Projota, rapper paulista, 33 anos. Mario Bautista, cantor mexicano, 23 anos. Orishas, lendária banda cubana, 20 anos só de carreira. Três gerações totalmente diferentes em uma única faixa: “Qué Pasa”, lançada na madrugada desta sexta-feira (25). A ideia do Projota para o primeiro single do álbum “Tributo Aos Sonhadores II” foi cuidadosamente pensada – com um toque de “acaso” – para que “Qué Pasa” soasse como uma união de forças e não como algo desconecto.
“Eu compus a música para eles, entendeu? Não tinha nenhum outro artista que eu imaginava ali… NA-DA. Era Orishas e pronto. Se não tivesse o Orishas, não lançava a música”, nos disse com exclusividade sobre os bastidores da colaboração. Quando ressaltamos que a melodia conseguiu reunir os dois mundos sem soar estranho, o rapper nos contou como tudo foi calculado. “Quando eu escrevi o refrão, escrevi com a melodia na cabeça, com o timbre da voz deles na cabeça. Inclusive eu gravei um teste para mostrar para o meu empresário imitando a voz deles, entendeu? Pra conseguir que todo mundo entendesse o que eu queria com a música”, lembra rindo.
“Fiquei muito orgulhoso de ter escrito esta melodia latina e quando mandei para os caras, a receptividade foi a melhor possível. Sinto que tinha o selo de aprovação do Orishas, mano. Eles já conheciam meu trabalho, eles acompanhavam o meu trabalho.. o Yotuel [Romero], que é o líder da banda, ele é muito antenado. Ele conhece muito de música brasileira, conhece tudo o que está acontecendo aqui”, pontuou orgulhoso – e com razão! Com três indicações à cerimônia principal do Grammy Awards e um Grammy Latino no currículo, as duas décadas de atuação do Orishas ajudou a fomentar o hip-hop latino, serviu de referência para vários artistas nas Américas Latina e do Sul – incluindo Projota.
A união de gerações foi intencional, mas traz ao Projota uma responsabilidade de apresentar o lendário grupo para uma grande leva de fãs brasileiros que nunca ouviram falar no Orishas. Perguntado como ele encara essa responsabilidade, ele disse: “Eu sou um cara, que até nas minhas letras, cito artistas que abriram as portas no rap no Brasil… MV Bill, Racionais, D2, Chorão que não era necessariamente do rap, mas era do rap (risos). Sempre cito os caras porque eles pavimentaram. A estrada era de terra e eles pavimentaram e agora a gente consegue andar de carro. Tem que respeitar, tem que apresentar para a galera que não conhece. E o Orishas é isso. Tem uma galera jovem que não conhece o trabalho deles e que agora pode ver o quanto é bacana e ainda mais… a galera que é daquela época tem recebido isso com uma energia muito positiva. Tipo ‘Cara, mano, Orishas, velho. Sou muito fã’. Isso é muito legal porque eles tem um público grande aqui no Brasil e já tá comprando antes mesmo de ser lançada”.
E o terceiro pilar é Mario Bautista. “Desde que imaginei a música sabia que teria que ter outra pessoa. E pensando em quem poderia chamar, imaginei um artista mais jovem. Alguém que conseguisse unir três gerações. Artistas de três décadas diferentes de nascimento e surgimento e que pudesse trazer o seu público para dentro do projeto. Quando comecei a pesquisar artistas latinos, achava incrível se fosse mexicano, quando o conheci… o achei muito bom, a energia muito boa, a voz muito boa. E comecei a segui-lo no Instagram. Deixei ali alguns dias vendo como eram os [Instagram] Stories dele… E pra acabar, a noiva dele é brasileira! ‘Meu Deus, mano, tem algo aqui. Acho que é coisa do destino. É pra ser esse cara’. Mandei uma mensagem pra ele, ele me respondeu e ele tava do lado da mina dele, ele perguntou a ela sobre mim e ela incentivou a parceria. Foi super simpático, atencioso… mandei a música e deu certo”.
O videoclipe para a música será lançado ainda nesta sexta.