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Quem é Leo Kret, a artista trans baiana, que está roubando a cena no clipe de “Bola, Rebola”?


“Rainha da fechação”, “Espalhafatosa”, “A Melhor”. São com esses termos que a artista trans baiana de 35 anos, Leo Kret, se descreve e foi assim que se destacou. Ela, que já foi até vereadora da cidade de Salvador, estará no novo clipe de Anitta, “Bola, Rebola”, e você precisa conhecê-la.

Figura cativa e polêmica da Bahia, sempre presente em todos os eventos mais importantes da capital, querida por uma grande parte da população e pelo prefeito de Salvador, ACM Neto. Não tem uma pessoa sequer na cidade que não a conheça, que não tenha ouvido falar daquela que um dia foi bailarina de uma das bandas de pagode soteropolitanas. Entretanto, a relevância de Leo Kret dentro da cena LGBTQI+ de Salvador vai muito além do seu talento para dança.

“A-vocês vão ter que me aturar / E-eu sou quase uma mulher / I-vocês vão ter que me engolir / O-eu sou Leo Kret a melhor / U-eu gosto de…”. Foi com esse “Beabá” que Leo Kret apareceu no gueto de Salvador em meados de 2002, como bailarina do grupo Saiddy Bamba. Por conta de suas performances cheias de energia, Leo logo chamou atenção dos jornais e da TV baiana, o que lhe resultou em fama local rápida. Junto com a exposição, que trás uma série de regalias, Leo também teve que lidar com constantes ataques homofóbicos, que partiram de diferentes camadas sociais, e críticas severas, até mesmo da própria comunidade da qual faz parte.

Em 2008, aos 24 anos, Leo Kret foi eleita vereadora de Salvador com 12.821 votos (quarto maior número de votos nas eleições daquele ano), se tornando a primeira transgênero a ocupar aquele cargo na cidade. Logo no dia de sua posse, ela gerou controversia na Câmara de Vereadores ao retocar sua maquiagem no banheiro feminino, gesto que não passaria de um ato corriqueiro se desempenhado por uma mulher cisgênero. Entretanto, as polêmicas não pararam por aí.

Na mesma eleição, Marcelo Cerqueira, o presidente do Grupo Gay da Bahia, também se candidatou a vereador, mas não saiu vitorioso. Na época, esta questão se tornou pauta da comunidade LGBTQI+, que questionou as intenções de Leo Kret e a verdadeira vocação da então dançarina para política. Jean Wyllys foi um dos que avaliaram a vitória de Leo com cautela:

“Se Leo Kret tivesse prometido leis que tornariam a homofobia crime, permitindo que homossexuais se beijassem e se acariciassem em locais públicos; se tivesse prometido leis que assegurariam o casamento entre pessoas de mesmo sexo e/ou a adoção de crianças por pares homossexuais; ou um serviço de saúde para atender os travestis, será que ela seria eleita? Duvido!,” escreveu Wyllys na coluna que tinha no jornal Correio.

Durante seu mandato, Leo Kret integrou três comissões permanentes da Câmara Municipal de Salvador: Direitos do Cidadão; de Reparação; e de Desenvolvimento Econômico e Turismo. Seu primeiro projeto como vereadora foi um pedido da regulamentação da Lei Municipal 5.275/97, decretada pelo ex-prefeito Antonio Imbassahy, em 1997, que penaliza a prática da homofobia em estabelecimentos comerciais e repartições públicas.

Leo Kret permaneceu na Câmara de Vereadores até 2012, porém não conseguiu se reeleger nas eleições daquele ano. Contudo, se voltou mais uma vez para a vida artística e em 2013 chegou a cantar funk sob a alcunha de MC Leo Kret. No ano passado, ela participou do clipe de Jojo Todynho, “Arrasou Viado”, além de colaborações com outros artistas LGBTQI+ de Salvador, como a parceria musical “Favelada” com a drag queen Nininha Problemática.

Nesse ano, Leo Kret será uma das estrelas que estarão no novo clipe de Anitta, “Bola, Rebola”, que está sendo gravado hoje em Salvador. Através do Instagram, Anitta e Leo publicaram uma série de vídeos diretamente do set de gravações, na Gamboa, onde aparecem nos bastidores e em ação. Ainda não se sabe muitos detalhes da nova música, que é mais uma parceria da carioca com o colombiano J Balvin e os brasileiros MC Zaak e Tropkillaz, que também participaram de “Vai Malandra”.