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Profissão Label Manager: Gravadora 

Julia Tostes é Label Manager na Warner Music Brasil. Foto: Divulgação

Não há quem não fique ansioso para ouvir o lançamento do seu artista favorito. Desde a notícia que um possível álbum ou single está prestes a ser disponibilizado, os fãs começam a criar expectativa para essa estreia. No entanto, poucos sabem como funcionam os bastidores de todo o processo da concepção de um projeto musical. 

Por isso, o POPline.Biz é Mundo da Música retoma a sua série especial dentro do quadro “Guia MM” que traz referências em atuação no mercado musical para explicar como funciona a rotina, os desafios e oportunidades da sua profissão no nosso setor.

Um dos cargos cruciais dentro de uma gravadora, agregadora ou distribuidora para a viabilização de um projeto musical é o chamado Label Manager. O cargo  tem como função gerenciar as etapas de um lançamento, coordenando todo plano de comunicação e marketing.

Para compreender o papel do Label Manager dentro de uma gravadora,  o POPline.Biz entrevistou Julia Tostes, Label Manager na Warner Music Brasil, que contou detalhes da sua trajetória e visão sobre a sua profissão no mercado musical.

Julia Tostes. Foto: Divulgação

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Como começou a sua trajetória profissional e quais caminhos te levaram até ao cargo de “Label Manager”?

Julia Tostes:  Eu sempre quis trabalhar com a Indústria do Entretenimento. Sou formada em Comunicação Social e desde muito cedo na faculdade procurei oportunidades de estágio que pudessem me inserir nesse caminho.

Quando estava no 4º período, comecei a estagiar na área de Marketing da Globosat. Lá, adquiri uma bagagem muito grande de gestão de marca. Passei também um período pela Indústria de Alimentos como planner de campanhas publicitárias, desenvolvendo meu lado mais criativo. Depois, fui parar na Indústria da Moda, tocando planejamento estratégico de uma marca carioca. 

Fui introduzida ao universo da música depois de formada, quando fazia MBA em Gestão de Negócios. Na minha turma tinha uma pessoa que trabalhava em uma gravadora. Todas as vezes que ela contava algum case ou levava as vivências do dia a dia para a sala de aula eu ficava encantada e sempre me mostrei muito interessada. Até que abriu uma vaga de Label Manager e ela perguntou se eu tinha interesse em participar do processo seletivo. Foram algumas etapas de entrevistas, testes e acabei passando. 

Hoje, vejo que essa diversidade de experiências não só de indústrias, mas também de setores me ajudaram muito a construir um perfil profissional multidisciplinar que o cargo pede.

Como funciona a sua rotina e quais as principais atividades de um “Label Manager”?

JT: As atividades de um Label Manager dependem muito do desenho da empresa em que ele está inserido. Na minha experiência, participo de quase todos os processos que existem para o lançamento de um projeto musical, mas não é exatamente assim que funciona em todo lugar.

A minha rotina hoje é bem diversa e intensa. Depende muito do momento dos artistas e da fase do projeto/lançamento musical. Hoje, participo de quase todo o processo de um lançamento musical. 

A partir do momento que a gravadora e o artista escolhem o repertório, o Label entra em ação para montar o projeto de lançamento que consiste em: definição de público-alvo, objetivos, conceito e comunicação. A partir disso, ele dá início a produção de capa, fotos, vídeo e todos os insumos, com exceção do áudio, que precisam existir para que o single/EP/álbum chegue até o público.

No paralelo, é também responsável pelo planejamento e execução do plano de Marketing do projeto: Como e quando começar a comunicar o lançamento? Quais ações serão feitas? Quais serão as frentes de investimento? Na atual estrutura que eu estou é o Label quem coordena e direciona essas decisões em conjunto com o artista e as equipes internas.

É nosso trabalho assegurar que as informações dos lançamentos vão chegar a todas as equipes envolvidas, desde os Account Managers, que vendem os projetos para os DSPs como Spotify, até assessoria de imprensa e TV, agência digital, influenciadores, etc.

Além dessa parte criativa, existem alguns processos mais analíticos que estão presentes na minha rotina como Label que são: acompanhar as redes sociais para entender as conversas que estão acontecendo em torno do nome do artista, conferir chart diário dos principais DSPs, checar o volume de streams, views e UGC do dia anterior dos últimos lançamentos de todos os artistas do meu cast. Essas são geralmente as primeiras coisas que eu faço e, a partir disso, traço o meu plano de ação para o dia.

