A apuração das notas que revelarão a grande campeã do carnaval carioca de 2024 acontece nesta quarta-feira (14) e um dos destaques no desfile foi a Viradouro. Em entrevista ao POPline, a Rainha de Bateria Erika Januza exaltou a escolha dos enredos da agremiação ao longo dos anos, pois “têm dado luz a verdadeiras joias escondidas”.
Esse é o seu terceiro ano como rainha da Viradouro. Como você se sente ocupado esse cargo e levando, mais uma vez, um enredo tão representativo para a avenida?
Sou apaixonada pelo carnaval e pela Viradouro. Três anos de alegria e emoções intensas. A melhor época do meu ano e a que sinto mais saudades. Os ensaios são como carregadores de energia pra mim, afinal geralmente sempre estou gravando alguma produção simultaneamente nesta época. É muito bom tanto na arte quanto no carnaval poder falar de temas importantes, relevantes. A Viradouro vem trazendo enredos que têm dado luz a verdadeiras joias escondidas, como a história de Rosa Maria Egipcíaca, A declaração de amor ao carnaval. É uma escola que está sempre muito conectada com o feminino e este ano não será diferente, além do culto ao Vudum, também traz a história das Guerreiras Mino. Eu amo aprender e estar integrada a tudo isso.
Falando do enredo, “Arroboboi, Dangbé”, que vai falar sobre o culto da serpente e, também, representar as mulheres negras. Como é representar um tema como esse?
Extremamente importante. O carnaval, que é uma festa tão cheia de representatividade desde sua essência, trazer temas como esse, reforça a valorização do povo negro. Em um momento em que todos os olhares do mundo praticamente estão voltados para o carnaval do Rio, que é uma festa de manifestação cultural tão aclamada. O enredo é super interessante e inovador. Nosso carnavalesco, Tarcison Zanon, sempre traz grandes novidades e sempre de muita importância!
O tema homenageia as mulheres negras guerreiras. Por isso, gostaríamos de saber: quem são as guerreiras que inspiram Erika Januza?
Nossa, são tantas. Desde as mulheres da minha família que não dependem de ninguém pra nada, que sempre foram independentes, a mulheres ao meu entorno, que correm atrás e mesmo com dificuldades e adversidades, dão conta da própria vida. Eu me sinto uma também. Sou independente, corro atrás pra conquistar minhas coisas com muito trabalho, sem passar por cima de ninguém e com muita dignidade.
Muitas vezes, ouvimos pessoas usarem “cobra” como um adjetivo pejorativo. A Viradouro, no entanto, apresenta a força da serpente no seu enredo. Você acha que a escola contribuirá para a mudança desse cenário?
Não creia que mudará esse pensamento pois o hábito de usar esse termo já é exatamente enraizado. Mas acho que vai abrir o olhar para a força e importância deste animal tão misterioso e potente! A Viradouro virá cheia de força e poder!