor musical e executivo, cada vez mais em evidência desde “CRISE”.
Em “Tão Real”, escreveu sobre temas abrangentes como é seu costume, observações do cotidiano, reflexões sobre o rap, a negritude, vivências pessoais e também questões impessoais a que todos estamos sujeitos, como ele mesmo sugere quando fala “Mas a minha vida é igual a sua”, na introdução da faixa-título. É neste impessoal que Rashid tenta não definir este trabalho em conceitos.
Uma certa espontaneidade na construção do disco já pode ser sentida na primeira temporada, quando ele se mostra à vontade tanto para explorar as raízes quanto desprender-se delas, à procura de um diálogo comum com estilos variados da música negra através da oralidade do rap. Exemplos disso são as participações de Dada Yute e Lellê em “Todo Dia” e “Superpoder”, respectivamente, nas quais o rapper apresenta flow e lírica para compor desde um reggae até uma harmoniosa balada. Em “Não Pode”, rende-se a um modernoso trap ao lado de Luccas Carlos.