Aos 23 anos, Oruam desponta como uma das maiores revelações no rap nacional e, no último fim de semana, ele deu um passo adiante em sua carreira ao se apresentar no Lollapalooza Brasil. No festival, ele dividiu opiniões ao usar uma camisa com a foto do pai, como um pedido de liberdade. O rapper carioca é filho de Marcinho VP, um dos traficantes mais conhecidos do Rio de Janeiro. Ele, que foi preso em 1996, segue na chefia do Comando Vermelho, uma das maiores facções criminosas da região. Saiba mais sobre a relação de pai e filho!
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Oruam, batizado como Mauro Davi dos Santos Nepomuceno, nasceu em 2001, cinco anos após seu pai ter sido preso. Ele é filho de Márcio dos Santos Nepomuceno, mais conhecido como Marcinho VP, um dos “donos” do morro do Alemão, Zona Norte do Rio e um dos “chefões” do Comando Vermelho. Oruam é cria da Cidade de Deus, uma das maiores comunidades do Rio.
Marcinho VP, hoje aos 54 anos, era conhecido por chefiar as bocas-de-fumo do Complexo do Alemão. Ele deve somar 44 anos de prisão por condenações de crimes como homicídio qualificado e formação de quadrilha. Ele, que ainda seria um dos maiores controladores do Comando Vermelho, já foi transferido de presídio algumas vezes, já tendo passado por Catanduvas, no Paraná e Porto Velho, em Rondônia.
O rapper não se priva de falar do pai, inclusive, já disse em algumas entrevistas que Marcinho VP vibra com o seu sucesso na música. Ele, porém, enfatiza que ter estourado na cena do rap não tem nada a ver com a relação deles, e sim uma consequência de seu talento. Nas redes sociais e nas letras de algumas músicas, ele externa a dor que sente pela ausência do pai em sua vida.
Além disso, Oruam se refere a Elias Maluco como “tio”. Batizado como Elias Pereira da Silva, ele foi um dos maiores traficantes de drogas do Rio de Janeiro. Após integrar o Comando Vermelho e ser condenado pela morte de mais de sessenta pessoas, o criminoso foi encontrado sem vida em 2020 na prisão em Catanduvas, onde também esteve Marcinho VP. Ele responde, inclusive, pelo assassinato do jornalista Tim Lopes.
O rapper, que tem metade do corpo tatuado, tatuou o rosto de Elias Maluco, além de ter o rosto do pai representado no peito.
Homenagem ao pai no Lollapalooza 2024
No último domingo (24), Oruam, uma das vozes expoentes do rap nacional, se apresentou no Lollapalooza 2024, junto com o TZ da Coronel. Direto do Autódromo de Interlagos, em São Paulo, o rapper chamou atenção não só pelas músicas que não param de crescer no streaming, mas também pela homenagem que fez. Ele vestiu uma camisa através da qual pedia liberdade ao pai, o traficante Marcinho VP, preso há 28 anos. Após uma série de críticas, o artista fez um desabafo nas redes sociais.
Oruam transitou pelos bastidores do festival, deu entrevistas e subiu ao palco Perry’s com a camisa estampada com a foto do pai, que é considerado um dos “chefões” do Comando Vermelho. Preso em 1996, em Porto Alegre, Marcinho VP tem condenações que somam 44 anos de prisão, por tráfico de drogas e homicídios. Nas redes sociais, muita gente não recebeu bem a homenagem feita pelo rapper carioca. “Apenas um grito de um filho com saudades do pai”, resumiu ele.
“Eu fico imaginando quantos pais seu pai matou e quantos filhos sentem saudades”, escreveu um internauta nos comentários da publicação. “E os pais e filhos que através do seu pai não podem mais estar juntos? Faz como?”, reagiu outro. “Calma! Mais 18 anos ele tá solto. Você tem sorte pois ainda pode ver seu pai vivo. Diferente de muitos pais que ele mandou m@tar”, comentou uma internauta.
Em contrapartida às críticas, o rapper recebeu apoio de artistas como Rebecca, MC Maneirinho, MC Daniel, Caio Luccas e MC Marechal.
“Meu pai errou, mas está pagando pelos seus erros e com sobra. Só queria que pudesse cumprir uma pena digna e saísse de cabeça erguida. Que quando chegue sua hora, você possa ter sua liberdade! E que o Estado realmente deixe você vir como é de direito, afinal, todos sabem que você já pagou sua pena. Não tentem tirar de uma pessoa o direito de reivindicar condições melhores pro seu pai, e nem de querer vê-lo em liberdade”, escreveu Oruam, que levou ao Lollapalooza uma pauta que já é constante em suas redes sociais e entrevistas.
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