Amizade, superação e música: esses são alguns dos assuntos do ‘Conversa com Bial’ desta quarta-feira, dia 21, que recebe grandes conhecidos do rap nacional. Os músicos Dexter e Afro-X se conheceram na década de 80, na periferia de São Bernardo do Campo, em São Paulo. Após alguns desencontros e surpresas da vida, os amigos se reencontraram no Complexo Penitenciário do Carandiru, após condenações por assalto à mão armada e estelionato, já na década de 90. E foi lá que se juntaram e deram início à banda 509-E, número da cela em que ocupavam.
Com muitos sucessos nos anos 2000, as músicas gravadas falam diretamente com jovens marginalizados e da periferia. Os temas abordam, principalmente, o ambiente penitenciário e os dramas sociais vividos pelos artistas. Em especial sobre “Oitavo Anjo”, Dexter revela: “Essa canção é um manifesto do 509-E, principalmente a primeira parte da letra. O meu som e o do Afro-X serve para isso, para tirar as pessoas da cadeia e evitar que outras entrem lá”.
Além dos rappers, também participam do programa a mãe de Afro-X, dona Neusa, e o juiz Jayme Garcia dos Santos Júnior, que ajudou os artistas durante todo o processo de liberdade. “Quando eu soube que o Dexter estava sob a minha jurisdição, eu já conhecia os trabalhos solos e os do 509-E. Ali, eu vi uma chance de transformar a realidade carcerária brasileira”, conta o juiz.
Dexter ainda comenta sobre a sua relação com a mãe: “Minha mãe demorou uns 4 ou 5 anos para descobrir que eu estava preso. Ela achava que eu estava no Rio, tentando a sorte na música”. O rapper escreveu a música “Rainha do Lar” em homenagem à Dona Neusa, que também lembra dos tempos do presídio. “Sempre tive muita esperança e fé. O pior e o melhor dia são os dias de visita. Levava sempre a comida que ele mais gostava. Antes de passarmos por tudo isso, eu não via o rap como salvação. Isso só aconteceu depois da prisão dele”, conta emocionada.
Com direção artística de Monica Almeida, o ‘Conversa com Bial’ é exibido após o ‘Jornal da Globo’.