A falta de troféus importantes para Beyoncé na cerimônia do Grammy 2017 ainda repercute: afinal, a cantora era a líder de indicações deste ano, e poderia quebrar o recorde feminino de vitórias. Muitos veículos afirmam que o eleitorado da premiação é, em geral, um homem branco, de idade avançada e de elite. Isso desfavoreceria artistas negros e a cultura black em geral. No entanto, Neil Portnow, presidente da Academia, rebateu os comentários em entrevista ao site Pitchfork: “não acho que seja um problema de racismo, de maneira alguma. Lembre-se de que essa premiação é feita por meio de votação, não é uma entidade corporativa – são os 14 mil membros da Academia”.
Segundo ele, música e arte envolvem critérios muito subjetivos, e é difícil estipular razões lógicas e objetivas para cada vitória. “Nós fazemos o melhor que podemos”, declarou, “quando você vai votar em uma obra musical – pelo menos da maneira que eu abordo o assunto –, é quase como se você colocasse uma venda nos olhos. É uma questão do que te faz ter uma reação e o que, na sua visão como profissional, atingiu o mais alto nível de excelência naquele determinado ano. E isso é muito subjetivo. É o que pedimos para os membros da Academia fazerem”. Portnow afirma que tanto não existe racismo que Chance the Rapper venceu a categoria artista revelação.
Na entrevista, ele também rebateu o protesto de Frank Ocean, que não quis submeter o álbum “Blonde” à avaliação da Academia, por considerar que ela não representa adequadamente o que acontece atualmente. “Estamos sempre trabalhando em aumentar a diversidade entre os membros, seja no quesito etnia, gênero, estilo ou idade”, declarou o presidente, “para manter nossa relevância, precisamos nos renovar o tempo todo. Nem todo mundo gosta ou quer fazer parte de todo tipo de organização ou de processo de premiação. Eu respeito isso. O que posso dizer sobre Frank é que ele lançou o álbum anterior em um estágio inicial da carreira, e ficamos agraciados com o fato de ele tê-lo submetido à Academia e felizes com o fato de ele ter ganhado o Grammy, de ter estado em nosso palco, o que deu a ele uma plataforma bem no início da carreira. É algo de que nos orgulhamos. Artistas mudam de opinião. De maneira nenhuma critico a decisão dele. Veremos o que ocorrerá no futuro.”