Em resumo, eu participo de quase todo o processo de lançamento musical desde o planejamento estratégico do artista, passando pelo brainstorm criativo de conceito, identidade, imagem, desenvolvimento das ações de lançamento até de fato a execução dessas ações e monitoramento dos resultados.

Quando falamos sobre “estratégias digitais” um universo de oportunidades se abre. Quais as principais aptidões que você acredita que um profissional desse setor deve possuir?

JT: Na minha opinião, é uma função multidisciplinar.  É preciso ter uma visão estratégica apurada, mas também ser criativo, organizado, comunicativo e, claro, ser resiliente para lidar com o ritmo acelerado do nosso mercado. A todo minuto, tudo pode mudar e você precisa estar preparado.

De um modo geral, exige muito que o profissional tenha habilidades interpessoais e que esteja sempre muito ligado no que está acontecendo no mercado nacional e internacional.

Você acredita que existe uma “formação ideal” para atuar como Label Manager? Quais os principais desafios que a sua atuação possui hoje e quais as perspectivas de crescimento que você enxerga? O setor está em crescimento?

JT: No geral, a gente acaba encontrando muitos profissionais de Marketing no cargo de Label.  Eu acredito que existem formações que te trazem conhecimentos teóricos que facilitam o seu desenvolvimento na área como, por exemplo, administração ou comunicação, publicidade, mas já trabalhei com Labels que eram formados em jornalismo e outras áreas da comunicação.

No meu ponto de vista, a formação é um ponta pé inicial, mas sua experiência, compreensão do mercado e habilidades pessoais certamente contam muito também. É preciso ter visão e vivência multidisciplinar.

Os principais desafios da minha atuação hoje estão intimamente ligados com o nosso mundo digital. É tudo muito rápido. As oportunidades podem surgir a qualquer momento. Um viral pode surgir do dia para a noite e fazer do seu projeto um sucesso, ao mesmo tempo que um único tweet pode fazer com que você precise mudar meses de planejamento em questão de minutos. É necessário estar muito atento, muito vigilante, consciente e entender com profundidade o contexto, a linguagem dos artistas e dos fãs. Ter responsabilidade social e a consciência de que tudo que a gente planeja e comunica pode ditar e influenciar uma legião de pessoas. São muitos pratos para equilibrar: a expectativa do artista, dos fãs, do mercado e da sociedade. Seu cérebro precisa estar sempre ligado, absorvendo e tratando informações que podem ser usadas como ferramenta de trabalho.  

Ao mesmo tempo que desafiadoras, essas transformações rápidas trazem muitas oportunidades. Por fazer parte do início ao fim de um projeto, você adquire muito conhecimento e se conecta com diferentes esferas do mercado da música e do mercado criativo. Isso abre muitas portas, gera muitos insights para o desenvolvimento dos seus projetos.

Principalmente falando do Brasil, temos um mercado com grande potencial. Acredito que o papel do Label Manager se torna cada vez mais essencial para esse crescimento e profissionalização. Os artistas, as gravadoras e os selos precisam de profissionais capazes de transformar esse mar de informações e estímulos em ação e resultado positivo.

Por fim, quais dicas você daria para quem deseja fazer uma transição de carreira ou investir na profissionalização para atuar neste setor?

JT: Ouça, observe e pesquise! Esteja sempre atento ao que está rolando, que tipos de ações estão sendo colocadas na rua pelos artistas, quais são as estratégias de lançamento sendo usadas no Brasil e fora. Observe os resultados, se inspire nas ações, nos visuais. Consuma música, clipes, vá a shows. Participe ativamente do mercado, mesmo que como usuário em um primeiro momento, para absorver conhecimento. A vivência da rua é essencial para quem quer atuar neste setor. 

Para entender profundamente o seu público e o espaço que o seu artista ocupa no imaginário coletivo é preciso estar culturalmente imerso tanto no online, quanto no offline. É muito importante que você vivencie a cultura. 

Além disso, busque conhecer quem são os profissionais por trás dos artistas, das gravadoras, dos selos. Participe de painéis e oficinas. Demonstre interesse. Faça network. Fique atento às oportunidades. Acho que essas são dicas muito valiosas para qualquer profissional.

Quer tirar mais dúvidas sobre o universo musical? Conheça agora mesmo o nosso Guia MM, que traz as explicações sobre os bastidores da indústria musical.

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