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#POPlineEuroTrip: O que achamos do show da Anitta no Rock in Rio Lisboa?


24 de junho de 2018: uma data que Anitta jamais esquecerá. A tão aguardada estreia da cantora no Palco Mundo do Rock in Rio aconteceu e, como um drible do destino, foi fora do Brasil. Isso mesmo: o primeiro grande show no exterior da eminente carreira internacional aconteceu no palco do evento que rejeita artistas do seu segmento há mais de 30 anos.

O Rock in Rio passou ao longo das últimas três décadas abrindo portas para artistas da MPB, forró, axé, rap, pop… e claro rock, que é a essência do festival. Mas funk e sertanejo, dois segmentos musicais mais populares do Brasil, nas últimas décadas sempre foram rejeitados. O sertanejo, então, criou seu próprio Rock in Rio: o Villa Mix cresce a cada ano e, veja bem, em outubro também chega a Lisboa. Na semana que vem, em Goiânia, o festival terá Shawn Mendes e Nick Jonas no “maior palco do mundo”, título do Guinness Book.

Voltando ao Rock in Rio. Anitta chegou com pé direito no festival após negociar com a família Medina nas últimas três edições brasileiras. No ano passado, a situação ficou insustentável: Anitta foi convidada por Fergie e Jota Quest; teve seus hits ecoados nos quatro cantos da cidade do rock e… os organizadores do evento, finalmente, entenderam que estavam diante da maior estrela pop feminina dessa década. Não levou dois meses para Anitta ser confirmada nesta edição do RiR Lisboa e ser a primeira anunciada para edição de 2019 no RJ. É a primeira vez que um artista pop é anunciado como a primeira atração do gigante. Sentiram o impacto?

Impacto. É essa palavra que define a experiência de assistir a estreia da Anitta no Rock in Rio. Todo drama que ela enfrentou até chegar às 19h45, horário de Lisboa, deste domingo foi transformado em uma celebração. Ela provou com música, dança e respeito às suas origens que é possível alcançar seus objetivos. Anitta caprichou no repertório e investiu no funk em vários momentos da apresentação de uma hora. Embora tenha conversado muito pouco com o público, ela foi certeira no seu discurso: “Nunca me senti tão bem recebida assim”. O público português ama a música brasileira e Anitta conquistou um espaço relevante por aqui. Todos os singles foram cantados em coro pelo público, um orgulho para o Brasil, em especial em tempos de Copa do Mundo, em que o sentimento de patriotismo está a flor da pele.

Sabendo que o show seria com a luz do dia e das limitações impostas pela produção do artista headliner, Anitta avisou na coletiva de imprensa, minutos antes do show, que investiu em estrutura física com elementos móveis para envolver o público. Pela TV, o público estranhou. Óbvio, estamos acostumados com shows grandes à noite, onde a pirotecnia e a iluminação fazem toda a diferença. Isso pode ter comprometido a avaliação do espectador, até porque os shows pop vão além de uma boa voz e uma boa banda. A experiência visual é uma parte essencial da orquestra.

Explicado isso, precisamos falar sobre o conceito do show. “Made In Brazil”: é assim que a Anitta está chamando o espetáculo que passará por Paris e Londres nos próximos dias. Sua entrada vestida como Carmen Miranda é uma mensagem explicita: a diva da década de 40/50 é considerada pelo mercado da música como a última brasileira a conseguir uma carreira verdadeiramente internacional. E é com o pedido da benção de Carmen Miranda que Anitta começou o show que será um divisor de águas da sua carreira, afinal qual será o próximo passo? “Ela está jogando WAR. Conquistando território por território. E isso é um processo”, ouvi de um profissional que trabalha com Anitta nos bastidores do festival. E é verdade. Há muitas barreiras para um artista brasileiro ir além do oceano… e Anitta, hoje, venceu mais uma. Mais um território conquistado: o Rock in Rio Lisboa.